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Decorada por jacarandás, a capital sul-africana é um monumento aos seus heróis de guerra

Do alto do Voortrekker, uma das vistas mais lindas de Pretória em meio à savana africana - Karina Gouvêa/UOL
Do alto do Voortrekker, uma das vistas mais lindas de Pretória em meio à savana africana Imagem: Karina Gouvêa/UOL

KARINA GOUVÊA

Colaboração para o UOL Viagem

04/05/2010 16h56

Se alguém perguntasse “Qual é a capital da África do Sul?”, a maioria das pessoas responderia prontamente Johannesburgo. Resposta errada: apesar de Johannesburgo ser a maior cidade da África, com cerca de 5,5 milhões de habitantes, e a capital financeira do país, a resposta correta é a organizada e bela Pretória, que pode ser conhecida em apenas um dia, para quem não dispõe de muito tempo.


Fundada em 1855 pelo herói boer Andries Wilhelmus Jacobus Pretorius – daí seu nome –, Pretória abriga a sede administrativa da África do Sul. Localizada a cerca de uma hora ao norte de Johannesburgo, com pouco mais de dois milhões de habitantes, ela é bem mais tranquila que o centro financeiro, com suas ruas arborizadas com jacarandás, belas construções governamentais e históricas nos mais diversos estilos arquitetônicos, além de jardins bem cuidados.

 

Claro que, na área central da capital, também podemos ver o burburinho do comércio local e pequenos prédios residenciais abarrotados de gente. Porém, em um passeio a um lugar um pouco mais afastado do centro, vê-se condomínios luxuosos com segurança particular, além do campus principal da Universidade da África do Sul. Mas, assim como no restante do país, o que impera majestosamente é sua natureza, seja ela natural ou feita por mãos humanas, como o jardim botânico, o zoológico e o Santuário de Pássaros Austin Robert.


A cidade respira história e homenagens a heróis sul-africanos de guerra. O monumento mais oponente, o Voortrekker, abriga registros do início da colonização da África do Sul, quando no século 17 fazendeiros brancos, vindos principalmente da Holanda, tomaram à força as terras da região, travando guerras violentas contra os zulus, até a vitória final em 16 de dezembro de 1838. Até hoje, o feito é comemorado no próprio local pelos africâners ou boeres (descendentes dos colonos holandeses, nascidos no continente).


Para chegar até o memorial, é preciso percorrer uma estrada íngreme e estreita. Rodeado por um muro circular com a representação de 64 vagões puxados por bois do lado de dentro, o monumento é alcançado após uma ampla e longa escadaria. Com 40 metros de altura e base, foi projetado pelo arquiteto sul-africano Gerard Moerdyk e construído em granito. Na entrada, uma estátua de bronze de uma mulher branca com seus dois filhos dá as boas-vindas aos visitantes.

 

Dentro do Voortrekker, as paredes trazem painéis com a história da colonização sob o ponto de vista dos africâners – o que não o torna muito popular entre os habitantes negros. Anualmente, no aniversário do memorial, é possível presenciar o sol penetrar por uma abertura no teto e iluminar uma tumba comemorativa que fica no subsolo, onde há também um pequeno museu. Esse ponto mais alto do Voortrekker pode ser visitado de elevador ou subindo mais alguns degraus, se você ainda tiver fôlego. De lá também se tem a vista mais linda de Pretória e de toda a região que a circunda.


Outro local que também merece uma visita, em uma hora e meia a duas horas, é o Freedom Park, localizado na colina de Salvokop. Com 52 hectares, pontilhados por construções em pedra, o parque abriga um museu, outro belo jardim e mais um memorial à democracia. Há ainda a Parede dos Nomes, com 75 mil nomes de heróis e heroínas mortos nos mais diferentes combates que envolveram a África do Sul. Do Freedom Park, também se tem um panorama maravilhoso de Pretória, com seu lado industrial ao norte e a savana ao sul.


De volta ao coração da cidade, o Union Buildings abriga a sede do governo sul-africano e a casa oficial do presidente. De estilo inglês, tem forma semicircular, com 285 metros de comprimento de uma ponta a outra. Mas o que mais impressiona no local é o jardim logo à frente, que serve de terraço à construção. Muito bem cuidado, abriga espécies indígenas e uma grande estátua do General Louis Botha – primeiro-ministro da União da África do Sul – e seu cavalo.


No meio do jardim, duas outras homenagens: o Delville Wood War Memorial, aos soldados sul-africanos que morreram na Primeira Guerra Mundial; e uma placa em memória aos que perderam sua vida na Guerra da Coréia. À direita, na parte superior do jardim, um memorial à polícia sul-africana – raríssima de se ver pelas ruas, por sinal.


Uma curiosidade à parte: Pretória também ficou conhecida por ter sido o local onde em 1977 morreu Steve Bilko, famoso líder africano da resistência negra contra o racismo. Bilko faleceu após permanecer três dias em coma por ter sido espancado por policiais.