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Bairro Carmelita de Viena ganha novo fôlego com mistura cultural de seus habitantes

KIMBERLY BRADLEY

New York Times Syndicate

11/10/2010 08h51

Há um século, o Karmeliterviertel, ou Bairro Carmelita, em Viena estava repleto de vida judaica. Em Leopoldstadt, o segundo distrito de Viena, na margem oposta do Danúbio em relação ao centro da cidade, a praça do Karmelitermarkt era tomada por compradores. Ao longo da próxima Taborstrasse, teatros e cafés judeus opulentos forneciam o entretenimento.

Nas décadas seguintes, o bairro, assim batizado devido a uma igreja barroca carmelita na praça, ganhou uma pátina suja e negligenciada. Mas por volta da última década, a área se transformou em uma das poucas no mundo, fora do Brooklyn e Tel Aviv, onde boêmios caminham lado a lado com grupos de judeus ortodoxos – os primeiros comprando chutney da banca Slow Food Vienna’s no mercado, os últimos comendo matzo com homus no Kosherland (Kleine Sperlgasse; 43-1-219-68-86).

  • Josef Polleross/The New York Times

    Jardim no Carmelite Quarter, em Viena, na Áustria


“Esta é uma nova Viena”, disse Doron Rabinovici, um historiador e escritor israelense-austríaco, avaliando a mistura cultural enquanto bebia um cappuccino no Madiani (Karmelitermarkt 21-24; 43-664-456-12-17,madiani.com), um popular restaurante georgiano que abriu na praça do mercado em 2005. Juntamente com imigrantes turcos e dos Bálcãs, judeus principalmente do Leste Europeu começaram a se estabelecer na área há cerca de 15 anos. Mais recentemente a demografia expandiu para incluir uma população criativa, atraída pela diversidade e pelos espaços generosos, ainda baratos (a prefeitura também ajudou, quando incluiu uma estação no Karmeliterviertel, Taborstrasse, em seu prolongamento de 2008 da linha de metrô U2).

Esse desenvolvimento não foi exatamente inesperado. “Há anos todos dizem que este seria o próximo local badalado”, disse o arquiteto Gregor Eichinger, que, como Rabinovici, mora aqui há seis anos. “Viena se move em câmera lenta. Eu pensei que iria embora após dois anos, já que nada estava acontecendo. Mas aí as coisas começaram a acontecer.”

Foi mais ou menos quando Horst Scheuer abriu o Skopik & Lohn (Leopoldsgasse 17; 43-1-219-89-77; skopikundlohn.at), transformando uma taverna tradicional em um cantina calma e elegante que atrai tipos de arte. Kaas am Markt (Karmelitermarkt 33-36; 43-699-181-406-01; kaasammarkt.at), um ponto envidraçado que vende especialidades produzidas localmente e serve um excelente almoço, abriu suas portas em março. E as coisas ganharão ainda mais classe em novembro, quando um hotel Sofitel com fachada de vidro, projetado por Jean Nouvel, deverá abria às margens do Danúbio.

“Meus negócios são melhores aqui do que eram no primeiro distrito”, disse Myung-Il Song, se referindo ao elegante centro da cidade. Sua loja, a Song (Praterstrasse 11-13; 43-1-532-28-58; www.song.at), vende moda de vanguarda de grifes como Balenciaga, assim como acessórios do estilista holandês Piet Hein Eek em um vasto espaço industrial que inclui uma galeria. Song, que abriu sua loja há três anos, foi pioneira no varejo da área, que atualmente inclui a colorida loja de vinho 99wines (Praterstrasse 11; 43-1-890-05-76) ao lado.

Historicamente, o primeiro e segundo distritos em Viena sempre foram opostos”, disse Eichinger. “O primeiro distrito era ópera, o segundo era valsa. O primeiro era alta cultura, o segundo popular. Viena olha demais para o passado, mas agora estamos no início de uma nova curva.”