UOL Viagem

06/05/2008 - 20h42

Cabo Polônio, um destino escondido na costa uruguaia

EDUARDO VESSONI
Colaboração para o UOL

Eduardo Vessoni/UOL

Praia de Cabo Polônio, no Uruguai

Praia de Cabo Polônio, no Uruguai

Em Cabo Polônio, conta-se o tempo pelo número de barcos naufragados ou encalhados. Chegar a esse vilarejo "escondido" a 300 km de Montevidéu, capital do Uruguai, é roteiro para poucos, mas é capaz de surpreender até o viajante mais experiente.

Localizado no Estado de Rocha, a nordeste do país, Polônio abriga aproximadamente 60 moradores fixos e chega a receber centenas de turistas uruguaios e argentinos durante os meses do verão. A região está ligada ao continente por uma faixa de areia rodeada de dunas e já foi habitada pelos índios da tribo Charruas entre os séculos 16 e 19.

O tempo não pára e a emoção começa logo na chegada. Saindo de Montevidéu em direção a Valizas, o turista gasta 270 pesos uruguaios (cerca de R$ 22,5) em um longo e exótico trajeto feito em cinco horas.

O desembarque à região se dá em plena estrada, onde pequenas casinhas de madeira guardam as bilheterias que vendem as passagens para os veículos 4x4 de variadas empresas que levam os turistas até o vilarejo (esses são únicos meios de transportes autorizados a "escalar" as dunas de acesso a Polônio). Vá se acostumando. Historicamente, a região é um lugar de difícil acesso, seja por terra ou por mar.

O nome da cidade é uma homenagem a Joseph Polloni, o capitão de um barco que, como muitos outros, naufragou na região. A força das águas dali encanta e assusta ao mesmo tempo até o mais destemido navegador. A região é responsável por naufrágios que, de acordo com o nível da maré, podem ser vistos enterrados nas areias sob a água fria e azulada da praia Sul. Os relatos da época contam que, ao passarem por aquela área, os navegadores entravam em pânico ao verem as bússolas sem direção girando descontroladamente. A fama de "Inferno dos Navegantes" é justa.

Mas, hoje em dia, o clima é completante diferente. A Terra parece estar quieta e o Sol parece girar. O dia reserva muitas atrações interessantes, pelo menos para o turista interssado em conhecer a maior concentração de leões-marinhos do mundo, caminhar por quilômetros de praia deserta e conhecer dunas móveis que invadem, silenciosamente, as águas frias do oceano Atlântico.

Ao final do dia, o aventureiro ainda tem direito a uma boa porção de buñuelo (bolinho local feito de algas) acompanhado de uma (quase) gelada cerveja uruguaia.

Mas o espetáculo fica mesmo por conta da noite, principalmente se o viajante tiver a sorte de chegar ali no período de lua cheia. Sem luz elétrica, Cabo Polônio tem como única iluminação artificial a luz do farol localizado entre as praias Norte e Sul. Ao anoitecer, a península fica em total escuridão por 12 segundos, tempo que a luz do farol demora para dar uma volta completa.

As cores que pintam Polônio são tão poéticas que até inspiram artistas, como o urguaio Jorge Drexler, que dedicou seu último trabalho à região, o CD "12 Segundos de Escuridão". O artista chega a passar semanas no local para encontrar inspiração para as suas próximas composições.

Por isso, como dizem por ali: "es ahora si no demora". "Traduzindo": é hora de conhecer esse tesouro escondido tão perto e tão longe de terras brasileiras.

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