UOL Viagem

22/11/2009 - 08h39

De costa a costa, dois na estrada pelos Estados Unidos

BARBARA IRELAND
New York Times Syndicate *
O ribeirão, borbulhando e brilhando de frescor, descia a montanha logo abaixo de sua nascente, na Divisória Continental. Nenhuma pata de animal, petroquímico perdido ou mão humana tinha tocado esta água reluzente, ainda fria da neve derretida da qual se originou poucos minutos antes. Nós seríamos os primeiros.

Com cerca de 60 centímetros de largura, era fácil acessá-lo, assim que deixamos nossa van na estrada e escalamos os galhos ásperos, entrelaçados. Não havia ninguém a vista; não havia nenhum som exceto o da água corrente e do vento. "Beba um pouco!" insistiu meu marido, Pat. "Incline e faça um copo com as mãos." E descartando toda a sabedoria convencional a respeito de nunca beber de um ribeirão, eu o fiz.

Era fria e doce, principalmente limpa - estimulante. Mas o que você poderia esperar da água mais fresca do continente?
  • Leah Nash / The New York Times

    Uma minivan Toyota Sienna 2006 foi convertida em um veículo de recreação (RV) light para a aventura


Nós estávamos no Colorado, no quarto dia de uma viagem para atravessar o país. Pouco antes, paramos na Passagem de Loveland, a cerca de 3.660 metros de altitude, onde uma placa marca a Divisória e os turistas observam por sobre as Rochosas e, para baixo, para os pinheiros retos como mastros. Em uma pequena campina, adolescentes otimistas praticavam snowboarding em um encolhido trecho de neve de verão. Turistas explicavam uns aos outros que a chuva que caia no local de onde viemos, na Rota 6, seguiria para o Rio Mississippi, enquanto aquela à nossa frente era destinada à Costa do Pacífico. Assim como nós.

É um país grande e belo, assim como um sonho familiar: cruzar os Estados Unidos em seu próprio veículo, nos próprios termos. Dirigir para onde quiser. Parar quando quiser. Ver muito daquilo sobre o que você sempre ouviu falar e sobre coisas das quais nunca ouviu. Quão comum é o sonho eu descobri quando comecei a contar para as pessoas sobre nossos planos. Repetidas vezes, as pessoas diziam: "Eu sempre quis fazer isso", e então, completando de forma triste, "mas nunca tive tempo".

Nós também não tínhamos tempo. Duas semanas de férias no pico do verão -e só. Não muito tempo livre para dirigir 9 mil a 11 mil quilômetros. Mas decidimos fazê-lo assim mesmo, e eis o que descobrimos: é possível ver muita coisa dos Estados Unidos em 14 dias. E é tão divertido quanto você imagina que pode ser.

O que fez com que funcionasse para nós foi uma minivan Toyota Sienna 2006, que convertemos com mínimo esforço de um carro para mamãe levar as crianças para as aulas e futebol em um veículo de recreação (RV) light. Ele fornecia privacidade -vidros escuros protetores e espaço suficiente com a retirada das duas fileiras de assentos traseiros- para duas pessoas abrirem colchonetes e dormirem, além de armazenar coisas ao lado. Sim, o dormitório era um pouco apertado. Sim, nem todo mundo ficaria animado com o toalete portátil, apesar de ser uma maravilha de economia de espaço e neutralização de odores. E é melhor que as duas pessoas vivendo juntas em uma minivan estejam apaixonadas.

Mas a van, um carro de camping disfarçado como carro de família, nos deu flexibilidade. Nós tínhamos um compromisso na Califórnia, uma reunião na Universidade de Stanford que tomaria três de nossos dias preciosos, mas ainda assim queríamos espaço para espontaneidade. Com a van, nós poderíamos ficar em um camping, em um hotel urbano ou até mesmo em um estacionamento do Wal-Mart (fizemos todos os três). Não tivemos que fazer muito planejamento complicado ou manter uma agenda apertada. Diferentes dos campistas de carro que vimos, nós estávamos sempre fora da chuva e protegidos dos ursos. Diferente dos donos de RVs, nós não tivemos que arcar com um veículo grande e caro. E em percursos longos, nós fazíamos quase 13 quilômetros por litro (sério, nós checamos).
  • Patrick Jude Wilson / The New York Times

    Um bisão caminha tranquilamente pelo Yellowstone National Park, nos Estados Unidos


O pernoite no Wal-Mart ocorreu na primeira noite fora, após um dia de direção entediante pela Interestadual, dirigindo de nosso lar ao leste de Buffalo para Illinois, a oeste. Nenhum de nós acampava há anos e não pensamos em assegurar que alguém estivesse nos esperando em nosso camping privado rural (reservado de forma otimista, sem recomendação, pela Internet) caso chegássemos tarde.

O escritório estava vazio, a porta trancada e sem ninguém para nos conduzir ao nosso espaço, nós perambulamos aleatoriamente no escuro, passando por tendas ocupadas por famílias alegres e trailers caindo aos pedaços, que pareciam estacionados permanentemente, antes de desistir. O estacionamento do Wal-Mart próximo era bom - e gratuito. Nós dormimos bem e acordamos com o canto dos pássaros e a batida da porta do carro da gerente do supermercado, quando ela chegou às 6h para seu dia de trabalho.

Em uma tranquila manhã de domingo, com grande parte do mundo ainda não desperto, os últimos 40 a 50 quilômetros até o Mississipi foram paradisíacos: neblina se desfazendo, rica vegetação, terras tão planas que pareciam se fundir suavemente ao Rio Rock que corria ao lado da estrada. Nós atravessamos o Mississipi e a van acelerou tranquilamente sob sol forte na direção oeste até Des Moines, para o sul até Kansas City e então para sudoeste até Flint Hills, onde veríamos os prados.

Os fazendeiros que araram grande parte do Meio-Oeste americano pouparam Flint Hills, que em fotos aéreas parece um grande oceano verde, porque as rochas eram próximas demais da superfície para os arados. Os búfalos foram substituídos pelo gado, mas em uma área com aproximadamente o tamanho do Estado de Vermont, o prado natural sobrevive, um lembrete de como era grande parte do interior da América do Norte,

Sorte do Kansas. Sob um imenso céu azul, nós seguimos a Rota 56 em meio a uma imensa paisagem de elevações gentis, pontos baixos e pequenas ilhas de árvores de folhagem escura. Ocorreu apenas uma pequena decepção: a relva não tinha dois metros de altura. Nós soubemos no dia seguinte, em um passeio pela Tallgrass Prairie National Preserve (reserva nacional da pastagem natural), ao sul da cidade de Council Grove, que estávamos na estação errada: a relva cresce no outono. Mesmo assim ficamos cativados.
  • Patrick Jude Wilson / The New York Times

    Crateras da Lua, uma vasta paisagem adorável de campos de lava e cones de cinzas, com sempre-vivas brotando entre os pedregulhos


Ao leste de Council Grove, três índios em trajes tradicionais pareciam estar cavalgando sobre um cume; na verdade eram esculturas de metal, silhuetas servindo como boas-vindas à cidade. E ao seu norte, nós estacionamos para passar a noite. Nós paramos a traseira da van à margem de um reservatório chamado Lago Council Grove, em uma área de camping com excelente cotação, manutenção meticulosa e excelente serviço de água e esgoto -tudo dirigido pelo Corpo de Engenheiros do Exército.

Nós estávamos acampando, mas não cozinhando, e na manhã seguinte comemos omeletes e pães caseiros com canela por US$ 7 no Saddlerock Caf, um local minúsculo e de aparência humilde em uma rua afastada de Council Grove.

"Vocês vieram de longe para comer no Saddlerock", disse um homem grande e amigável, trajando jeans e um chapéu de caubói ao nos dar as boas-vindas, vendo nossa placa de Nova York, enquanto descia de sua picape e nós deixávamos nossa van no pequenino estacionamento do restaurante. Sorrindo, ele acrescentou: "Todos os caubóis comem aqui".

Ele revelou ser um artigo genuíno, um montador e laçador veterano cinquentão chamado Don Day. Enquanto seguíamos para uma mesa lateral, ele se sentou sob uma pequena placa no alto que dizia "mesa da discussão informal" e, enquanto homens tomando café iam e vinham, participou da conversa descontraída sobre golfe, tecnologia de câmera e o Força Aérea Um, que estava no noticiário naquela manhã.

Política não parecia estar na agenda, apesar de que quando fomos atraídos brevemente à conversa, um homem, que dizia ser parte indígena, deixou claro que o general George Armstrong Custer não acrescentava nada.

Council Grove, onde Custer era dono de terras e o centro é um Patrimônio Histórico Nacional, foi o primeiro de uma longa lista de lugares que gostaríamos de ter tido mais tempo para explorar -a lista da Próxima Vez. Mas, por ora, nós tivemos uma boa amostra. Atravessamos o território plano do oeste de Kansas e leste do Colorado até um camping no alto das Rochosas, onde nos sentamos nos colchões de espuma na traseira da van e fizemos um lanche à meia-noite de frutas e sanduíches de pasta de amendoim.
  • Leah Nash / The New York Times

    No Crater Lake National Park, no Oregon está essa joia de lago, uma piscina sem fundo em uma velha caldeira vulcânica, colorida com o mais azul dos azuis na palheta da natureza


A pesquisa antecipada rendeu frutos no dia seguinte. Nós tivemos que atravessar correndo o Colorado, mas soubemos por meio de um parente a respeito de dois desvios espetaculares saindo da Interestadual 70, até a mais velha e paralela Rota 6. O segundo era a Passagem de Loveland, aonde vimos a neve derretida. O primeiro era um trecho mágico começando perto de Golden, através de um desfiladeiro onde o Clear Creek corre entre penhascos em um velho território de minas de ouro. Os caminhoneiros e passageiros cruzando o local pareciam não notar o cenário, mas quando tomamos a estrada Lariat Loop para subir a Montanha Lookout, nós encontramos fiéis empoleirados nas rochas em um mirante particularmente amplo do vale, cantando "Amazing Grace".

As fontes termais tentadoras em Glenwood Springs, no extremo oeste da Interestadual 70, tiveram que ser adicionadas à lista da Próxima Vez, mas tivemos um almoço agradável, apesar de preparado de forma indiferente em um jardim ao ar livre, no Hotel Colorado. Vale a pena parar mesmo que apenas para se embasbacar com o imenso lobby ornamentado, pelo qual passaram Teddy Roosevelt, Al Capone e Molly Brown durante seus dias de glória.

Além se encontrava o território deserto, hora após hora árida até Sierra Nevada. Carroças cobertas vinham à mente. Como é que os pioneiros se viravam, mesmo com o Rio Colorado e seus afluentes serpenteando ao redor para lembrá-los ocasionalmente que sim, havia algo chamado água? Passando por imensos penhascos erodidos e colinas de lava seca há muito tempo, será que se viam pensando em imagens estranhas: ameias e paliçadas, rinques de hóquei de gigantes, elefantes derretidos?

Nós chegamos depois das 18h no John Wesley Powell River History Museum, em Green River, Utah, e fomos informados firmemente que, apesar do site e do folheto dizerem que o horário de fechamento era às 20h, na verdade era às 19h. Um pouco irritados, nós vimos correndo as exposições, mas tivemos que reconhecer que nossas dificuldades não chegavam perto do terror da expedição de Powell em 1869, que adernou por meses em corredeiras inexploradas.

Os endereços mórmons em Salt Lake City também entraram para a lista da 'Próxima Vez', mas deixando a cidade no dia seguinte, logo após a Interestadual 80 ter nos conduzido ao longo das margens do Grande Lago Salgado, nós nos deparamos com um candidato a parada de estrada mais interessante do país, no Deserto de Sal de Bonneville. Além das mesas de piquenique padrão e toaletes, ela apresentava uma vista do deserto, com os picos se erguendo atrás dele, e um lugar para lavar os pés -uma estrutura de concreto com assento e uma mangueira- para limpar os calçados após se aventurar pelo sal, que é estranhamente úmido e pegajoso. Viajantes corriam para deixar pegadas, estudavam uma placa sobre os recordes de velocidade e observavam um aventureiro solitário, fazendo um progresso limitado em um kart equipado com vela.
  • Leah Nash / The New York Times

    Apesar das 'dependências' da van serem um pouco apertadas, o casal que fez a viagem conseguiu ver muito dos Estados Unidos em 14 dias de viagem


A lembrança dos pioneiros surgiu de novo em Truckee, Califórnia, onde acampamos no Donner Memorial State Park. Fora os cerca de seis metros de neve que prenderam a expedição Donner ali em 1846, levando ao caso notório de canibalismo, a Passagem de Donner é um local bonito e impecável, com árvores e picos majestosos.

Nós chegamos à Califórnia e, diferente da maioria dos Donners, chegamos à Costa do Pacífico, parando algumas poucas horas -após nossa reunião- no Wilder Ranch State Park, perto de Santa Cruz, onde escarpas se projetam no oceano e as aves marinhas fazem ninho nos penhascos.

Um pouco de compras na Costa Oeste parecia necessário; nós fizemos isso em Corralitos, em um mercado que vendia dezenas de tipos de linguiças caseiras e o que parecia uma variedade igualmente grande de mostardas, e em San Gregorio, em um mercado central descontraído, em atividade desde 1889 e onde é possível comprar vassouras ou panos de prato, nós bebemos no bar e ouvimos um pouco de música ao vivo.

Não foi a oportunidade de compras mais incomum de nossa viagem. Isso ocorreu dois dias depois, a leste de Bend, Oregon, onde avistamos uma placa artesanal ao lado da Rota 20, anunciando "Crânios Limpos por Besouros". A entrada de garagem levava ao lar de Mark Thill, um taxidermista quarentão e construtor de terraços de tábuas, que ficou feliz em nos informar. Os crânios pertenciam a animais nativos e às vezes animais africanos, mortos por seus clientes, que trazem as cabeças e pagam pelo serviço de seus milhões de besouros, especialistas em remover carniça. A técnica é, ele nos assegurou, infinitamente superior à fervura, praticada por alguns de seus concorrentes.

A galeria em sua casa explicou o apelo. Limpos e branqueados, os crânios se transformavam em belas obras de arte decorativas, especialmente quando chifres longos e curvos permaneciam fixados. Era isso que Georgia O'Keeffe buscava.

Nós não compramos, mas Thill, que passou a esta atividade após 17 anos pescando caranguejos no Mar de Bering, parecia feliz apenas por nos falar a respeito. Em uma edícula, ele nos mostrou os besouros em ação, que também costumam ser usados na limpeza de espécimes de museu.

"É difícil consegui-los", disse Thill. Ele comprou os primeiros besouros para sua colônia após cultivar cuidadosamente outro dono. "Eu precisei de dez viagens para Montana e 20 engradados de cerveja."

A esta altura nós estávamos em meados da segunda semana e voltando para casa. Em vez de dirigirmos diretamente para o leste saindo de San Francisco, nós seguimos para o norte pela Interestadual 5, passando por um majestoso vulcão coberto de neve chamado Monte Shasta e entrando no Oregon, em uma rota escolhida para passar por alguns dos parques nacionais mais conhecidos. Viajando em meados do verão, nós temíamos estradas repletas de carros. Mas talvez por estarmos nos parques nos dias úteis, as hordas não se materializaram. Nos campings nós tínhamos vizinhos, mas nada parecia lotado. Quanto aos parques, se mostraram à altura de sua fama.

No Crater Lake National Park, no Oregon em uma segunda e terça-feira, nossa van era o único veículo estacionado em alguns dos mirantes na estrada e nos sentimos quase sozinhos olhando para esta joia de lago, uma piscina sem fundo em uma velha caldeira vulcânica, colorida com o mais azul dos azuis na palheta da natureza. Barcos são em grande parte proibidos e nenhuma edificação se encontra em suas margens; o silêncio reforçava uma sensação de paraíso remoto.

O leste do Oregon deu espaço ao oeste de Idaho em um longo tapete de sálvias, interrompido por plantações irrigadas na rica área agrícola ao redor de Boise -e, antes disso, a adorável cidadezinha de Vale, Oregon, cuja rua principal de livro de fotos se ergue à sombra de uma montanha.

A caminho do Craters of the Moon National Monument (monumento nacional das Crateras da Lua), nossa unidade de GPS nos deixou na mão, nos enviando para uma estrada fechada para obras. Nós fomos resgatados em Richfield, Idaho, pela sorridente e grisalha Betty Piper, da loja Pipers, que funciona na cidade de 1939.

Tantos viajantes estavam pedindo informações para Piper que ela imprimiu mapas do Google para poder distribuí-los. Ela também explicou o fechamento da estrada: as equipes estavam corrigindo uma curva ruim quando uma explosão expôs um grande buraco que precisava ser preenchido: uma caverna de lava.

"Nosso deserto provavelmente está cheio delas", ela disse.

A lava fica acima do solo nas Crateras da Lua, uma vasta paisagem adorável de campos de lava e cones de cinzas, com sempre-vivas brotando entre os pedregulhos como espécimes de viveiro cercados por estrume e palha. A estrada era livre de movimento e com belas vistas; a escalada de um dos cones de cinza foi agradavelmente árdua e recompensada com uma vista ampla. O local também serviu como uma introdução geológica ao Yellowstone National Park, a cerca de 160 quilômetros a nordeste.

O ponto quente sob Yellowstone, responsável pelos seus gêiseres e fontes escaldantes, costumava ficar sob Idaho. A crosta da Terra está em movimento sobre este ponto quente há milhões de anos e, de tempos em tempos, o material derretido escapa para a superfície.

Seu legado marcha do oeste para o leste, atravessando Idaho, na forma de uma série de testemunhos mais velhos até mais novos de erupções anteriores e, finalmente, até a lava e cinzas nas Crateras da Lua, onde a erupção mais recente ocorreu há dois mil anos. Logo será a vez de Yellowstone. E apesar de "logo", neste contexto, significar aproximadamente nos próximos mil anos, ainda assim foi um pensamento sério no dia seguinte na Bacia do Gêiser Norris, no noroeste de Yellowstone, onde uma passarela de madeira balança em meio ao vapor infernal, aos lagos vaporosos e crosta pantanosa traiçoeira, tudo isso hipnotizante.

O tempo nos venceu nas Black Hills, onde um pneu furado em Deadwood, Dakota do Sul, nos roubou as horas que esperávamos passar no Badlands National Park. Agora só nos restava um fim de semana antes do primeiro dia de volta ao trabalho em Nova York. Correndo para o leste, cruzando os amplos campos de Dakota do Sul e Minnesota, nós estudamos os mapas em busca de um prêmio de consolação, uma última parada viável na manhã de nosso último dia de maratona na direção.

A International Crane Foundation (fundação internacional do grou), escondida em uma estrada tranquila em Baraboo, Wisconsin, nos reteve mais tempo do que planejávamos, mas valeu a pena. Os grous são espécies ameaçadas e a fundação, em atividade desde 1973 para promover sua procriação e preservação, conta com representantes de todas as 15 espécies de grou no mundo. A maioria está em exposição, desfilando em toda sua graça desajeitada em longos cercados verdejantes ao ar livre.

Os grous asiáticos e africanos eram interessantes de se olhar -e também olhavam curiosamente para nós, uma experiência de olhos nos olhos no caso de uma espécie de 1,80 metro da Índia. Mas o tema desta viagem eram os Estados Unidos e permanecemos para observar o grou-canadiano -a espécie que atrai milhares de pessoas ao Nebraska todo ano durante sua migração de primavera- e, especialmente, o grou-americano.

A maioria dos americanos conhece a história dos grous-americanos, caçados e reduzidos a apenas 16 aves nos anos 40, e então recuperados da beira da extinção, com a ajuda dos conservacionistas, até uma população atual, precária, de poucas centenas.

O par que no final projetou suas cabeças para fora da relva em Baraboo emanava dignidade. Altos, de penas brancas e majestosos, eles observaram, quase sem se mover, enquanto a relva se agitava gentilmente ao seu redor- aves fantasmas de alguma forma se agarrando à vida.

Apenas outra maravilha nesta terra maravilhosa
  • Patrick Jude Wilson / The New York Times

    No Deserto de Sal de Bonneville, a vista do local, com picos se erguendo e um lugar para lavar os pés após uma aventura pelo sal, que é estranhamente úmido e pegajoso, compõem o cenário


Se você for, e for, e for...

Onde ficar
O site do governo federal www.recreation.gov
reúne as informações sobre os campings dirigidos por várias agências federais. Reservas para alguns locais podem ser feitas pelo site ou por telefone (877-444-6777); outros campings funcionam na base do primeiro que chegar é atendido. Uma das muitas opções federais é o Canning Creek Campground (945 Lake Road, Council Grove, Kansas; 620-767-6745), dirigido pelo Corpo de Engenheiros do Exército.

Para os parques nacionais, busque cada parque individualmente no endereço www.nps.gov, já que muitas áreas de camping são administradas por empresas privadas, prestadoras de serviço ao governo. No Crater Lake National Park, as áreas confortáveis do Mazama Village (Route 62, Crater Lake National Park; 888-774-2728) são administradas pela Xanterra Parks & Resorts (www.xanterra.com).

Os parques estaduais também oferecem milhares de espaços para camping, com regras e preços variados. Um espaço no Donner Memorial State Park na Califórnia (12593 Donner Pass Road, Truckee, Califórnia; 530-582-7894; www.parks.ca.gov/?page--id503; reservas pelo telefone 800-444-7275 ou www.reserveamerica.com). Um no Henry's Lake State Park em Idaho, a 24 quilômetros da entrada oeste do Yellowstone National Park, custava US$ 27,56 (3917 East 5100 North, Island Park, Idaho; 208-558-7532; www.parksandrecreation.idaho.gov/parks/henryslake.aspx; reservas pelo telefone 888-922-6743).

Várias empresas publicam listagens dos campings privados, que variam de básicos a luxuosos, com variedade semelhante de preços. Um espaço para tenda em meio às altas sempre-vivas no Chief Hosa Lodge and Campground (27661 Genesee Drive, Golden, Colorado; 303-526-1324; www.chiefhosa.org) custava US$ 22.

Muitos, mas não todos, supermercados Wal-Mart permitem que veículos de recreação fiquem estacionados durante a noite em seus estacionamentos sem cobrança. Os viajantes devem ligar com antecedência para a loja específica ou chegar durante o horário de funcionamento para pedir permissão.

O que ver

Tallgrass Prairie National Preserve (Cottonwood Falls, Kan.; 620-273-8494; www.chiefhosa.orgwww.nps.gov/tapr/index.htm), diariamente das 9h às 16h30; entrada gratuita.

Lariat Loop Road na Lookout Mountain, Colorado, entre as Rotas 40 e 6 ao sul de Golden, Colorado.

John Wesley Powell River History Museum (1765 East Main Street; Green River, Utah; 435-564-3427; www.jwprhm.com), aberto diariamente; ingresso: US$ 4.

A parada do Deserto de Sal de Bonneville fica na Interestadual 80, no sentido oeste, em Wendover, Utah; www.history.utah.gov/apps/markers/detailed--results.php?markerid3229.

Wilder Ranch State Park (Rota 1, Santa Cruz, Califórnia; 831-426-0505; www.parks.ca.gov/default.asp?page--id549). Estacionamento: US$ 8.

Crater Lake National Park (Crater Lake, Oregon; 541-594-3000; www.nps.gov/crla). Ingresso: US$ 10 por carro.

Craters of the Moon National Monument and Preserve (Rota 20, Arco, Idaho; 208-527-1300; www.nps.gov/crmo). Ingresso: US$ 8 por carro.

Yellowstone National Park (307-344-7381; www.nps.gov/yell).

International Crane Foundation (E-11376 Shady Lane Road, Baraboo, Wisconsin; 608-356-9462; www.savingcranes.org). Entrada: US$ 9,50.

Onde comer
Saddlerock Caf? (15 South Sixth Street, Council Grove, Kansas; 620-767-9000). O Saddlerock Omelette, com quatro ovos, linguiça, presunto, queijo cheddar, cebolas, pimentão e tomate, custa US$ 7.

Hotel Colorado (526 Pine Street, Glenwood Springs, Colorado; 970-945-6511; www.hotelcolorado.com). O almoço especial, com uma pequena salada ou sopa e meio sanduíche do dia, custa US$ 7,50.

Onde comprar
Corralitos Market & Sausage Company (569 Corralitos Road, Corralitos, Califórnia; 831-722-2633).

San Gregorio General Store (Highway 84 com Stage Road, San Gregorio, Califórnia; 650-726-0565; www.sangregoriostore.com).

Mark Thill, taxidermista (22911 Highway 20 East, Bend, Oregon; 541-385-6828). Um crânio bovino de chifre longo, limpo por besouros e branqueado, custa cerca de US$ 350.

Barbara Ireland é vice-editora de Viagem do "The New York Times".
* Texto publicado originalmente em agosto de 2009.
Tradução: George El Khouri Andolfato

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