UOL Viagem

17/10/2008 - 19h41

Importância do sal na região do Uyuni fica clara até no turismo

EDUARDO VESSONI
Colaboração para o UOL Viagem*
As sensações são mesmo extremas, até mesmo antes de chegar ao Salar do Uyuni. A um quilômetro do centro da cidade que dá nome a essa atração boliviana, o curioso Cementerio de Trenes lembra a época em que empresas francesas e inglesas apostavam na região. Hoje, esses vagões do final do século 19 que enviavam para o Chile os minerais encontrados no país são trens enferrujados que se tornaram também ponto de interesse turístico.

DESERTO DE SAL
Eduardo Vessoni/UOL
Algas e cor da terra 'pintam' a Laguna Colorada
Eduardo Vessoni/UOL
Cactos da Ilha Incahuasi
Eduardo Vessoni/UOL
Fumaça dos gêiseres atraem olhares
FOTOS DO SALAR DE UYUNI
Mas em uma região em que o sal é o principal atrativo, um cemitério de sucatas fica logo para trás e os carros 4x4 começam, mais adiante, a riscar a imensidão do Uyuni levando aventureiros em busca de novas paisagens.

O pequeno museo em Colchani é puro sal e apresenta obras de artes andinas feitas com esse produto. Os objetos vendidos do lado de fora pelos artesões locais também são de sal; e tem até hotel feito de... sal (naturalmente) onde os móveis, as paredes e o chão são construídos com esse material.

Se no Uyuni reinam as diversas possibilidades de branco, é na Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa onde as cores assumem novas possibilidades. Se você chegou até aqui, vale a pena dar uma esticada pela região em um dos tours organizados de três dias.

São 885 quilômetros Bolívia adentro por uma biodiversidade que inclui paradisíacos lagos multicoloridos, Salares em formação, desertos, restos arqueológicos e animais selvagens.

Quando o branco do Salar vai ficando para trás, a parada seguinte é um mundo que esteve submerso em águas durante milhares de anos: a Caverna das Galáxias, uma formação descoberta recentemente que guarda o que supostamente seriam as espumas das águas evaporadas que deram origem ao Salar. As formas lembram corais e fazem jus ao nome da atração. É realmente uma visita a outro mundo.

No dia seguinte, outra atração parece levar o visitante a um novo mundo: as lagoas policromáticas de água salgada localizadas em áreas de até 4.300 metros de altitude, na província de Sud Lípez, em Potosí.

A vontade é dar um pulo em suas águas absurdamente coloridas para nadar entre flamingos e gaivotas, mas o terreno pantanoso das lagoas não nos permite. A contemplação é o maior consolo.

Flamingos e gêiseres
A Laguna Colorada rouba a atenção na visita às lagoas da região. As algas e a cor ocre da terra em uma área de 60 km² justificam o nome escolhido. Os tons avermelhadas ao longo de toda a sua extensão disputam com o rosado dos flamingos e o branco forte das ilhas de bórax. Um verdadeiro quadro impressionista em terras sul-americanas.

E das luzes e cores do impressionismo passamos, no último dia da viagem, ao surrealismo de Dalí. O deserto que recebe o nome desse pintor espanhol deve-se à suposta passagem desse artista por uma região que teria servido de inspiração para o artista. Surrealismo ou não, a disposição das rochas vulcânicas pela areia fina não deixa de lembrar suas obras.

Nesse mesmo dia, gêiseres pela manhã bem cedo e um banho em águas termais a 4.500 metros de altura completam a empreitada país adentro, e as cores da manhã se confundem com a fumaça quente subindo o céu ainda escuro. As formações rochosas e os poços vulcânicos encontrados nesse trecho do roteiro levam o visitante à era mesozóica.

Como se vê, na bandeira da multicolorida Bolívia cabem muito mais tons do que o vermelho, o amarelo e o verde. As outras cores estão escondidas deserto adentro.

SERVIÇO
Como chegar:
O Salar do Uyuni fica a 20 km da cidade de mesmo na província de Potosí e existem diferentes formas de conhecê-lo.

Uma das possibilidades é chegar de trem a partir de Villazón, cidade na fronteira da Bolívia com o norte argentino. As saídas acontecem três vezes por semana às 10h30 na estação de trens.

As outras opções são as saídas diárias da própria cidade do Uyuni. As avenidas Ferroviaria e Arce concentram as principais agências de turismo especializadas em tours de 1 a 4 dias pelo Salar.

Quem leva:
Em Villazón
Agência Imperio Inca
Rua 20 de Agosto, na esquina com a Praça 6 de Agosto
Tel: (02) 596-5744
www.imperinca.com

No Uyuni
Relámpago Turismo
Rua Sucre, 86.
Tel: (02) 693-2823
turismorelampago@yahoo.com

Os tours de três dias são vendidos a partir de US$ 90 (incluindo transporte, alimentação e hospedagem ao longo do trajeto).

Atrações:
Ilha Incahuasi
Geralmente os tours fazem uma parada estratégica nessa ilha para um almoço em pleno Salar (preço já incluído no tour). Na Ilha do Pescado, como também é conhecido o local, paga-se um taxa de US$ 2,8 para conhecer as espécies nativas de cactos, usar os banheiros e continuar viagem pelo Uyuni.

Caverna de las Galáxias
A atração é mantida pelos próprios moradores da região que cobram US$ 1,5 para a manutenção e conservação do local.

Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa
Os programas de três dias pela região incluem boa parte da reserva no roteiro. Os US$ 5 de entrada dão direito à visita às lagunas, gêiseres, Deserto de Dalí e banho em águas termais.

*O jornalista Eduardo Vessoni viajou a convite da agência Imperio Inca

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