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Veja onde Puccini poderia fazer compras em Roma

Ciclista passeia pela Via Margutta, uma rua minúscula em Roma  - Chris Warde-Jones/The New York
Ciclista passeia pela Via Margutta, uma rua minúscula em Roma Imagem: Chris Warde-Jones/The New York

DANIELLE PERGAMENT

New York Times Syndicate

22/05/2010 09h00

Ao longo dos anos, um número impressionante de artistas – Fellini, Picasso, Stravinsky, Puccini – viveu, encontrou inspiração e criou obras-primas na Via Margutta, uma rua minúscula em Roma que mal tem a largura de um utilitário esportivo e fica próxima dos Degraus Espanhóis. Então Joe Bradley se mudou para lá. O personagem de Gregory Peck em “A Princesa e o Plebeu” tinha um flat lá e, aparentemente, nada eleva tanto um endereço na consciência do público do que Audrey Hepburn cantando “Via Margutta, 51”. Pronto: nasceu uma estrela imobiliária.

 

Mas como costuma acontecer com bairros artísticos que ficam caros demais para artistas de fato, a Via Margutta logo se tornou mais conhecida como um lugar para comprar arte cara, em vez de um centro de criatividade. Recentemente, entretanto, a rua se reinventou de novo – desta vez como um destino de design.

 

“Anos atrás, não havia nada exceto galerias e estúdios”, disse Alberto Moncado, proprietário do novo e primorosamente chique Hotel Margutta 54 (via Margutta, 54; 39-06-699-21907; romeluxurysuites.com). Seu mais recente projeto dá continuidade à tradição da família. Nos anos 1800, os Moncados, mecenas de artistas como Caravaggio, transformaram barracões e jardins em lofts de artistas, ajudando a criar a atual Via Margutta. “Agora há todo tipo de loja, mas você não encontra os grandes Louis Vuittons aqui”, disse Moncado. “As marcas são elegantes, a qualidade é alta, mas são pequenas e com um toque local. Tudo é feito da forma como era anos atrás.”

 

Veja a Saddlers Union (No. 11; 39-06-321-20237; saddlersunion.com), uma loja elegante que golpeia você na cabeça com o cheiro de couro assim que você entra. Aberta desde outubro, este é o endereço para cintos, carteiras, bolsas e pastas, todos feitos à mão no estúdio nos fundos. Os preços são altos (bolsas de mão custam cerca de 600 euros, ou US$ 800, com o euro cotado a US$ 1,34), mas a qualidade também é.

 

Poucas portas depois fica a Flair (No. 55B; 39-06-326-52067; flair.it), uma loja de móveis antigos com apenas poucos meses de idade. A especialidade da Flair em design doméstico de meados ao final do século 20 – uma coleção bem cuidada de móveis reformados em tons e acabamentos do início dos anos 70, móveis em latão e luminárias em plexiglass por 950 euros.

 

No final da rua fica a Enigma (No. 61A; 39-06-321-8358; enigma.it), uma joalheria de luxo de propriedade de Gianni Bulgari, filho do renomado joalheiro italiano de mesmo nome. A loja, designs e preços são todos apropriadamente opulentos. Mas diferente de algumas butiques da 5a Avenida de Manhattan, as peças, como um pingente de leão em prata por 300 euros, parecem especiais, não produzidas em massa.

 

Mas nem tudo é de luxo e reinventado. Uma remanescente de uma era anterior é La Bottega del Marmoraro (No. 53B; 39-06-320-7660), uma loja minúscula repleta de pequenas placas de mármore, arte adequada para a Casa da Roma Antiga da Barbie. Por 15 euros, Enrico Fiorentini, seu ruidoso proprietário, gravará quaisquer palavras que você quiser em uma peça de mármore. Assim que termina o trabalho, Enrico Fiorentini tem o hábito encantador de servir um prato quente de macarrão para seus clientes, enquanto os regala com histórias sobre os tempos de glória da rua.

 

Moncado é um daqueles que acredita que a glória ainda está intacta. “A Via Margutta começou como um lugar para artistas”, ele disse. “Independente do que venha a acontecer ao longo dos anos, eu acho que ela sempre manterá essa característica.”

 

Tradução: George El Khouri Andolfato