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Antigo presídio da Colômbia, Ilha de Gorgona é ideal para mergulho e observação de baleias

Vista de uma das ilhotas que podem ser observadas durante passeio pelo Parque Nacional Natural Gorgona, na Colômbia - Eduardo Vessoni/UOL
Vista de uma das ilhotas que podem ser observadas durante passeio pelo Parque Nacional Natural Gorgona, na Colômbia Imagem: Eduardo Vessoni/UOL

EDUARDO VESSONI *

Colaboração para o UOL Viagem

29/06/2010 17h38

Até o início dos anos 80, essa isolada ilha do Pacífico foi o destino que nenhum colombiano desejava conhecer. Situada em uma área de mata fechada, a região era o habitat de imensas e temidas cobras venenosas, recebia as águas furiosas de constantes chuvas e abrigava uma área de isolamento dos criminosos mais perigosos da Colômbia.


“Aqui, só se respira a tristeza”, escreveu certa vez um detento. Não é a toa que o local ficou conhecido como a 'Ilha do Esquecimento'. Atualmente, o cenário não é muito diferente, mas as sensações são outras. O que fora um inferno se tornou um dos destinos mais exóticos da Colômbia: a ilha Gorgona, uma área protegida com 62 mil hectares em que apenas 3% se localizam em terra firme.


Declarada Parque Nacional Natural, em 1984, a natureza local vai, lentamente, recuperando o seu espaço. As árvores dessa espessa selva, cujos 70% foram cortados durante o período em que a prisão funcionou em Gorgona, voltam a crescer; o musgo vai pintando com novas cores o triste passado dos pavilhões desativados da penitenciária; e imensas baleias jubarte batem ponto na região, entre agosto e setembro, para a reprodução e cria de seus filhotes (e para a alegria dos visitantes).


Enquanto isso, colombianos e turistas de todo o mundo visitam um dos mais importantes pontos de mergulho daquele país, localizado em uma extensa área protegida que começa em Galápagos, arquipélago equatoriano, e termina na Costa Rica, na América Central. Por isso a lista de animais que visitam a região inclui também três espécies de tartarugas marinhas e tubarões martelo.


Os visitantes com poucas habilidades marinhas contam ainda com caminhadas selvagens mata adentro em que bichos preguiça, macacos prego de cara branca, a rara lagartixa azul e algumas espécies de cobras costumam chamar a atenção dos que se aventuram por trilhas escondidas que terminam em belas praias isoladas banhadas pelo Oceano Pacífico.


Outra atração que surpreende o visitante, não pela beleza mas por conta da triste história que a natureza tenta esconder, são os pavilhões abandonados do que um dia foi a mais temida das prisões do país. Entre 1959 e 1983, Gorgona era a sede de uma penitenciária de segurança máxima que chegou a abrigar 1.300 detentos condenados a mais de 12 anos de reclusão e 300 policias. Parte das celas e das áreas comuns, como o refeitório, banheiros e a cozinha, resistem ao renascimento da selva desde que a ilha foi fechada por violação aos direitos humanos, mas ainda divide a atenção dos visitantes com a beleza rara dessa região de selva úmida.


Mais do que uma violência contra aqueles homens, que viviam em um cenário hostil de assassinatos e envenenamentos, a prisão era um exemplo antiecológico. Semanalmente, queimavam-se entre 10 e 18 toneladas de madeira para abastecer o fogão de onde saía a principal alimentação daquela gente. Acredita-se que serão necessários mais 70 anos para a recuperação total daquela área verde.


De origem vulcânica, Gorgona é conhecida como Ilha Ciência, por conta de sua biodiversidade e, atualmente, é explorada para fins turísticos e investigações ambientais. Localizada a apenas 36 km do continente, a ilha tem acesso controlado e só pode ser visitada com autorização da atual empresa que detém a concessão de uso da ilha.


Os programas incluem hospedagem em casas rústicas que um dia serviram como abrigo e escritórios para os funcionários da penitenciária, além de alimentação preparada pelos 'moradores' do compacto povoado de Gorgona. Não chega a 50 o número de pessoas que passam alguns meses do ano em Gorgona para atender a crescente demanda turística na região.


E basta perguntar para qualquer um daqueles moradores temporários se eles trocariam o local por outro pedaço em terra firme para descobrir que a melhor lembrança de sua estadia vem mesmo da paisagem selvagem que, hoje, esconde uma parte da história que todo mundo faz questão de esquecer.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    A principal atração de Gorgona são as baleias do tipo jubarte que costumam frequentar essa área protegida, entre julho e setembro

ATRAÇÕES

 

Todas as atividades nesse parque nacional só devem ser feitas com acompanhamento de guias locais contratados no próprio hotel. Conheça os principais atrativos da ilha:

 

Casa Museo Payán: A mais antiga casa da ilha, construída em 1900, foi um dos principais prédios da penitenciária de Gorgona. Atualmente, abriga um pequeno museu com parte da história da prisão e serve como sede para as palestras, obrigatórias, de introdução ao Parque Nacional.

 

Volta pela ilha: Em um passeio de uma hora de duração, em lancha, o visitante pode conhecer praias locais como a Azufrada, Blanca, Piedra Redonda, Palmeras. A ilha Gorgonilla (proibida para desembarque) e o Aquário Yundigua também costumam estar incluídos no roteiro.

 

Acuario Yundigua: Aquário natural com arrecifes de corais onde é possível realizar sonorkelling e mergulho livre.

 

Trilha Playa Palmera: É a mais procurada pelos que acabam de chegar à ilha e querem conhecer um pouco da fauna e da flora locais. Os 5 km de caminhada leva o visitante a atrativos como o píer onde desembarcavam os presidiários, praias Azufrada, Piedra Redonda, além de uma vista privilegiada de Gorgonilla.

 

Visita à antiga penitenciária de Gorgona: O tour passa pelos pavilhões desativados da mais temida prisão da Colômbia como o refeitório, padaria, lavanderia, dispensas, guaritas, solitárias e celas.

 

Avistamento de baleias: Anualmente, entre julho e setembro, a região recebe as imensas baleias do tipo jubarte que procuram a região para o acasalamento e criação de seus filhotes.

 

Mergulho: Gorgona é considerada um dos melhores pontos de mergulho de toda a Colômbia e conta com um centro que oferece cursos e equipamentos para a prática desse esporte.

 

Ecotienda: O pequeno povoado de Gorgona oferece ao visitante uma loja com produtos artesanais produzidos na região.

 

COMO CHEGAR


Voos diários partem de Cali e Popayán com destino a Guapi, onde o viajante deve tomar uma embarcação que costuma levar duas horas até o destino. A TAC (www.taccolombia.com) e a Satena (www.satena.com) são as empresas responsáveis pelo transporte aéreo na região.


Mais informações


Aviatur
www.aviatur.com

 

Parques Nacionais da Colômbia
www.parquesnacionales.gov.co

 

* O jornalista Eduardo Vessoni viajou a convite da Aviatur.