UOL Viagem

28/07/2009 - 16h58

Esconderijo de Maria Bonita é uma das paradas da Expedição Brasil Melhor

FABIO PANZA
Participante da expedição
Paulo Afonso! Na saída uma surpresa: o apoio do Jeep Clube local se manifestou na forma de uma pista de provas com atoleiros profundos onde vários carros ficaram parados e alguns tiveram de ser rebocados. Animação logo cedo, ainda antes de sairmos para o trecho. O trabalho constante da equipe mecânica tem evitado baixas permanentes entre os veículos, mas os vários pneus furados e a necessidade de peças específicas têm provocado frequentes visitas às concessionárias.
  • Poio Estavski

    Raso da Catarina, na Bahia, foi o esconderijo de Lampião


Hoje cruzamos o Raso da Catarina, grande área do norte da Bahia onde a caatinga, verde e florida pelas chuvas, não perdeu nada de sua agressividade e resistência à entrada do homem. Mesmo pequenos desvios da rota aberta fazem os veículos pararem num emaranhado de galhos duros e espinhos. Visitamos uma comunidade quilombola na baixa do Chico, onde seu Lino, um cafuso que lidera uma dúzia de famílias com o título de cacique, nos recebeu e mostrou as redondezas. Seguimos a pé por um cânion seco com grandes paredes de arenito se erguendo em ambos os lados. Ocultas pela vegetação baixa havia várias cavernas rasas, com alguns metros de diâmetro, onde se podia facilmente imaginar as condições do esconderijo de Maria Bonita. De volta à comunidade, entregamos duas cestas básicas a cada uma das famílias que vivem de agricultura de subsistência em uma terra da qual não detêm a posse legal, mesmo após ocupá-la por muitas décadas.

Seguindo pela caatinga em direção a Canudos, a original, destruída e depois alagada, cortamos uma linha reta de quase 80 quilômetros em terreno arenoso e pouco fértil. Propício às emboscadas que dizimaram as três primeiras expedições contra Conselheiro. Uma pausa para um churrasco sob a única árvore que vimos durante todo o dia, motivo de alegria entre gaúchos, curitibanos e araraquarenses. A disputa sobre tudo, desde como acender o fogo a como apagá-lo animou a continuação da travessia de uma terra saída diretamente das páginas da primeira parte d'Os Sertões.

Ao fim do trecho, a preocupação: sete dos veículos não chegaram, mesmo após uma espera prolongada. O alcance dos rádios, nas melhores situações uns dez quilômetros, não era suficiente para o grande deslocamento realizado. Onde falha a tecnologia, vence a boa organização. Rapidamente um veículo de resgate foi equipado e seguiu de volta para a trilha com um dos mecânicos e mais três expedicionários (o outro mecânico estava num dos veículos faltantes). O equipamento médico foi transferido para o veículo mais rápido disponível e ficou a postos. Após alguma espera, o alívio: uma inacreditável sequência de pneus furados reteve dois dos veículos, o restante se manteve junto para fornecer apoio.

Finalmente chegamos a Euclides da Cunha para celebrarmos seu centenário e descansarmos um pouco.

Amanhã: a longa travessia.

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