UOL Viagem

18/06/2009 - 07h00

Descubra o mais famoso "buraco" do mundo em 36 horas

BROOKS BARNES
New York Times Syndicate
Com mais de um quilômetro e meio de profundidade em seu ponto mais majestoso, o Grand Canyon ainda pode fazer cair o queixo mais calejado. O sol brilhando pela rocha exposta, as curvas delicadas do Rio Colorado, os pássaros cantando nos pinheiros - e então um ônibus passa por você à procura dos melhores cartões postais no parque. Sim, o Grand Canyon é grande de todas as formas, incluindo na categoria armadilha para turistas. Mais de quatro milhões de pessoas visitam este canto remoto do Arizona a cada ano, e a experiência pode ser um pouco como a "morte na loja de presentes" caso você não planeje com antecedência - uma necessidade mesmo se você curtir multidões e kitsch. Na alta temporada, de maio a setembro, os quartos de hotel são reservados com meses de antecedência, o mesmo para os passeios de mula, e certos passeios de bote podem exigir uma espera de um ano ou mais. Ah, nada como lugares ermos!
  • David Kadlubowski/NYT

    Pôr-do-sol no Grand Canyon é uma das muitas atrações da região


Sexta-feira


17h - O evento principal

Guardar o melhor para o final? Não nesta viagem. Após dirigir os 130 quilômetros de Flagstaff, Arizona, o destino onde a maioria dos viajantes aéreos pousa, siga para o El Tovar Hotel (Grand Canyon Village, 928-638-2631; www.grandcanyonlodges.com). O hotel histórico, propositadamente construído em um ângulo em que os hóspedes precisam deixar seus quartos para ver mais do que um vislumbre do esplendor, conta com um dos pontos de acesso mais fáceis para a beira do desfiladeiro. Estique suas pernas com uma caminhada ao longo da porção leste da trilha de 21 quilômetros pela borda, que poderá deixar você sem fôlego a mais de 2.130 metros acima do nível do mar. Resista à tentação de sair da trilha; os guardas do parque dizem que cerca de uma pessoa por ano cai e morre e outras ficam feridas.

19h30 - Coma bem

O El Tovar pode parecer familiar - o exterior do hotel faz uma breve aparição no filme "Férias Frustradas" (1983). Clark Griswold, também conhecido como Chevy Chase, estaciona sua station wagon verde ervilha e assalta a recepção. Ele ao menos devia ter jantado primeiro. O restaurante do El Tovar (928-638-2631, ramal 6432) é de longe o melhor da área. Enquanto a lenha queima nas lareiras gêmeas, relaxe com o Arizona Sunrise (suco de laranja, tequila e licor de romã; US$ 5,99) e curta as tecelagens navajo e hopi na parede. Para jantar, comece pela salada da casa com pinhão ao vinagrete (US$ 7,40) e escolha entre a costeleta de cervo (US$ 35,40) e o filé de lombo com camarão (US$ 34,90) como prato principal.

22h - Céu estrelado

Se o jantar saiu um pouco caro, aproveite o show gratuito posterior. Como há pouca poluição aqui -as cidades mais próximas, Phoenix e Las Vegas, ficam a 320 quilômetros ou mais de distância- o céu noturno é repleto de estrelas. Pegue um dos guias gratuitos de constelações no lobby do El Tovar e vá observá-las. Pontos extras para quem conseguir encontrar a constelação de Hydrus.
  • David Kadlubowski/NYT

    Índios apresentam danças e rituais aos turistas


Sábado


5h - Sonata ao nascer do sol

As múltiplas camadas de rocha exposta são gloriosas sob a luz matinal; baixe a trilha sonora de "2001: Uma Odisséia no Espaço" como complemento à alvorada - a combinação acentua ainda mais a experiência. Faça uma corrida ou caminhada matinal ao longo da trilha na borda, na direção oeste, e mantenha os olhos atentos aos pica-paus que voam pela manhã. Não se dê ao trabalho de chegar ao Hermit's Rest, uma casa de pedra de 1914 que leva o nome do garimpeiro franco-canadense do século 19 que a construiu. Atualmente, ela é - como você já imagina - uma loja de presentes e lanchonete.

9h - Pelo ar

Aquelas famosas mulas? Compre o cartão postal. Os animais fedem, caminham por saliências estreitas na parede do desfiladeiro e vêm com uma lista de regras intimidante. (Um manual diz: "A pessoa não deve pesar mais que 90 quilos, com toda a roupa, e, sim, todos nós pesamos!") Junte-se à era moderna e percorra o desfiladeiro a bordo de um helicóptero Eco-Star, um modelo eficiente em energia construído com mais janelas panorâmicas. Há várias empresas de turismo que oferecem voos, mas a Maverick Helicopters (Aeroporto Nacional do Grand Canyon na Estrada 64; 928-638-2622; www.maverickhelicopter.com/canyon.php) conta com uma frota nova e bom serviço. Os passeios são pessoais - sete passageiros no máximo - e o preço depende da duração do passeio, com o mais longo sendo de cerca de 45 minutos a US$ 225 por pessoa. Peça ao piloto para apontar a Torre de Ra, um alto testemunho que leva o nome do deus egípcio do sol.

Meio-dia - Prepare o piquenique

A cidade mais próxima e a localização do heliporto, Tusayan, Arizona, é uma coleção decepcionante de restaurantes fast-food, motéis e lojas de souvenires. Saia de Dodge e pegue o almoço em um balcão de delicatessen dentro do armazém geral no Market Plaza (localizado a 1,5 quilômetro ou 3 dentro dos portões do parque; 928-638-2262). Não é nada elaborado - sanduíches de pastrami e semelhantes por cerca de US$ 5,95 - mas ao menos poupará você de pedir junk food.

13h - Vista do deserto

Chegar a este ponto turístico badalado ao meio-dia manterá você longe das multidões que se reúnem para o nascer e pôr-do-sol. A vista ainda é estupenda. Da histórica Desert View Watchtower (42 quilômetros além da Market Plaza na Estrada 64 Leste), uma torre construída em 1932, é possível ver o Deserto Pintado, uma área extensa onde o vento e a chuva expuseram camadas estratificadas de minerais, que brilham em tons de violeta, vermelho e dourado. Os guardas do parque informam diariamente sobre a história cultural da área.

15h - Brincando de arqueólogo

Aqueles que gostam de atividades ao ar livre vão querer encarar outra caminhada, mais desafiadora para eles. Para aqueles que já encararam desfiladeiro suficiente por um dia, outro dos tesouros culturais da região ainda aguarda para ser explorado. Há cerca de 800 anos, Wupatki Pueblo (a cerca de 55 quilômetros ao norte de Flagstaff, pela Estrada 89; 928-679-2365) foi uma próspera base para os povos Sinagua, Kayenta Anasazi e Cohonina. Restam as ruínas de 100 quartos, incluindo um espaço que arqueólogos identificaram como uma quadra para jogo de bola, semelhante às encontradas nas culturas pré-colombianas.

17h30 - Sorvete para relaxar

Se altura não é o seu lance, relaxe: você já passou pela parte mais difícil do Grand Canyon. Recupere-se após dirigir de volta à civilização com sorvetes de casquinha no pátio do Bright Angel Lodge (cerca de duas quadras a oeste do El Tovar; 928-638-2631; www.grandcanyonlodges.com), que conta com uma fonte de refrigerante à moda antiga. Ele não mais oferece o Grand Canyon Crunch - um sorvete de café com caramelo e lascas de chocolate, que era caro demais para fazer em quantidades limitadas - mas experimente o shake de morango (US$ 4,86). Dentro do motel rústico há uma banca de jornais, uma das poucas no parque.

19h - Jantar e dança

Fora o restaurante do El Tovar, a comida aqui pode ser alarmantemente ruim. Mas tente o Arizona Room (929-638-2631; ; www.grandcanyonlodges.com/dining-418.html) dentro do Bright Angel. Os pratos são de encher a boca - salmão silvestre com chili feito na frigideira com molho de melão e pilaf de arroz preto com pinhão, US$ 22,15 - apesar da qualidade não acompanhar. A boa notícia: as mesas ao lado da janela dão vista para o desfiladeiro. Depois, fique ao redor da lareira de pedra no lobby. Com sorte, você pegará uma das demonstrações de dança hopi apresentadas aleatoriamente.
  • David Kadlubowski/NYT

    Na torre construída em 1932 é possível ver o Deserto Pintado


Domingo


10h - Lado selvagem

A Floresta Nacional de Kaibab, cerca de 650 mil hectares de pinheiros que cercam o Grand Canyon, é um destino por si só para os amantes da natureza e entusiastas por camping. Após se despedir do mais famoso buraco no chão do mundo, pare no caminho de volta para Flagstaff para explorar a Trilha de Observação da Vida Selvagem do Parque Kendrick (Estrada 180, a cerca de 32 quilômetros ao norte de Flagstaff; www.wildlifeviewingareas.com). Alces, texugos, azulões e búteos-de-cauda-vermelha são relativamente fáceis de ver, assim como lagartos com chifres curtos e uma variedade de outras criaturas da floresta. A área do Grand Canyon também é lar de escorpiões, tarântulas, cascavéis e monstros-de-gila - mas estes (em grande parte) ficam confinados ao desfiladeiro em si.

O básico

Várias companhias aéreas voam entre os aeroportos da área de Nova York e Flagstaff, Arizona, incluindo a US Airways, American Airlines e Alaska Airlines. A maioria dos voos exige conexão. Passagens de ida e volta para viagem em junho custam a partir de cerca de US$ 300, segundo uma recente pesquisa online.

O El Tovar Hotel (na saída do Village Loop na Grand Canyon Village; 888-297-2757 ; www.grandcanyonlodges.com/el-tovar-409.html) é de longe o hotel mais luxuoso da área. Ele também tem localização central e passou por uma recente reforma de US$ 5,2 milhões. As diárias para um quarto duplo padrão custam a partir de US$ 174.

Perto dali também fica o Bright Angel Lodge & Cabins (a uma curta caminhada do El Tovar; 888-297-2757; www.grandcanyonlodges.com/bright-angel-lodge-408.html), um motel com chalés, construído nos anos 30, que é despojado mas surpreendentemente confortável após uma reforma de US$ 2 milhões em 2007. Os quartos simples com banheiro privado custam a partir de US$ 90 por noite; os chalés à beira do desfiladeiro custam a partir de US$ 142.

Opções mais modernas estão disponíveis fora do parque em Tusayan, Arizona, mas os confortos são poucos. O Red Feather Lodge (Estrada 64 Norte, 106; 866-561-2425; www.redfeatherlodge.com) é um motel tão bom quanto qualquer um. As diárias do quartos simples com camas king size custam a partir de US$ 149.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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