UOL Viagem

01/08/2009 - 12h44

Visitante ou turista? As muitas faces do Brasil no oitavo dia da Expedição Brasil Melhor

FABIO PANZA
Participante da expedição
Amanhecer nas montanhas de Minas. Ar frio com promessa de dia quente pra começar o trajeto que os diamantes e o ouro seguiam até o embarque em Parati. A Estrada Real, patrocinada pelos governos estaduais e iniciativa privada (acho que todos já vimos as propagandas) está em boas condições de pavimento e com marcos típicos em toda sua extensão. A seqüência de colinas e depois montanhas é o ambiente ideal para nossos veículos. Literalmente "sobra" motor nas subidas e alguns expedicionários inclusive fizeram o trajeto sem a tração integral.

Após oitos dias começamos a perceber a enormidade do que fizemos (estamos fazendo). Cruzamos o Brasil de norte a sul superando litoral, agreste, caatinga, serrado e montanhas. Encontramos a história, recente e de séculos. Assistimos de perto as paisagens e pessoas mudando ao longo do caminho.

Sempre achei que o avião tornava o transporte tão rápido e fácil que o lugar onde se chega está ficando cada vez mais parecido com o lugar de onde se saiu, derrotando a necessidade da viagem. Voe de São Paulo a qualquer capital e você vai encontrar a mesma cadeia de fast-food, lojas no aeroporto e tipo padronizado de hotel. Mesmo os regionalismos são pasteurizados para agradar um público cada vez maior e menos exigente.
Mas saia de carro do aeroporto e dirija dois dias em qualquer direção e você passa e ser tratado como visitante, não como turista. As pessoas têm o prazer não-comercial de te receber, te mostrar como a cidade, comida, as festas delas são boas. Receber bem é um ato humano básico e universal, manifestação de orgulho com suas próprias coisas (tanto que é sempre seguido pela pergunta: gostou?). E nós fomos sempre muito bem acolhidos. Bem tratados no litoral, no Cariri, em Canudos e no esconderijo de Maria Bonita. Bem recebidos na chapada, em Salinas e Diamantina, e aqui em Ouro Preto.

A trilha teve poucos eventos. Um pneu furado, uma parada para pescaria em beira de rio, nada mais. Na parada pra almoçar encontramos, em Mato Adentro, uma pequena mercearia servindo almoço cuja decoração e atenção ao detalhe nada devem à Vila Madalena. Escondido fora do trajeto da Estrada Real e completamente fora do circuito turístico, o dono funciona há dois anos sem nenhuma publicidade, pois prefere "não ser atropelado por um monte de gente". Sorte de quem sabe onde fica.
Rápido trecho de asfalto até Ouro Preto, onde escrevo o diário ouvindo os músicos do restaurante aqui ao lado tocando um dueto de violão e assovio que não tem hora pra acabar...

Amanhã: é verdade que está chovendo muito em São Paulo?

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