UOL Viagem

04/09/2009 - 16h00

Comida sulista, motos e velocidade em 36 horas em Birmingham, no Alabama

JIM NOLES
New York Times Syndicate
Nos tempos dourados da viagem ferroviária, uma placa proclamando "Bem-vindo a Birmingham, a Cidade Mágica" saudava os passageiros que chegavam à Estação Terminal. Apesar da estação atualmente ser apenas uma lembrança, a maior cidade do Alabama ainda mantém uma capacidade especial de surpreender os não iniciados - particularmente os visitantes modernos que chegam com lembranças coletivas do passado violento de direitos civis da cidade. Esse passado certamente está representado em memoriais, mas o lugar tem muito a oferecer: interpretações sedutoras da cozinha sulista, um parque de esportes a motor de fama nacional e oportunidades de compras de artigos de luxo.

Sexta-feira

16h - Imponente no alto
Em 1871, Birmingham foi incorporada ao cruzamento estratégico de duas linhas férreas, onde os depósitos locais de minério de ferro e carvão poderiam nutrir as fornalhas da jovem cidade. A visão dos fundadores foi tão bem-sucedida que quando o Clube de Comércio da cidade foi convidado a enviar um símbolo de Birmingham à Feira Mundial de 1904, ele encomendou uma estátua em ferro de Vulcano, o deus-ferreiro romano. Hoje, a estátua impressionante (1701 Valley View Drive; 205-933-1409; www.visitvulcan.com) fica no topo da Montanha Vermelha, oferecendo uma vista inigualável da silhueta de Birmingham - e fornecendo aos moradores do centro de Homewood, ao sul da montanha, uma vista da enorme corcova nua de Vulcano.
  • Gary Tramontina/Divulgação

    O animado happy-hour no Highlands Bar & Grill


18h - Não é o mingau da vovó
Em março, a Fundação James Beard anunciou que o Highlands Bar & Grill (2011 11th Avenue South; 205-939-1400; www.highlandsbarandgrill.com) era um dos cinco finalistas ao prêmio de melhor restaurante deste ano. Isso não causou surpresa aos fãs do chef e proprietário Frank Stitt, que combina habilmente ingredientes frescos, rurais, e técnica de inspiração francesa. O mingau de milho assado, moído na pedra e acompanhado de presunto Smoky Mountain, cogumelos, tomilho e queijo parmesão (US$ 10), é um prato favorito no restaurante há anos. Faça reserva com antecedência, mas chegue cedo para um drinque no bar, onde ostras frescas (US$ 13) abrem o apetite para entradas como o carneiro com hortelã fresca e ervilhas (US$ 13).

21h - Só trabalho e nada de diversão...
Uma cria de Alan Hunter, um dos V.J.s originais da MTV, o WorkPlay (500 23rd Street South; 205-879-4773; www.workplay.com) é um complexo de entretenimento que inclui um espaço para música ao vivo, um bar lotado com uma clientela na faixa dos 20 anos, um palco de som profissional e até mesmo um conjunto de escritórios para profissionais criativos à beira do distrito de depósitos de Birmingham. O bar geralmente fica vazio quando a música ao vivo começa a rolar na porta ao lado, cortesia de atrações que variam do cantor/compositor Neko Case até os roqueiros sulistas da Zac Brown Band. A intimidade faz parte do apelo. Uma simples distância de um braço separa os músicos da platéia. Confira o site do WorkPlay para a programação e compra de ingressos.

Sábado

8h - Café da manhã continental
Passando o cume da Montanha Vermelha, a Continental Bakery (1909 Cahaba Road; 205-870-5584; www.birminghammenus.com/chezlulu/) saúda os visitantes à English Village, um pequeno distrito comercial à beira de um subúrbio rico de Mountain Brook. Dentro da loja estreita, mostradores enfileirados exibem baguetes frescas, pães e doces que conjuram o ambiente de Dijon, não de Dixie. Do lado de fora, pegue uma cadeira em uma mesa na calçada, brinque com o cachorro do vizinho e desfrute o croissant (US$ 2,15) de Carole Griffin, a padeira e proprietária da loja.

10h - Basta uma vila
Descendo a colina da English Village, Mountain Brook Village abriga lojas finas, adequadas às origens da área como um refúgio suburbano arborizado para as chaminés que expeliam fuligem da antiga Birmingham industrial. Na Table Matters (2402 Montevallo Road; 205-879-0125; www.table-matters.com), os clientes se espremem enquanto procuram presentes que variam de cristais William Yeoward até cerâmica Good Earth produzida pelo artesão Richie Watts do Mississippi. Do outro lado da rua na Etc. (2421 Montevallo Road; 205-871-6747), maridos procuram discretamente orientação sobre as mais recentes jóias da designer Priyadarshini Himatsingka e bolsas de Monica Botkier. Perto dali, a Henry Maus Antiques (2734 Cahaba Road; 205-802-2220; www.henrymausantiques.com) oferece uma seleção de antiguidades européias do século 18 e 19. Uma pequena pausa para conversa com o sr. Maus, nascido na Bélgica, revelará a paixão dele por móveis projetados por arquitetos daquela época, como a pequena mesa de café de Charles Dudouyt que ele exibe perto dos fundos de sua loja - ele também explicará por que aquela peça não está à venda.

12h30 - Minha nossa, dona Myra
Em qualquer artigo de viagem que fale do Alabama, é de se esperar uma referência a churrasco. Aqui vai ela. Apesar de cada morador de Birmingham ter seu favorito, o Miss Myra's Pit Bar-B-Q (3278 Cahaba Heights Road; 205-967-6004) entra na pequena lista de qualquer aficionado. A clientela no almoço é constante, entrando tarde adentro, à medida que o aroma fragrante que sai da grande chaminé de tijolos atravessa o estacionamento. Lá dentro, a decoração da ex-loja de conveniência é em grande parte uma celebração das antigas glórias da Universidade do Alabama; uma exibição de porcos de porcelana doados por clientes locais oferece sua homenagem aos pratos mais apetitosos do restaurante. São oferecidos, é claro, pratos e sanduíches de carne de porco (US$ 3,50) e costela (US$ 4,50), mas o molho branco que é especialidade de Myra Grissom (uma mistura de maionese, pimenta e vinagre) casa particularmente bem com seu frango (US$ 7,65 o prato, incluindo as duas metades).
  • Gary Tramontina/Divulgação

    Uma das exibições do Birmingham Civil Rights Institute


14h - Um monumento à injustiça
Dois museus muito diferentes oferecem vislumbres igualmente persuasivos de Birmingham -um de seu passado, o outro de seu futuro. Em frente à histórica Igreja Batista da Rua Dezesseis (local do infame atentado a bomba que matou quatro meninas em 1963), o Instituto dos Direitos Civis de Birmingham (520 16th Street North; 205-328-9696; www.bcri.org) conta a história do movimento dos direitos civis no Alabama e além, assim como fornece um lembrete sério de quão longe a cidade e o país avançaram em quatro décadas. A igreja, que ainda atende a congregação do centro, oferece visitas de terça a sexta e, apenas com agendamento, aos sábados (205-251-9402).

16h - Necessidade por velocidade
Vinte minutos ao leste da cidade, nas colinas arredondadas ao longo do Rio Cahaba, o Barber Vintage Motorsports Museum (6030 Barber Motorsports Parkway; 205-699-7275; www.barbermuseum.org) aponta para como poderá se desdobrar a futura reputação de Birmingham. O museu alega dispor da maior coleção de motos na América do Norte (mais de 900 motos no total) em um espaço arejado de cinco andares que parece tanto um museu de arte quanto um estacionamento de frota de veículos. O Barber Motorsports Park (www.barbermotorsports.com) é vizinho ao museu. Seu criador, George Barber, compara sua propriedade imaculadamente cuidada à "imperatriz das pistas de corrida". Em uma recente visita, motociclistas da Northeast Sportbike Association aceleravam na pista; duas semanas depois, o autódromo recebeu os testes pré-temporada da Indy Racing League.
  • Gary Tramontina/Divulgação

    Algumas das motos em exposição no Barber Vintage Motorsports Museum


18h - Cadeiras na primeira fila
Apesar do peixe no nome de seu restaurante, Chris Hastings, o chef e proprietário do Hot and Hot Fish Club (2180 11th Court South; 205-933-5474; www.hotandhotfishclub.com), recomendou rapidamente o aperitivo de barriga de porco (que de lá para cá foi substituído por um prato de presuntos, salsichas e chouriços, US$ 15). "Ele libertará sua mente", ele disse. O prato combinava uma gordura que derretia na boca com a quantidade certa de pele crocante. "Eu pego minha carne de porco de Henry Fudge, no norte do Alabama", acrescentou Hastings. "O homem é um gênio dos porcos." Aparentemente é verdade. Hastings revelou um entusiasmo semelhante por seu peixe grelhado simples (US$ 36), na época um pampo que no dia anterior a ser servido estava nadando no Golfo do México. Ele foi servido inteiro sobre uma cama de cuscuz. É sugerido fazer reservas, já que há cadeiras no balcão do chef, onde a conversa com outros clientes flui naturalmente.

Domingo

11h - Brunch no parque
Little Savannah (3811 Clairmont Avenue; 205-591-1119; www.birminghammenus.com/littlesavannah), às margens do bairro histórico de Forest Park, chama a si mesmo de "bistrô pitoresco de bairro do sul" -uma descrição pertinente. Durante uma recente visita, os pedidos de rabanada recheada com cream cheese de amora-noz pecã (US$ 11) e de bolo de siri com bacon, creme de espinafre e ovo poché (US$ 16) ameaçaram perturbar a paz do domingo com um debate animado sobre qual era melhor. É recomendado fazer reserva.

O básico

Para circular pela cidade, você precisará alugar um carro; os táxis são raros fora do aeroporto e o serviço de ônibus deixa a desejar.

O Tutwiler Hotel (2021 Park Place North; 205-322-2100; www.thetutwilerhotel.com), uma propriedade Hampton Inn, oferece ambiente histórico do século 20 e uma localização central. Diárias a partir de US$ 149.

Trinta minutos fora da cidade, o Marriott's Renaissance Ross Bridge Golf Resort & Spa (4000 Grand Avenue, Hoover; 205-916-7677; www.marriott.com) oferece confortos modernos, um spa com serviço completo e um campo de golfe com 18 buracos no aclamado Robert Trent Jones Golf Trail (www.rtjgolf.com) do Alabama. Diárias a partir de US$ 279.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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