UOL Viagem

12/01/2010 - 17h12

O Peru vai além das ruínas incas no Cânion do Colca

EDUARDO VESSONI
Colaboração para o UOL Viagem *
Diariamente, imensos habitantes das altas montanhas andinas deixam suas moradias, localizadas em rochas de difícil acesso, para planar sobre a geografia mais profunda do continente americano: o Cânion do Colca (Cañón del Colca, em espanhol), uma formação geológica de mais de dez milhões de anos localizada em Arequipa, no sul do Peru.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Os condores do Colca, no sul do Peru, fazem seus ninhos em rochas de difícil acesso do cânion

Os condores dos andes, como são conhecidas essas aves de dimensões que chegam a ultrapassar os três metros entre uma asa e outra, sobrevoam aquele cenário imponente entre 8h e 10h da manhã, estimulados pela corrente de ar quente que lhes facilita um perfeito voo deslizante no vazio do Vale do Colca. A dança aérea daqueles animais é breve, mas é capaz de deixar em silêncio grupos inteiros de visitantes estrangeiros que chegam cedo para assistir a um dos mais belos espetáculos naturais do Peru.

Logo bate a fome e o símbolo máximo dos países andinos sai em busca de comida, uma dieta a base de pequenos animais como ratos e esquilos. Eles vão e só retornam no final do dia, mas no alto do mirante Cruz do Condor, a 3.287 metros sobre o nível do mar, visitantes continuam imóveis diante do mais famoso atrativo do sul peruano, o Cañón del Colca.

A região já provou que gosta mesmo das paisagens de grandes dimensões, como vulcões e montanhas geladas. O Colca, outro ponto de interesse, é o segundo cânion mais profundo do planeta, perdendo apenas para o Cotahuasi que, como não poderia deixar de ser, fica também em Arequipa.

As dimensões são perfeitas não só para o balé aéreo dos condores, mas também para os olhos atônitos de quem visita essa impressionante formação natural localizada a três horas da Cidade Branca, como é conhecida Arequipa. O Cânion do Colca, rodeado pela Cordilheira do Chila e por vulcões como Sabancaya e Ampato, atinge os 3.400 metros de profundidade, embora a última expedição científica pela região, em 2005, tenha comprovado que o cânion já alcança 4.160 metros, em Quillco Orco.

Só para se ter uma idéia da dimensão, o Gran Canyon, a falha geográfica mais famosa do planeta, localizada no estado norte americano do Arizona, tem uma profundidade média de 1.600 metros.

O Colca se localiza em um vale de mesmo nome que está a 150 km de Arequipa e que possui 100 quilômetros de comprimento. Extensão para inca nenhum botar defeito.

Aliás, o interesse pela região começou bem antes da chegada dos personagens históricos mais famosos do Peru, os incas. Acredita-se que caçadores que habitaram a região, há cinco mil anos, foram responsáveis pelo desenvolvimento de etnias como os collaguas, ao norte da região, e os cabanas, mais ao sul do Vale do Colca.

E nem a anexação desses grupos ao Império Inca, no século 15, foi capaz de apagar as marcas culturais que essa gente deixou no sul do país. Os viajantes que circulam pelo vale também visitam cidades pré-incas, como Maca e Chiva, que ainda mantêm as tradições dos collaguas e cabanas.

Arequipa parece mesmo provar ao visitante que o Peru vai além das famosas e bem divulgadas ruínas incas. Mas no Colca, nem os condores poderiam deixar passar a oportunidade de serem vistos e, ao mesmo tempo, contemplarem a mais profunda das atrações peruanas.
  • Eduardo Vessoni/UOL

    O Vale do Colca está localizado a 150 km de Arequipa, no sul do Peru, e possui 100 quilômetros de comprimento


Quem leva

Santa Catalina Tours
A agência também oferece programas de escalada ao vulcão Misti (5.850 metros), trekking ao interior do Cânion do Colca e turismo vivencial nas ilhas flutuantes de Uros.
Rua Santa Catalina, 219 - Arequipa
Tel: (54) 284-292.
www.santacatalinatours.com

Onde ficar

Inkari Eco Lodge
Calle Espinar, s/n. - Chivay
Tel: (54) 287-631.
www.hotelesinkari.com.pe

* O jornalista Eduardo Vessoni viajou a convite da Santa Catalina Tours.

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