UOL Viagem

04/06/2008 - 20h44

Festas juninas movimentam os nove Estados do Nordeste

GABRIEL CARVALHO
Colaboração para o UOL, de Salvador

Fotos: Divulgação e Folha Imagem

Concurso de quadrilhas em Campina Grande

Concurso de quadrilhas em Campina Grande

A chegada do mês de junho na maioria dos Estados do Nordeste do Brasil representa um período de festa e fartura. A alegria não é pela colheita e pela chuva, que são aguardados o ano inteiro no sertão nordestino, mas pela realização dos festejos juninos nos nove Estados da região: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Mais do que o Carnaval, são as festas juninas que melhor refletem a forte identidade cultural entre esses Estados. E, enquanto na maioria das cidades do interior nordestino as comemorações ainda guardam um aspecto familiar, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Sergipe e Maranhão apostam em megaeventos para atrair turistas de todo o país e a gerar postos de trabalho.

Em Estados como a Bahia, o período marca o início das férias escolares, assim como o êxodo de quase 400 mil pessoas que deixam a capital com destino às cidades do interior. Os lugares mais procurados são as cidades de Cruz das Almas, Amargosa e Senhor do Bonfim.

Outras praças, como Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), fazem dos festejos juninos um dos principais geradores de emprego e de renda. Juntas, as cidades prevêem a chegada de cerca de 4 milhões de visitantes, aliadas à movimentação de R$ 20 milhões e a geração de 5.000 postos de trabalho.

Salvador

Na capital baiana, os festejos serão concentrados no Centro Histórico, entre o Pelourinho e a Praça da Sé. Concurso de quadrilhas, apresentações de trios, maracatus e boi-bumbá estão previstos na programação (clique aqui para ver a programação do Terreiro, no Pelourinho).

As homenagens aos santos de junho na capital baiana começaram com a Trezena de Santo Antonio, a partir do dia 1º. Depois, o forró toma conta das ruas do Centro Histórico com a realização de dezenas de shows e apresentações culturais por três fins de semana seguidos, a partir do dia 13.

Diversas atrações já foram confirmadas, entre elas a rainha do axé, Daniela Mercury. Na grade há também artistas ligados à música nordestina como Adelmário Coelho, Trio Nordestino, Falamansa, entre outros. O arrasta-pé segue até o dia 29, quando os festejos serão encerrados.

Outro evento que promete agitar as noites juninas de Salvador é o "Arraiá da Capitá", que acontece nos dias 6 e 7. A festa vai reunir no Parque de Exposições agropecuárias da capital baiana um conjunto de atrações que vai desde shows e apresentações de bandas e cantores nordestinos a barracas características que vão divulgar as festas de diversas cidades do interior.

Entre os artistas mais aguardados estão o forrozeiro Flavio José e os integrantes de bandas como Calypso e Saia Rodada. Os ingressos custam de R$ 10 a R$ 40, entre pista e camarote, e podem ser encontrados facilmente nas bilheterias. As barracas também vão oferecer comidas e bebidas típicas. Para saber mais sobre o turismo na capital baiana, acesse o Guia de Destinos de Salvador.

Aracaju

A capital sergipana organiza um grande arrasta-pé, o Forró Caju, evento que atrai visitantes de toda a parte, principalmente dos vizinhos Bahia e Alagoas. A programação oficial, que terá seu ponto alto de 20 a 24 de junho, promete grandes nomes do forró moderno e também do tradicional, como Elba Ramalho, Flávio José, Zé Ramalho, Silvério Pessoa, Dominguinhos, Alceu Valença, Alcymar Monteiro e Frank Aguiar.



De acordo com os organizadores do evento, os artistas se apresentarão nos palcos Gerson Filho e Luiz Gonzaga para um público médio diário de 100 mil pessoas. Os investimentos para a realização da festa são de R$ 4 milhões e mesclam recursos do Governo do Estado, prefeitura municipal e patrocinadores.

Além das apresentações musicais, o público também pode conferir atrações que remetem à cultura regional como o casamento na roça, quadrilhas e os pólos de animação, que serão embalados por 30 trios pé-de-serra. Clique aqui e veja quem toca no São João de Aracaju.

Recife

A capital de Pernambuco faz um dos melhores Carnavais do Brasil com quase uma semana dedicada ao frevo, mas, no mês de junho, o ritmo que toma conta dos corações dos moradores da cidade é o forró. Os festejos não têm o mesmo impacto que em Caruaru, mas atrações como o Trem do Forró encantam nativos e visitantes.

Há 18 anos, a locomotiva que puxa até dez vagões lotados por 18 estações de pura alegria entre Recife e o município de Cabo de Santo Agostinho, animado por canções entoadas pelos trios de forró.

As partidas são realizadas sempre às 16h, na praça do Marco Zero, e a viagem de até cinco horas de duração fica pequena diante da empolgação do público. A concentração começa às 15h, quando já é possível dançar um forró agarradinho e curtir a apresentação de quadrilhas juninas.

A parada no meio do caminho, na cidade de Pontezinha, é um ritual sagrado para aqueles que estão a bordo do trem. Durante a pausa, o passageiro tem acesso às barracas de comidas típicas e artesanato e às apresentações de trios e bandas de pífanos.

Este ano, as viagens estão agendadas para os dias 7, 8, 14, 15, 21, 22, 23 e 28 de junho. Os ingressos para os dois primeiros dias do evento já estão esgotados. A capacidade é de até mil pessoas por dia. Segundo a organização, no ano passado, cerca de 8.000 pessoas dançaram no embalo do trem. Os organizadores informam ainda que, a cada ano, o Trem do Forró gera cerca de 320 vagas temporárias de empregos para bares, restaurantes e hotéis, entre outros estabelecimentos.

Saiba como chegar, onde ficar e o que curtir na capital pernambucana pelo Guia de Destinos de Recife.

São Luís

Detentora de grande identificação com a cultura negra, por meio do reggae e outras manifestações, a capital maranhense possui uma maneira diferente de comemorar o São João. Ao invés do forró e das quadrilhas, as principais atrações da capital maranhense estão ligadas ao bumba-meu-boi.

Com belas fantasias, música contagiante, enredo e muita animação, a festa na cidade histórica reúne elementos culturais de negros, indígenas e portugueses. O auto conta a história do escravo Pai Francisco, que, para satisfazer a mulher, Catirina, grávida e com desejo de comer língua de boi, mata o novilho Mimoso, o mais querido do amo. Uma vez descoberto, Pai Francisco foge com a mulher, mas é preso e libertado quando feiticeiros conseguem, por meio de mágicas, ressuscitar o animal. A encenação marca o início dos festejos juninos no Maranhão.

Detalhes de como viajar para a capital maranhense e aproveitar por lá estão no Guia de Destinos de São Luís.

Compartilhe: