Conheça Otavalo, cidade que abriga a maior feira ao ar livre da América Latina

São 4h da manhã de um sábado gelado, em Otavalo, e já se ouve a movimentação dos ferros de aço das barracas e dos carrinhos de mercadorias que cruzam apressados os poucos pedaços de calçada que ainda não foram ocupados. Mulheres se escondem do frio sob tecidos coloridos e vão aos poucos revelando seus produtos escondidos em imensos cestos, enquanto o chão cinza das ruas vai ganhando novos tons. Comidas, grãos, frutas, roupas e artesanato dividem o mesmo espaço.

O relógio marca 5h e o maior atrativo turístico e cultural dessa cidade a 95 km da capital equatoriana já está de pé: a feira de artesanato (e outras inúmeras mercadorias) da Plaza de los Ponchos.

O principal centro comercial local não para e funciona todos os dias, mas é aos sábados que Otavalo se transforma, o comércio se estende pelas ruas transversais e chega a receber mais de mil expositores. A pacata cidade do norte do Equador vira uma grande e única feira ao ar livre, considerada a maior da América Latina.

A praça, conhecida também como Plaza Centenario, foi criada em 1929 e recebia comerciantes apenas aos sábados. No entanto, os povos indígenas da região começaram a mostrar seu talento comercial muito antes, em uma época em que os famosos produtos têxteis de Otavalo já circulavam entre povoados andinos de outros países, antes mesmo da formação do Império Inca.

São aqueles coloridos produtos andinos que mais atraem turistas de todo o mundo, nem os menos consumistas se rendem ao encanto daquele impressionante centro comercial. Entre corredores estreitos, galerias ou no chão mesmo, o visitante encontra chapéus do tipo Panamá, cerâmicas, artesanato, bijuteria de toda a América Latina, vestuário típico, quadros e outras mercadorias mais que o espírito consumista desejar.

Não muito longe dali, em plena Panamericana, uma aglomeração chama a atenção, menos pela muvuca que chega a invadir parte da lendária estrada latino americana e mais pelos produtos que são oferecidos. Essa é a curiosa Feria de Animales, o setor de Otavalo dedicado à comercialização de mercadorias vivas. Tem de tudo: porcos ensacados, bovinos amarrados em árvores, centenas de galinhas brigando por um espaço na gaiola apertada, filhotes de cães e gatos, patos e até os simpáticos cuys, a versão andina do nosso porquinho da índia.

Os produtos oferecidos são, certamente, pouco atraentes para um visitante estrangeiro, mas vale a pena caminhar entre os corredores desorganizados para acompanhar o processo de venda entre indígenas, brancos e mestiços.

No canto direito do terreno, outra 'atração' arrasta curiosos. Um caminhão lotado de mercadorias de diferentes tipos espera os possíveis compradores que participam de um barulhento leilão em que o vendedor estipula um valor e vai acrescentando mercadorias na esperança de alguém levar a (suposta) promoção. Uma simples xícara tem seu lance avaliado em US$1, mas os mais pacientes são capazes de levar seis peças do produto pelo mesmo preço. Leva quem paga mais.

O sol forte que esquentou as milhares negociações durante todo o sábado vai deixando a região montanhosa de Otavalo. São 17h e, aos poucos, a grande feira equatoriana vai se desfazendo. Os sons da manhã se repetem: as barras de ferro voltam para o chão outra vez, os carrinhos transportam as mercadorias que não ganharam o mundo e Otavalo reassume o seu ritmo pacato. Pelo menos até o próximo sábado.

 

Como chegar

Otavalo está ao norte do Equador, a pouco menos de 100 km da capital do país. Do Terminal Terrestre Carcelén, em Quito, ônibus saem, frequentemente, e levam duas horas para percorrer o trecho norte da Panamericana até a cidade.

 

Informações turísticas

Cámara de Turismo de Otavalo
Ruas Sucre e Quiroga.
Tel: (593) (6) 2921-994
www.otavaloturismo.com

Casa de Turismo Otavalo
Ruas Modesto Jaramillo e Quiroga
Tel: (593) (6) 2927-230