UOL Viagem

28/12/2009 - 16h22

Conheça Baltimore, a cidade famosa por atrair artistas, em 36 horas

JOSHUA KURLANTZICK
New York Times Syndicate
Se você assiste a série policial da HBO, "The Wire" (A Escuta), você pode pensar que Baltimore está repleta de traficantes de drogas e chefões do crime organizado. Na verdade, a cidade atrai um tipo diferente de desajustados: artistas. Atraídos pelos aluguéis baratos e espaços de depósitos, artistas e fotógrafos vieram em grande número para cá e tomaram posse da cidade. Bairros antes brutos como Hampden e Highlandtown foram ocupados nos últimos anos por galerias, estúdios e espaços de performance. Restaurantes de caranguejo e bares de esporte agora dividem as ruas de paralelepípedos com cafés elegantes e restaurantes de tapas. Mas tendo isso como fundo, ainda há os penteados colmeia e museus estranhos que dão à chamada Charm City (cidade charmosa) seu apelido.
  • Susana Raab for The New York Times

    Nos últimos anos, o bairro de Hampden passou de operário a artístico.


Sexta-feira


16h - Mata adentro
Apesar de ser difícil de imaginar, ao entrar em Baltimore pela Interestadual 95, que passa por terminais portuários e fábricas espelindo fumaça, o centro da cidade esconde um oásis verde, cortado por riachos, a Jones Falls Trail (jonesfalls.org). Antes altamente poluída, a bacia hidrográfica de 150 quilômetros quadrados foi recuperada ao longo da última década e agora conta com trilha verde para ciclismo e caminhadas, que segue o Rio Jones Fall e serpenteia por algumas das velhas minas que antes moviam a economia de Baltimore. É uma visão rústica e histórica de uma cidade às vezes rude.

19h - Não apenas caranguejos
Em uma cidade conhecida pelos bolos de caranguejo e sanduíches de peixe frito, o Woodberry Kitchen (2010 Clipper Park Road; 410-464-8000; woodberrykitchen.com) se destaca por sua cozinha local refinada. Situada no complexo Clipper Mill, uma velha fundição que agora é lar de estúdios de artistas, galerias e casas, Woodberry serve pratos caseiros americanos usando ingredientes locais e sazonais, como caranguejos de Chesapeake servidos como molho tártaro picante, e frango assado em forno a lenha com um glaçado de sidra, sobre uma tortilha estilo espanhola. Jantar para dois, cerca de US$ 80.

22h - Altamente off-Broadway
Fiel às suas raízes contraculturais, Baltimore em grande parte troca as peças da Broadway de passagem pela cidade pelo teatro alternativo. Talvez as peças mais estranhas sejam encenadas pela Creative Alliance at the Patterson (3134 Eastern Avenue; 410-276-1651; creativealliance.org), cujo palco parece o de uma velha casa de vaudeville. Certa noite, era possível assistir artistas burlescos se despindo até o tapa-sexo; em outra noite, um documentário sobre as escolas caindo aos pedaços de Baltimore. A galeria ao lado frequentemente exibe obras de pintores e fotógrafos locais.

Sábado


9h - Café underground
Situado em um porão de um prédio de apartamentos no bairro de casas geminadas de Charles Village, perto do campus principal da Universidade Johns Hopkins, o Carma's Cafe (32nd Street com Saint Paul; 410-243-5200; carmascafe.com) é fácil de não ser notado. Mas os vizinhos o frequentam em peso, à procura dos scones de amêndoa e cereja, sobremesas como o cheesecake frito (há alguma sobremesa mais rica?), fritadas e saladas, além de drinques de café criativos como o zamboni, uma versão bebível de uma bola de neve. Café da manhã para dois, cerca de US$ 20.

11h - Coleção das irmãs
Uma curta caminhada do Carma's, o Museu de Arte de Baltimore (10 Art Museum Drive; 443-573-1700; www.artbma.org) conta com um acervo impressionantemente grande de arte pós-impressionista. As irmãs Cone, socialites que viveram em Baltimore no início do século 20, tiveram a antevisão de comprar milhares de pinturas de mestres como Cézanne, Picasso e Matisse. Elas deixaram em testamento as obras para o museu, caso "o status do apreço pela arte moderna em Baltimore venha a melhorar". Aparentemente melhorou. Hoje, a Coleção Cone é o coração do museu, incluindo "Nu Azul" de Matisse e "Mulher com Manga" de Gauguin. Quando terminar, tome um lanche no Gertrude's, o restaurante do museu, e pegue uma mesa no jardim de esculturas ao lado.

13h - Passeio à beira-mar
Os turistas costumam seguir para o Inner Harbor, lar do aquário e inúmeros restaurantes de rede. Para a versão local, caminhe algumas quadras mais adiante até o histórico Fell's Point, uma área de ruas de paralelepípedo à beira-mar com patisserias, bares e galerias - e, diferente de Inner Harbor, um bairro de verdade, como casas geminadas de tijolos que se tornaram ícone de Baltimore. Comece pela praça no fim da Broadway, onde skatistas se misturam com músicos e casais se beijando nos bancos. Caminhe na direção leste, pela Thames Street, olhando para o mar. Pare para sentir o cheiro dos pães franceses na Bonaparte Breads (903 South Ann Street; 410-342-4000), antes de seguir para Canton, o próximo bairro à beira-mar, cheio de armazéns reformados, transformados em lojas e condomínios.

16h - Camisetas e colmeias
Nos últimos anos, o bairro de Hampden passou de operário a artístico. Lotado de galerias e lojas de roupas usadas, a principal rua comercial de Hampden, a 36th Street, é o local onde você encontrará o pessoal da faixa de 20 anos trajando jeans vintage elegantemente desalinhados compartilhando cigarros com as "Hons", o apelido das mulheres que usam penteados colmeia clássicos. Para livros de arte obscuros e fanzines, visite a Atomic Books (3620 Falls Road; 410-662-4444; atomicbooks.com). Depois vá ao In Watermelon Sugar (3555 Chestnut Avenue; 410-662-9090), onde você certamente encontrará móveis anti-Ikea. Você poderá terminar no Mina's (815 West 36th Street; 410-732-4258; minasgalleryandboutique.com) para moda vintage, leituras de poesia e artistas de Baltimore.
  • Susana Raab for The New York Times

    Se estiver com fome, coma algo no b, um bistrô simples aberto pelo irmão de Hamid Karzai, o presidente do Afeganistão


19h30 - Petit fours
Toda cidade precisa de um restaurante de bairro que pareça um clube social. Em Baltimore, este seria o Petit Louis (4800 Roland Avenue; 410-366-9393; www.petitlouis.com), um bistrô francês aconchegante no bairro residencial ostentoso de Roland Park. Ele tem o ar de uma festa privada, com um host que recebe os clientes pelo nome e a cozinha servindo pratos clássicos de bistrô, como salmão grelhado com aspargo e beringela recheada com queijo de leite de cabra. Não perca as batatas fritas, crocantes e pecaminosamente calóricas. Jantar para dois, cerca de US$ 80.

22h - Equipe da cerveja
Pode haver toneladas de bares em Baltimore, mas chamar o Brewer's Art (1106 North Charles Street; 410-547-6925; thebrewersart.com) de bar é como chamar caranguejos de meros moluscos. Situado em um casa geminada clássica da cidade, o pub leva suas cervejas muito a sério, servindo de tudo, de cervejas trapistas da Bélgica até microcervejarias locais como a Clipper City Pale Ale. A clientela parece igualmente séria - artistas e designers, casais mais velhos voltando de um concerto sinfônico e universitários ocasionais parecendo deslocados entre adultos.

Domingo


11h - Artistas jovens
Todo mundo precisa começar em algum lugar, e para muitos artistas de ponta de Baltimore, esse empurrão veio da Faculdade de Arte do Instituto Maryland (1300 Mount Royal Avenue; 410-669 9200; www.mica.edu). A faculdade, situada no suntuoso bairro de Bolton Hill, exibe regularmente os trabalhos de seus estudantes proeminentes e corpo docente, o que significa que a qualidade da arte varia muito. Mas, como uma caça ao tesouro, isso faz parte da diversão. Se estiver com fome, coma algo no b (1501 Bolton Street; 410-383-8600; www.b-bistro.com), um bistrô simples aberto pelo irmão de Hamid Karzai, o presidente do Afeganistão.

14h - Cidade de antiguidades
Para antiguidades únicas, evite as lojas tediosas em Baltimore e siga para oeste, para Ellicott City (www.ellicottcity.net), uma cidade de moinhos do século 18 a cerca de 25 minutos de carro do centro. Sua Mais Street histórica, repleta de lojas como que pintadas por Rockwell, se transformou em um centro de antiquários. Para quatro andares de itens pop colecionáveis e artesanato, cheque o Taylor's Antiques Mall (8197 Main Street; 410-465-4444; taylorsantiquemall.com). Out of Our Past Antiques (8111 Main Street; 410-480-2970; outofourpastantiques.com) oferece peças em madeira suntuosas. Não esqueça de pechinchar - os proprietários das lojas podem ligar o charme sulista, mas, se necessário, eles negociarão como um vendedor ambulante.
  • Susana Raab for The New York Times

    Para antiguidades únicas, evite as lojas tediosas em Baltimore e siga para oeste, para Ellicott City, uma cidade de moinhos do século 18 a cerca de 25 minutos de carro do centro


O básico


O Aeroporto Thurgood Marshall BWI recebe voos de todos os Estados Unidos. De Nova York, faz mais sentido dirigir ou tomar um trem. O percurso de carro de Nova York até Baltimore leva cerca de três horas e meia e todos os trens da Amtrak East Coast param na Penn Station em Baltimore. Se você não quiser dirigir até Baltimore, certifique-se de alugar um carro lá. Para listagens atualizadas de eventos, experimente o semanário local City Paper (www.citypaper.com) gratuito.

Os hotéis de luxo em Baltimore estão aglutinados no centro, perto do distrito comercial central e do Inner Harbor. O Hilton Baltimore (401 West Pratt Street; 443-573-8700; baltimore.hilton.com), com 757 quartos, foi inaugurado em 2008 e fica a poucas quadras do mar. As diárias em meados de outubro custavam a partir de US$ 165. Para uma opção mais local, fique no Admiral Fell Inn (888 South Broadway; 866-583-4162; harbormagic.com), um conjunto de prédios de tijolos datado do final do século 18, no coração da zona portuária histórica de Fell's Point. Os 80 quartos lembram uma casa colonial e custam a partir de US$ 170.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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