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Conheça o lado simples e sem retoques de Kansas City, no Missouri, em 36 horas

Prove tapas modernos ao estilo mediterrâneo no Extra Virgin, o mais recente restaurante do titã da culinária de Kansas City, Michael Smith - Steve Hebert/The New York Times
Prove tapas modernos ao estilo mediterrâneo no Extra Virgin, o mais recente restaurante do titã da culinária de Kansas City, Michael Smith Imagem: Steve Hebert/The New York Times

CHARLY WILDER

New York Times Syndicate

13/08/2010 20h15

Kansas City é conhecida por seu churrasco, bebop e charme calmo do Meio-Oeste. Mas um esforço de uma década para revitalizar o centro da cidade transformou essa ex-meca do jazz, que fica na divisa entre o Kansas e o Missouri, de novo em uma metrópole culturalmente rica. A posição da cidade será ainda mais reforçada no próximo ano, quando inaugurar o há muito aguardado Kauffman Center for the Performing Arts, dando um elegante novo lar para a orquestra sinfônica, ópera e balé. É verdade que Kansas City não é um lugar atrasado, mas não espere um lugar refinado. De fato, é o seu lado rudimentar, sem retoque, que pode ser sua melhor característica.

 

Sexta-feira

16h - Crossroads redefinido
A estagnação industrial e o êxodo suburbano nos anos 60 deixaram o bairro de Crossroads quase deserto. Mas graças aos recentes esforços dos defensores das artes e dos incentivos fiscais da prefeitura, o Crossroads Arts District (kccrossroads.org) agora abriga cerca de 70 galerias. Duas das principais pioneiras são a Sherry Leedy Contemporary Art (2004 Baltimore Avenue; 816-221-2626; sherryleedy.com), que é especializada em artistas em meio de carreira como Jun Kaneko, e a Byron C. Cohen Gallery (2020 Baltimore Avenue, Suite 1N; 816-421-5665; byroncohengallery.com), representando vários artistas da China, incluindo o artista Huang Yan. Se for a primeira sexta-feira do mês, muitas galerias ficam abertas até as 21 horas.

19h - Acrescente o molho
As discussões em torno do melhor churrasco despertam tanta paixão aqui quanto religião ou política. Alguns defendem a velha guarda, como o Gates Bar-B-Q (gatesbbq.com) e Arthur Bryant’s (arthurbryantsbbq.com), ambos com múltiplas filiais. Outros atravessam a divisa do Estado até o lado do Kansas, até um relativo novato, o Oklahoma Joe’s (3002 West 47th Avenue; 913-782-6858; oklahomajoesbbq.com), que abriu um segundo endereço em 2005. Ele serve “pulled pork” (carne de porco desfiada) e peito de boi empilhado em pão branco, com um molho que pode ser a amálgama perfeita de doce, defumado e azedo. Custando pouco menos de US$ 19, uma fatia serve duas ou três pessoas.

23h - Além do blues e jazz
Se a cena de música independente da cidade não gera a mesma badalação que as de outras cidades do Meio-Oeste, como Minneapolis ou Omaha, não é por falta de ousadia ou qualidade artística. Bandas locais como Ssion, um grupo punk-arte que mescla gêneros, desenvolvem seu próprio público com shows ao vivo exagerados, em galerias do centro e bares. Ouça os novatos no Record Bar (1020 Westport Road; 816-753-5207; therecordbar.com) e no Brick (1727 McGee Street; 816-421-1634; thebrickkcmo.com). Um dos pontos mais novos é o Czar Bar (1531 Grand Boulevard; 816-221-2244; czarbar.com); ele é de propriedade de John Hulston, que também dirige a Anodyne Records, que conta com Meat Puppets, BellRays e Architects entre seus artistas contratados mais conhecidos.

 

  • Steve Hebert/The New York Times

    O Café Sebastienne, em Kansas City, é um restaurante arejado, com cobertura de vidro, no Museu Kemper de Arte

Sábado

10h - Vida no parque
Dizem que Kansas City tem mais fontes do que qualquer outra cidade exceto Roma. Uma das mais adoráveis pode ser encontrada no Jacob L. Loose Park (51st Street e Wornall Road), um cenário da Guerra Civil, onde a Fonte Laura Conyers Smith, feita em pedra italiana, é cercada por milhares de rosas em cerca de 150 variedades. O parque é popular entre famílias que fazem piquenique e adolescentes dos subúrbios que tocam bongôs.

12h - Verduras da estação
Se o churrasco da noite passada deixou você desejando uma salada, vá ao Café Sebastienne, um restaurante arejado, com cobertura de vidro, no Museu Kemper de Arte Contemporânea (4420 Warwick Boulevard; 816-753-5784; kemperart.org/cafe). Um prato de verduras sazonais com pepino, cebola vermelha, queijo de leite de ovelha e pão árabe grelhado custa US$ 11. Após o almoço, faça uma rápida visita à coleção pequena mas diversa do Kemper de obras modernas e contemporâneas, de autoria de artistas como Dale Chihuly e Louise Bourgeois, cuja gigantesca escultura em ferro de aranha se encontra no gramado da frente.

13h30 - Museu indígena
Em 2007, o Museu Nelson-Atkins de Arte (4525 Oak Street; 816-751-1278; nelson-atkins.org) ganhou destaque nacional quando abriu uma nova ala projetada por Steven Holl. O Prédio Bloch, que contém exposições de arte contemporânea, fotografia e mostras especiais, consiste de cinco blocos de vidro translúcido que criam o que Nicolai Ouroussoff, o crítico de arquitetura do “New York Times”, descreveu como uma “obra de poder marcante”. O museu, cuja entrada é gratuita, também apresentou um conjunto de galerias dedicadas aos índios americanos em novembro. É uma reunião de cerca de 200 obras de mais de 68 tribos, considerada uma das coleções mais importantes de seu tipo.

16h - Costura na 18th Street
O despertar cultural de Crossroads vai além da arte e ingressa na moda. Três butiques que oferecem trabalhos de estilistas em ascensão ocupam um ex-depósito de filme na West 18th Street. Peregrine Honig e Danielle Meister escolhem a dedo lingerie e trajes de banho para vender em sua loja, a Birdies (116 West 18th Street; 816-842-2473; birdiespanties.com). Kelly Allen seleciona uma curiosa seleção de roupas e acessórios de estilistas locais na Spool (122 West 18th Street; 816-842-0228). E Peggy Noland (124 West 18th Street; 816-221-7652; peggynoland.com) vende colantes Day-Glo em um espaço coberto do chão ao teto com animais empalhados.

19h - Tapas do Meio-Oeste
Permaneça em Crossroadas para provar tapas modernos ao estilo mediterrâneo no Extra Virgin (1900 Main Street; 816-842-2205; extravirginkc.com), o mais recente restaurante do titã da culinária de Kansas City, Michael Smith. O cardápio é mais alegre e aventureiro do que o de seu restaurante formal vizinho. E se a decoração chamativa, euro chic, completa com um mural do chão ao teto “La Dolce Vita”, parece se esforçar demais, a clientela de profissionais à vontade que desfruta os pratos inspirados, como a barriga de porco crocante com molho romesco e grão de bico frito, não parece se importar. O cardápio é diverso, assim como a carta de vinhos. Pratos individuais variam de US$ 3 a US$ 25.

22h - Por volta da meia-noite
Ame ou odeie, o ostentoso novo Kansas City Power and Light District (1100 Walnut Street; 816-842-1045; powerandlightdistrict.com) oferece uma variedade de bares, restaurantes e clubes cuja sensação pode ser a de uma festa universitária ao ar livre. Uma alternativa mais inteligente pode ser encontrada em West Buttoms, um bairro industrial que atrai um público mais urbano. O R Bar (1617 Genessee Street; 816-471-1777; rbarkc.com), que abriu em setembro, oferece jazz e bluegrass ao vivo, assim como drinques antigos como Moscow Mule e Mint Julep. Quando chega a meia-noite, vá ao Mutual Musicians Foundation (1823 Highland Avenue; 816-471-5212; thefoundationjamson.org). O endereço lendário abriu em 1917 e jam sessions são realizadas todo sábado até por volta das seis horas da manhã. Por US$ 8, você pode assistir apresentações improvisadas por alguns dos músicos não-descobertos da cidade, no mesmo espaço onde Charlie Parker teve um címbalo atirado contra ele em 1937.

  • Steve Hebert/The New York Times

    Graças aos esforços dos defensores das artes e dos incentivos fiscais, o Crossroads Arts District agora abriga cerca de 70 galerias

Domingo

11h - Viva o brunch
Como qualquer morador local pode lhe dizer, a comida mexicana é importante aqui. Um dos pontos mais autênticos é o Ortega’s Restaurant (2646 Belleview Avenue; 816-531-5415; ortegas.synthasite.com), situado nos fundos de um mercado familiar no centro. Aos domingos, o Ortega’s atrai uma mistura animada de famílias que frequentam a igreja e estudantes de arte de ressaca com seus huevos rancheros de US$ 6.

12h - Achados vintage
Kansas City oferece ótimas compras de usados. Pechinchas são fáceis de achar e os mercados de pulgas ainda não foram explorados por colecionadores de ambas as costas. Pegue uma edição do “The Kansas City Star” (kansascity.com) ou pesquise na Craigslist (kansascity.craigslist.org) para listagens atualizadas de leilões e outras vendas. Melhor ainda, percorra de carro os amplos subúrbios à procura de liquidações de garagem. Mesmo se você não encontrar aquela antiguidade perfeita, passar uma tarde conversando com os moradores amistosos desta cidade em mudança fará você se lembrar que algumas coisas não precisam de renovação.

 

O básico


É recomendado um carro para circular, apesar de como diz uma velha canção, se você tiver que andar, você também chegará lá.

O Raphael (325 Ward Parkway; 816-756-3800; raphaelkc.com), um hotel com 126 quartos em uma mansão neorrenascentista com vista para o Country Club Plaza, concluiu recentemente uma grande reforma, com banheiros de mármore preto, televisores de tela plana e dois salões de conferências espaçosos. E com os quartos simples custando apenas US$ 139, é uma das melhores pechinchas da cidade.

O Q Hotel + Spa (560 Westport Road; 816-931-0001; theqhotel.com), com 120 quartos, abriu em 2007 no distrito histórico de Wesport e se autointitula o primeiro hotel verde da cidade, oferecendo sabonete bom para o meio ambiente, lâmpadas eficientes em energia e serviço de reciclagem no quarto (papel não utilizado é doado para uma escola vizinha). Quartos comuns custam a partir de US$ 107, se reservados com 23 dias de antecedência; caso contrário, custam US$ 137.