UOL Viagem

28/07/2008 - 20h48

Expedição Brasil Melhor, primeiro dia: De Palmas a Mateiros (TO), 23 horas de dificuldades e bela paisagem

FABIO CUNHA
Participante da expedição

Poio Estavski

Chapadão, formação de relevo em forma de mesas visto entre Palmas e Mateiros

Chapadão, formação de relevo em forma de mesas visto entre Palmas e Mateiros

O despertador chama, são 5h30 da manhã. A noite foi agitada pela ansiedade do início de nossa aventura. O briefing do dia anterior já avisava. Os caminhos entre Palmas e Mateiros, no deserto do Jalapão (Tocantins), não seriam fáceis.

Logo que saímos do asfalto as dificuldades apareceram, navegação difícil, erosões e travessia de rios. Logo na primeira travessia complicada, três carros tiveram seus radiadores perfurados e vários outros atolados. A trilha estava apenas começando, e o espírito de equipe e solidariedade já estava aflorado.

Equipe de apoio da expedição, "os araras" usaram de toda criatividade para colocar dois carros em movimento. Selaram os rasgos do radiador com alicate e cola à base de epóxi. Um dos carros com problemas mais sérios não pode ser consertado na trilha. Cinco carros ficaram com a missão de escoltar e rebocar os avariados até Mateiros.

Parecia fácil, mas o piso de areia fofa deixou o reboque lento e muito difícil. Ao lado de toda dificuldade, toda a beleza da natureza dos chapadões, formações de relevo em forma de mesas, buritis (árvore típica do cerrado que nasce em áreas extremamente secas, porém, no local onde elas crescem, sempre há água, seja aparente ou abaixo da terra) e do cerrado fazia com que nós não percebêssemos a passagem das horas.

Foram percorridos 60 km rebocando os carros, passando por pontes prontas para cair, córregos que pareciam rasos e eram fundos, subidas íngremes travadas, e a cada quilômetro os carros atolavam na areia. Recursos como o "trenzinho" (dois carros engatados puxando o carro quebrado) eram usados para colocar os carros em movimento

Anoiteceu e cada vez mais as subidas no "areião" dificultavam o trabalho dos aventureiros até a exaustão. No escuro total um contato pelo rádio e o socorro a caminho foram o alento. Já eram nove horas da noite e estávamos a 160 km de Mateiros. A organização do evento que havia levado alguns carros ao destino final estava voltando para nos resgatar.

Alívio e pausa. Durante a espera pela ajuda pudemos observar a maravilha do céu no Jalapão, o clima que durante o dia chegava a 35°C, nesta hora era de 15°C. Brisa fresca, Via Láctea e muitas estrelas cadentes. A turma deitada na estrada de areia olhando o céu, pausa merecida por todo o trabalho duro do dia.

No total foram 23 horas de trilha, finalizadas na escuridão das traiçoeiras estradas do Jalapão. Cansados, mas felizes, encontramos comida e uma boa cama em Mateiros para recarregar as baterias. Amanhã dia livre para conhecer as belezas da região.

Expedição Brasil Melhor


MATEIROS (TO)
População: 1.737 (2007)
Território 9.592 km²
A cidade: O local não possuía energia elétrica até 2001. Foi "descoberta" pelo Ibama, que incentivou a criação do Parque Estadual do Jalapão. Considerada a capital do Jalapão, fica na região entre as cidades de São Feliz do Tocantins, Dianópolis e Formoso (BA), onde se localizam atrativos naturais como a cachoeira da Formiga, cachoeira da Velha, o Fervedouro, as dunas do Jalapão, além da Serra da Muriçoca e a Pedra da Baliza, na divisa entre os estados do Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão. Há ainda a comunidade Mumbucas, onde é feito artesanato de capim dourado nacionalmente conhecido. Destaque para as praias fluviais de areias finas e águas cristalinas, conhecidas como praias do Jalapão. O cenário mais famoso, porém, são as dunas do Jalapão, com cerca de 40 metros de altura e 34km² de área aproximada, com areia de cor laranja decorrente da erosão natural de paredões de arenito.
Onde ficar e comer:
Panela de Ferro - Pousada e Restaurante (av. Tocantins , qd.07, lt.15 Centro; TV aberta, ar condicionado, restaurante) e Pousada Cardoso (tel.: 6) 3534-1049)

Compartilhe: