UOL Viagem

04/08/2008 - 20h04

Expedição Brasil Melhor, sexto dia: O polígono da maconha e a carne de bode

FABIO CUNHA
Participante da expedição

Haroldo Nogueira

Carro em trilha no sexto dia da expedição

Carro em trilha no sexto dia da expedição

Saímos de Jacobina, no alto da serra baiana, em direção a Paulo Afonso, na Bahia, divisa com Sergipe. Íamos reencontrar o rio São Francisco. O caminho cruza uma parte do polígono da maconha, onde é perigoso viajar a noite. Por isso a orientação da direção de prova foi: "Evitem parar na estrada, temos que chegar antes do anoitecer".

Junto com os perigos da estrada, vilarejos ermos que parecem não ter lei. As motos quase em sua totalidade não possuem placa de identificação, faróis e lanternas, além de retrovisores. Lembrei-me do filme clássico de Mel Gibson, "Mad Max".

Em Uauá (BA) paramos para almoçar carne de bode na brasa. O bode está presente em todo o canto. É o principal alimento da região. Na estrada a todo o tempo eles cruzavam a pista na frente dos carros. A terra seca, o calor intenso e muita mosca são características do local. Para comer usávamos uma mão e com a outra espantávamos os insetos. Parece estranho, mas é um lugar muito legal de conhecer.

Vizinha a Uauá está Canudos, local em que, no final do século 19, Antônio Conselheiro, figura célebre da história brasileira, fundou a República de Canudos e liderou a Guerra dos Canudos, um levante popular sócio-religioso, que resistiu bravamente às investidas do governo nacional. Porém, a derrota do Exército nas primeiras expedições contra o povoado apavorou o país e legitimou um massacre que culminou com a morte de mais de 6.000 locais. Lá fica hoje um parque estadual e o memorial da guerra. Seu Nininho, o gestor do museu, dá aula de história. Contando sobre detalhes da guerra que ocorreu por aquelas bandas.

Na expedição, o dia de hoje foi marcado por estradões de terra. Especialmente a que liga Canudos a Paulo Afonso tem muitas pedras e é de difícil direção. Foi o dia mais longo de viagem, com 560 km de histórias e risadas.

Duas equipes que participam há anos da expedição merecem destaque por serem muito engraçadas. Kyoto e TMB são formadas por quatro amigos de infância que sabem levar a vida. Tiram sarro de todos participantes e contam piadas pelo rádio o que faz o cansativo dia se tornar mais divertido.

Expedição Brasil Melhor


Os expedicionários

Um casal que viaja com a turma, Heliomar e Márcia, resolveu conhecer o mundo. Colocaram como objetivo conhecer toda a América do Sul de carro, ou melhor, de Jipe. Só este ano, foram para Peru e Bolívia, além de participar do rali. O pessoal da expedição gosta de viajar de carro, mas igual a esses dois não tem pra ninguém.

PAULO AFONSO (BA)
População: 101.952 (2007)
Território: 1.574 km²
Fato histórico 1: Cidade surgida a partir da vila conhecida como Tapera de Paulo Afonso, criada pelo sertanista Paulo de Viveiros Afonso que, em 1725, recebeu uma sesmaria cujo limite deveria ser a queda d'água que, anos mais tarde, seria conhecida como Cachoeira de Paulo Afonso, e que, já no século 20, deu origem à Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso.
Fato histórico 2: O primeiro contato dos colonizadores portugueses com a região data de outubro de 1501, quando Américo Vespúcio e André Gonçalves (não o ator, mas o navegador português, comandante da primeira missão de exploração portuguesa à costa brasileira, no século 16)
Onde Ficar: San Marino Hotel (av. Getúlio Vargas, 3, Centro; tel/fax: 75 3281-3026); Hotel Belvedere (av. Apolônio Sales, 457, Centro; tel/fax: 75 3281-3814); Residence Hotel (av. Landulfo Alves, 188, Centro; tel/fax: 75 3281-1381)
Onde comer: Restaurante Velho Chico (Av. ACM, s/nº, BNH; tel: 75 3281-1169); Restaurante Energia (Av. Apolônio Sales, 901, Centro; tel: 75 3281-2968); Churrascaria O Rei do Laço (r. Otaviano L. de Moraes, 293, Centro; tel: 75 3281-4149); Restaurante Rancho da Carioca (Balneário Prainha, box 03; tel: 75 3282-6361); Restaurante Carneiro na Brasa (praça Lindicalva Cabral, Centro, tel: 75 3281-5000)

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