UOL Viagem

04/05/2008 - 16h00

Em Lisboa, casas de fado reverberam música na madrugada

SETH SHERWOOD
New York Times Syndicate

Ed Alcock/NYT

Músicos ensaiam no Clube de Fado, no bairro de Alfama

Músicos ensaiam no Clube de Fado, no bairro de Alfama

Ana Moura está em transe. Olhos fechados, cabeça inclinada para trás, a diva portuguesa de 28 anos, vestida de preto, deixa seu cabelo longo, escuro, cobrir metade de seu rosto enquanto enche o ar com um lamento noturno ascendente.

Ao lado dela, dois violonistas dedilhavam um acompanhamento em tom menor enquanto a voz da cantora ecoava pelas paredes de pedra do século 16 da Casa de Linhares (Beco dos Armazéns, 2; 351-21-886-5088; www.casadelinhares.com), talvez o clube de música com atmosfera mais antiga no bairro medieval de Alfama, em Lisboa.

"Os lençóis ondas de mar / Onde fomos naufragar", ela canta, evocando uma mistura de imagens de navegação e melancolia tão profundamente impregnados no fado, a música acústica folclórica tradicional da cidade.

Quando a noite cai sobre o Castelo de São Jorge, no alto da colina, e a escuridão toma as ruas de paralelepípedos abaixo, as veneráveis casas de fado do bairro ganham vida, reverberando com música noturna madrugada adentro. O público lota os porões de pedra abobadados. Os garçons servem pratos de chouriço, bacalhau tradicional e garrafas de vinho tinto português. E cantores de todas as idades, a maioria mulheres, se revezam no cantar de histórias viscerais de perda em melodias cristalinas.

No ano passado, Mick Jagger, Keith Richards e outros membros dos Rolling Stones vieram à Casa de Linhares para assistir Moura se apresentar. Ela acabou colaborando em versões adaptadas dos clássicos "Brown Sugar" e "No Expectations" , para um futuro álbum de canções dos Stones.

E apesar das origens do fado serem um tanto nebulosas --ele já foi rastreado até os invasores mouros, escravos brasileiros e marinheiros portugueses com saudade de casa-- suas emoções poderosas são claramente universais. Como a própria meia-noite, a música é sombria, misteriosa e totalmente envolvente.

"Eu certa vez ouvi uma senhora dizer, chorando, 'Eu não consigo entender as letras, mas posso senti-las no meu interior'", disse Moura. "É o que acontece com o fado."

Tradução: George El Khouri Andolfato


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