UOL Viagem

23/09/2009 - 20h13

Villa de Leyva é testemunha de passado colonial espanhol

BRUNO ARAGAKI
Colaboração para o UOL Viagem
A 2.100 metros de altitude, Villa de Leyva revela ao turista um aspecto que poucas vezes é associado à Colômbia no exterior: a cultura andina, temperada pela fusão entre as tradições indígenas e as dos espanhóis, que se instalaram no alto das montanhas quase cinco séculos atrás.

Os prédios bem conservados e a vida cultural agitada do vilarejo dão provas dessa combinação: a cidade tem cara europeia, com igrejas e fachadas de estilo ibérico, mas o espírito é latino-americano, com o vaivém de seus 12 mil habitantes vestidos à andina e a música dos bares que reúnem turistas e locais.

Apesar de muitos estrangeiros já terem "descoberto" a cidadezinha, a maior parte dos visitantes - estimam-se 20 mil por ano - são colombianos. Para quem estiver no país, passar por Villa de Leyva (se pronuncia "bidja dê lêiba") é uma alternativa autêntica para fugir dos típicos "programas de gringo".
  • Bruno Aragaki/UOL

    Usadas originalmente para transportar trabalhadores rurais, as 'chivas' se tornaram atrações turísticas na Colômbia. Em Villa de Leyva, são elas que levam pelo 'tour' pela cidade

Diferenças à parte, pode-se dizer que Villa de Leyva está para os "rolos" (termo usado para designar os moradores de Bogotá) como Campos do Jordão está para São Paulo, ou Petrópolis para os cariocas. Nos fins de semana e feriados prolongados, os habitantes da metrópole partem em direção à cidadezinha cravada entre as montanhas em busca de ar fresco, paisagens naturais, sossego ou badalação - há programa para todos os gostos.

A caminho de Villa de Leyva

Partindo de Bogotá, é possível chegar de ônibus em três horas e meia, cruzando estradas que contornam a Cordilheira dos Andes. As linhas diretas entre as duas cidades são pouco frequentes, então a melhor opção é ir primeiro a Tunja, capital do departamento (equivalente aos nossos Estados) do Boyacá, ao qual também pertence Villa de Leyva.

A primeira parte da viagem dura mais ou menos duas horas, em ônibus de viagem ou vans que saem a cada meia hora do Portal Norte de Bogotá. As vias são asfaltadas e razoavelmente seguras.
  • Bruno Aragaki/UOL

    No caminho entre Bogotá e Villa de Leyva, Tunja é representativa da arquitetura colonial espanhola


Cafezinho em Tunja

Em Tunja, o desembarque é feito na estação rodoviária (terminal de tranporte, em espanhol). É de lá que partem as vans em direção à Villa de Leyva. Até às 19h30, há vários ônibus fazendo o trajeto (em vésperas de feriado, eles saem a cada 15 minutos), o que permite ao turista dar uma voltinha na capital boyacense antes de seguir a viagem.

Da rodoviária ao centro da cidade, são três quadras subindo ladeiras. Seguindo as placas, chega-se à Plaza de Bolívar, que tem no centro uma estátua em homenagem ao herói da independência da América espanhola. De frente para a estátua está a Catedral de Tunja, com portal em estilo renascentista construída em 1600.

As ruas do centro histórico de Tunja dão uma prévia do que se encontrará em Villa de Leyva: construções espanholas do período colonial, em que chamam a atenção as varandas trabalhadas em madeira.

Antes de voltar à rodoviária, vale a pena entrar em um dos muitos cafés espalhados pelo centro da cidade. Os "hits" locais são a arepa boyacense, espécie de bolo achatado feito de milho, e o "chocolate con queso" - o ritual é cortar o queijo em pedacinhos e mergulhá-los na bebida quente.
  • Bruno Aragaki/UOL

    Com 14 mil metros quadrados, a Plaza Mayor de Villa de Leyva forma uma espécie de clareira em meio às construções coloniais


Filme de época

Os espanhóis fundaram Villa de Leyva em 1572, "atraídos pelo clima ameno que a altitude oferece. A Colômbia está em área equatorial. Onde não há montanhas, o calor é extremo", explica Enrique Maldonado, fundador do Centro de Estudos Históricos de Villa de Leyva.

Construíram casas e edifícios para abrigar a burocracia colonial espanhola e os funcionários do rei - o que explica o tamanho e o luxo das construções. Uma peste nas plantações de trigo no século 18 fez a cidade se esvaziar. "Todo mundo foi embora, e desde então, aqui, é como se o tempo tivesse parado", diz Maldonado.

Praticamente intacta desde que foi levantada, Villa de Leyva parece cenário de um filme de época. As casas são brancas, com portas e varandas de madeira pintadas de verde.

A praça central quadrada - típica das cidades espanholas - é uma das principais atrações: são 14 mil metros quadrados vazios, equivalente a dois campos de futebol, que formam uma espécie de clareira em meio às construções coloniais.

Oito festivais anuais ocupam todo esse espaço: Festival da Astronomia em fevereiro e a Semana Santa em abril abrem o calendário. Em seguida, de junho a outubro, há um evento por mês: aniversário da cidade, Virgem do Carmen, Festival de las Cometas (pipas), Festival Gastronômico e das Árvores. O Festival das Luzes encerra o ano, em dezembro.

As datas mudam conforme os anos. O site oficial da cidade traz as datas.

Atrativos

Caminhar pelas ruas de pedra e apreciar a arquitetura espanhola em terras sul-americanas costumam ser o ponto de partida das visitas à Villa de Leyva. O ambiente da cidade, principalmente ao cair da noite, é bastante boêmio: há música ao vivo nos bares que circulam a Plaza Mayor, gente tocando instrumentos musicais nas ruas e grupos de jovens caminhando sem rumo.

O lado oposto à Iglesia Parroquial abriga bons restaurantes com preços menores que os praticados no Brasil. A oferta vai de pratos colombianos (um dos ícones é o ajiaco, sopa em que se misturam milho, mandioca, pedaços de frango e legumes) a comida mexicana, italiana ou árabe.

Museus pequenos, mas bem cuidados, conventos e casas de personalidades ajudam a entender a história do local. A Casa Museo Antonio Ricaurte, que vale mais pela construção que pelas armas expostas, e a Casa del Congreso, onde funciona a secretaria de turismo, são alguns exemplos.

A cidade é pequena, e os pontos turísticos urbanos se concentram na Plaza Mayor ou nas ruas em volta dela.

Para visitar as atrações na zona rural, a maneira mais prática é usar táxis - as corridas são muito baratas. Vale a pena ver o museo do fóssil, que tem um esqueleto de um cronossauro de 20 metros, "infiernito", parque arqueológico com construções pré-colombianas, e os "pozos azules", águas de cor viva devido aos sais depositados no fundo do lago.

A granja de avestruzes, a 20 minutos a cavalo desde o centro da cidade, é ponto de encontro de quem tem paladar curioso: as especialidades são o churrasquinho da carne da ave e os omeletes feito com os ovos que pesam até 1,3 kg.
  • Arnoldo Vanegas-IdearTV/Divulgação Alc. Vleyva

    Em meio a uma região de aspecto desértico, três poços de água extremamente azul formam uma espécie de oásis nos arredores de Villa de Leyva


O BÁSICO

Como chegar
El Dorado, em Bogotá, é o principal aeroporto da região. Há voos diretos de São Paulo pela Avianca, e de Manaus pela Gol. Copa, Lan e Taca têm trajetos com escalas.
Na capital colombiana, os ônibus para Tunja e Villa de Leyva saem do Portal Norte, terminal da linha B do Transmilenio (sistema de corredores de ônibus bogotano). As corridas de táxi dentro das cidades são mais baratas que no Brasil.
É preciso ficar atento ao horário: depois das 19h30, não há ônibus para o trajeto Tunja - Villa de Leyva.

Aeroporto
www.elnuevodorado.com

Cias aéreas
Avianca (direto de São Paulo)
www.avianca.com

Gol (direto de Manaus)
www.voegol.com.br

Copa (com escala na Cidade do Panamá)
www.copaair.com

Lan (com escala em Lima, Peru)
www.lan.com

Taca (com escala em Lima, Peru)
www.taca.com

Onde ficar
Uma opção comum de alojamento em Villa de Leyva é em casas de moradores da cidade, que alugam quartos para turistas e normalmente oferecem café da manhã. A Secretaria de Turismo, na Carrera 9 No. 13-11, oferece indicações.

Pousadas
Posada Villa Paz de Villa de Leyva
Carrera 11a no 12-27
(57 8) 7320 730

Posada San Martín de Villa de Leyva
Calle 14 no 9-43
(57 8) 7320 428

Hotéis
Hotel Getsemaní
Av. Perimetral No. 10-35
(57 8) 7320 326

Hotel Plaza Mayor
Cra 10 No. 12-31
(57 8) 7320 425

Mais hotéis
www.expovilla.com/espanol/hospedaje/hoteles.htm


O que levar
Roupas para frio ameno (durante o dia, a temperatura fica em torno de 20ºC. Durante a noite, pode cair para 12ºC). Guarda-chuva e capa podem ser necessários, já que chove com certa frequência.

Segurança
O departamento do Boyacá é considerado um dos mais seguros da Colômbia. Em feriados prolongados e festivais, é comum ver soldados nas ruas ajudando a polícia local a fazer a segurança dos turistas.

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