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Veja sete passeios históricos para fazer pela Cidade Maravilhosa

MARCEL VINCENTI

Colaboração para o UOL Viagem, do Rio de Janeiro

22/09/2010 16h45

A Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 prometem mudar a cara do Rio de Janeiro. A Cidade Maravilhosa, apaniguada com a infra-estrutura que tais eventos exigem, tem tudo para se tornar, também, uma cidade ultramoderna. Mas que não seja negligenciado um detalhe: o Rio, além de anfitrião global do futuro, é um depositário riquíssimo do passado. Monumentos que representam a gênese cultural e política brasileira ainda são parte fundamental de sua paisagem.

  • Marcel Vincenti/UOL

    A Praça XV é outro local que reúne grande quantidade de monumentos históricos: além do Paço Real, que foi sede do governo real no Rio, há o Convento do Carmo (onde viveu a mãe de D. João, D. Maria I) e antigas igrejas

O UOL Viagem percorreu a capital fluminense e elaborou um roteiro com sete atrações que, com certeza, irão fazer a cabeça dos fanáticos por história. São, em sua maioria, lugares que surgiram - ou que ganharam importância – após a chegada da corte do príncipe regente d. João em 1808. A arquitetura irá impressionar, o conteúdo irá entreter e a bagagem adquirida será difícil de esquecer. E no final, o visitante chegará a uma conclusão: fazer turismo histórico no Rio de Janeiro pode ser tão divertido como tomar sol em suas praias. Isso é fato. 


1. Museu Histórico Nacional


Uma caminhada por 500 anos de história deve começar com um primeiro passo. E o Museu Histórico Nacional cumpre bem essa função introdutória. Localizada ao lado da Baía de Guanabara, na região central da cidade, a instituição foi criada em 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil. Seu acervo, com quase 350 mil itens, está dividido em três antigos edifícios: o Forte de Santiago (construído no começo do século 17 para a defesa da cidade), a Casa do Trem (que guardava material bélico destinado ao mesmo objetivo) e o Arsenal de Guerra (onde, a partir do século 18, começou a fabricar-se armamentos e munições).


A obsessão pelo resguardo do território, porém, deu origem a uma função talvez mais nobre: o zelo pela importância da história. Atualmente, o MHN exibe preciosidades como um conjunto de antigas carruagens, quadros da família real e, é lógico, os canhões que faziam a defesa da Baía de Guanabara. E tudo protegido por prédios cujas linhas percorrem boa parte da história brasileira: há arquitetura dos períodos colonial, imperial e republicano do país.

 

Serviço
Endereço: Praça Marechal Âncora, s/nº – Centro.
Tel: (21) 2550 9220
www.museuhistoriconacional.com.br
Horário de funcionamento: Das 10h às 17h30 (de terça a sexta) e das 14h às 18h (aos sábados, domingos e feriados).

  • Marcel Vincenti/UOL

    Inaugurada em 1889 como posto aduaneiro, a Ilha Fiscal lembra um castelo de conto de fadas com alma tropical, no Rio de Janeiro


2. Ilha Fiscal

 

Do belo Espaço Cultural da Marinha, situado às margens da Baía de Guanabara, saem semanalmente escunas e micro-ônibus com destino à Ilha Fiscal. O serviço é exclusivamente turístico e o destino irá surpreender o mais viajado dos forasteiros. A Ilha Fiscal é como um castelo de conto de fadas assentado no coração dos trópicos. Sua arquitetura neogótica, com torres a se projetar no céu do Rio, contrasta – e se embeleza ainda mais – com as águas atlânticas que a rodeiam.


O edifício foi inaugurado em 1889 pelo imperador d. Pedro II, como posto aduaneiro. Diz a lenda que, durante uma festa de arromba realizada na Ilha Fiscal, d. Pedro II levou um tombo. Sua reação veio em forma de retórica jocosa: “o imperador escorregou, mas a monarquia não caiu”, teria dito o soberano. Pura ironia, a República seria proclamada seis dias mais tarde.


Hoje, além da fascinante paisagem carioca, o turista pode admirar na Ilha Fiscal imponentes salões mobiliados e obras de arte em vitrais e cantaria. O local também abriga um centro de exposições da Marinha. Navios a cruzar a baía e os aviões que pousam a cada minuto no aeroporto Santos Dumont completam o cenário.

 

Serviço
Endereço: Avenida Alfredo Agache s/n, próximo à Praça Quinze – Centro.
Tel: (21) 2233 9165
Horário de visitas: de quinta a domingo, às 13h, 14h30 e 16h (é necessário chegar com antecedência para comprar o ingresso).


3. Paço Imperial


A história do Brasil tem no Paço Imperial um de seus principais palcos de encenação. Localizado na famosa Praça XV, esse edifício colonial de linhas pouco chamativas já foi palácio dos vice-reis de Portugal, residência da família real, sede do governo real e sede do departamento de Correios e Telégrafos. Eventos como a coroação de d. João VI, a declaração de d.Pedro I do Dia do Fico e a assinatura da Lei Áurea ocorreram no local.


Hoje parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Paço Imperial abriga exposições de arte, apresentações musicais e peças de teatro. Visitá-lo é conhecer história e cultura contemporânea em uma só tacada. O Convento do Carmo, onde viveu a mãe de d. João, d. Maria I, e as pitorescas vielas que se abrem a partir do Arco do Teles, são vizinhos do Paço Real, e merecem fazer parte do passeio.

 

Serviço
Endereço: Praça XV de Novembro, 48 – Centro
Tel: (21) 2215-2622
www.pacoimperial.com.br

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    Localizada na região central, a Biblioteca Nacional abriga cerca de nove milhões de obras

4. Biblioteca Nacional


A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro reúne o maior acervo bibliográfico da América Latina e é considerada, pela Unesco, uma das dez principais bibliotecas nacionais do mundo: a instituição reúne cerca de nove milhões de volumes, muitos deles trazidos de Portugal após a chegada do príncipe-regente D. João em 1808.


Seu edifício atual, inaugurado em 1910, de estilo eclético, exibe uma das mais belas arquiteturas do centro do Rio, e boa parte de seu conteúdo pode ser acessado, gratuitamente, por todos os tipos de estudiosos. Como jóias do acervo destacam-se, entre outros trabalhos, a Coleção Conde da Barca (que reúne mais de 2,3 mil obras dos séculos 17 e 18) e a Coleção Thereza Christina Maria (que reúne dezenas de milhares de obras que pertenceram ao imperador d. Pedro II e família).


Passeios guiados são realizados diariamente, por um preço simbólico, aos meandros da biblioteca, e o turista pode aproveitar a localização privilegiada da instituição (a Cinelândia) para visitar, também, locais como o Cine Odeon e o Museu Nacional de Belas Artes.

 

Serviço
Endereço: Avenida Rio Branco, 219 – Centro
Tel: (21) 3095 3879
Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 9h às 20h.
www.bn.br


5. Quinta da Boa Vista


A Quinta da Boa Vista está longe de ser um Versalhes, mas tem seus encantos. Durante boa parte do século 19, o local foi residência de d. João VI e de seus sucessores, d. Pedro I e d. Pedro II. Com uma área de 155 mil m2, a Quinta abriga, além do Palácio Real, um fascinante recanto natural. Alguns de seus jardins foram projetados, em 1869, pelo paisagista francês Auguste Glaziou e as montanhas do Rio de Janeiro são um pano de fundo perfeito para os lagos que se abrem em meio à paisagem verde.


O palácio, por sua vez, construído em estilo neoclássico, abriga hoje o Museu Nacional do Brasil, um dos mais ecléticos centros culturais do Rio. Suas exposições abarcam áreas de arqueologia, antropologia, zoologia, geologia, etnologia e paleontologia. Em destaque, um meteorito de 5,3 toneladas encontrado na Bahia em 1784.

 

Serviço
Endereço: Avenida Pedro II, entre as Ruas Almirante Baltazar e Dom Meinrado - São Cristóvão.
Tel: (21) 2562-6900
Horário de funcionamento: De terça a domingo, das 10h às 16h.
www.museunacional.ufrj.br

  • Marcel Vincenti/UOL

    Surgido sob iniciativa do príncipe regente d. João, o Jardim Botânico oferece muito contato com a natureza e com a história brasileira


6. Jardim Botânico


As palmeiras imperiais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro são o cartão de visita deste que é considerado um dos principais santuários ecológicos do país. Mas sua riqueza natural vai além: criado sob ordens do príncipe regente d. João em 1808, sob o nome de Real Horto, o Jardim Botânico abriga mais de nove mil espécimes de vários lugares do mundo.


Conta a história que a ideia de D. João foi abrir, no coração do Rio, um lugar onde especiarias trazidas das Índias Orientais (como a pimenta-do-reino e a noz-moscada) pudessem ser aclimatadas. O número de espécies colocadas sob proteção da instituição, porém, iria, ao longo do tempo, transcender tal objetivo inicial.


Hoje, o Jardim Botânico oferece um passeio extremamente variado para aqueles que gostam de estudar a natureza. Além de impressionar a visão com árvores gigantes, o tato com troncos centenários e o olfato com o Jardim Sensorial (que reúne flores aromáticas), o local abriga a principal biblioteca de botânica do país, com cerca de 32 mil volumes. E tudo entremeado por interessantes monumentos históricos, como o Solar da Imperatriz, uma construção de 1750.

 

Serviço
Endereço: Rua Jardim Botânico, 1008 – Jardim Botânico
Tel: (21) 3874 1808
Horário de funcionamento: De segunda a segunda, das 8h às 17h.
www.jbrj.gov.br


7. Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro


A Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro coroa uma das mais charmosas paisagens do Rio de Janeiro: situada sobre uma colina do bairro da Glória, na região central da cidade, ela tem sob sua sombra emblemas cariocas como o Aterro do Flamengo e a Praça Paris. E a história do edifício impressiona: inaugurada em 1739, e dona de bela arquitetura barroca, a igreja caiu no gosto do carola d.João após sua chegada ao Brasil. Nela foram batizados muitos dos membros da família real, inclusive o futuro Imperador d.Pedro II.


Além de oferecer lindas visões da Cidade Maravilhosa, a Igreja da Glória (como é mais conhecida) tem um interior recheado de arte: exibe azulejos pintados em Portugal, pilastras de cantaria e um altar dourado que sustenta a santa que dá o nome à igreja. O lugar é, sem dúvida, um dos melhores mirantes da cidade.

 

Serviço
Endereço: Praça de Nossa Senhora da Glória, 135 - Glória
Tel: (21) 2557 4600
Horário de funcionamento: Das 9h às 17h (de terça a sexta) e das 9h às 12h (aos sábados e domingos).