UOL Viagem

22/03/2008 - 20h54

36 horas em Puebla, no México: Tesouros coloniais, praças com cafés e uma vibrante cultura

DAVID KAUFMAN
New York Times Syndicate

Adriana Zehbrauskas/NYT

Escadaria da pirâmide de Cholula

Escadaria da pirâmide de Cholula

Puebla pode ser lar de pratos mexicanos clássicos como o "mole poblano", mas há muito mais para fazer nesta rica cidade do que apenas comer. A duas horas de carro da Cidade do México, passando por picos cobertos por neve e vulcões, Puebla, uma cidade de cerca de 1,3 milhão de habitantes, está repleta de tesouros coloniais, praças margeadas por cafés e uma vibrante cultura de arte e artesanato. O grande centro histórico foi designado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, novos hotéis estão surgindo e companhias aéreas agora estão oferecendo fácil acesso a partir dos Estados Unidos. Mas, se sua principal obsessão é comida, Puebla não decepcionará. Esta cidade colorida ainda é considerada por muitos a capital gastronômica do México.

Sexta-feira


17h - Quando em Puebla
Como em toda cidade mexicana, a alma de Puebla é o zócalo, o centro da cidade velha, neste caso a Plaza de la Constitución. Esta fatia retangular de cosmopolitismo colonial mexicano é margeada por passeios arqueados e ancorada pela ampla Catedral de Puebla, que data de 1575. Do lado de fora, a catedral é dominada por um par de torres que se erguem quase 70 metros. Do lado de dentro, sua cripta deixa claro o status de Puebla de uma das cidades mais ricas do México colonial, com estátuas de santos e anjos esculpidas de forma complexa em ônix, um dos vários recursos naturais da cidade. Olhe para o alto, acima do elaborado altar octogonal; o domo ladrilhado segue o modelo do da Basílica de São Pedro.

20h - Nuevo mexicano
O novo hotel Purificadora mistura o passado histórico da cidade -uma fábrica de gelo do século 18- com desenho contemporâneo de autoria de Ricardo Legorreta, o arquiteto mexicano pioneiro. O hotel colorido não atrai apenas hóspedes elegantes, mas também descolados famintos ávidos para provar o restaurante nuevo-mexicano (Callejón de la 10 Norte, 802; 52-222-309-1920; www.lapurificadora.com). Supervisionado pelo chef Enrique Olvera da Cidade do México, o restaurante funde europeu com mexicano: risoto de milho temperado com pimentas poblanas; pimenta chipotle recheada com queijo em caldo de feijão preto; bolos de milho com laranja lima e sorvete de requeijão. O jantar para dois custa cerca de 900 pesos, aproximadamente US$ 82 com o dólar valendo 10,99 pesos.

Adriana Zehbrauskas/NYT
O hotel Purificadora com a igreja de San Francisco ao fundo
22h - Balada Toda Noche
Depois, siga a público descolado ao La Terraza, o bar na cobertura do Purificadora, com sua piscina estreita e vistas primorosas da Iglesia de San Francisco, uma igreja do século 16. Depois da meia-noite, a festa se desloca para o La Boutique (Final de la Recta; 52-222-482-0603), um clube noturno dividido em uma pista de dança lotada e banquetas de couro aconchegantes. A caminho de casa, pare no Taquería los Ángeles (avenida Juan de Palafox y Mendoza, Local 608-B; sem telefone) para um lanchinho tradicional de fim de noite de tacos árabes (cerca de 85 pesos para dois).

Sábado


10h - Stair Master Ancestral
A minúscula cidade de Cholula, a poucos quilômetros de Puebla, é conhecida por duas coisas: a grande pirâmide e sua alegação de ter 365 igrejas, uma para cada dia do ano. A pirâmide (Zona Arqueológica del Gran Pirámide de Cholula; 55-222-247-9081), que foi construída no segundo século a.C., é composta de sete trapezóides empilhados e é três vezes maior do que a Grande Pirâmide de Gizé. Você pode subir a imensa escadaria exterior ou o túnel que passa por suas incontáveis antecâmaras e tumbas vazias.

11h30 - Pico do Popo
No topo da pirâmide fica a Iglesia de los Remedios, uma igreja do século 16 construída pelos espanhóis para celebrar a conversão dos astecas ao cristianismo. Apesar da igreja em si não ser grande, as vistas do Popocatepetl coberto de neve, um dos vulcões mais ativos do México, valem a pena a subida. Na descida, experimente um copo de popo ¬-uma bebida marrom escura, espumosa, feita de arroz, cacau e chupipi, uma fruta regional na forma de um abacate.

13h - Quesadillas curiosas
O Mercado de Cholula, a feira coberta da cidade (Camino Real a Cholula e 20 Norte), é um centro agitado de açougueiros, vendedores de peixe, produtores de hortifruti e de especiarias. Chegue com fome e evite as taquerias. Em vez disso, arrume uma cadeira em uma das quesadillerias próximas do fundo do mercado. As tortillas de milho (cerca de 22 pesos) são grossas, retangulares e roxas, feitas de queijo branco, flor de abobrinha, huitlacoche escuro (um fungo do que cresce no milho) ou pedaços de chicharon (pele de porco frita). As bancas próximas vendem pico de gallo (um tipo de vinagrete) e sucos de frutos feitos na hora para um lanche fácil. Antes de partir, compre um pacote de mole picante em pasta para levar para casa.

15h - Dos Maias ao moderno
Apesar de não possuir grandes museus como a Cidade do México, o Museo Amparo (Dos Sur, 708, Centro Histórico; 52-222-229-3850; www.museoamparo.com; entrada grátis) de Puebla na verdade conta com uma das melhores coleções de arte mexicana da América Latina. Situado em um par de prédios coloniais dos séculos 17 e 18, a coleção do Amparo vai de 2.500 a.C. até o presente, incluindo artistas mexicanos pré-hispânicos, coloniais, modernos e contemporâneos.

17h30 - Mojitos mexicanos
Relaxe de volta à Puebla moderna com um "menjul", uma versão mexicana do mojito, preparado com rum, açúcar e hortelã. Peça um no Bar Los Portales do Hotel Royalty, no zócalo (Portal Hidalgo 8; 52-222-242-4740). O pátio na rua em frente garante uma tarde excelente observando as pessoas passarem.

20h30 - Jantar com chocolate
Adriana Zehbrauskas/NYT
Alonso Hernández, chef da Mesón Sacristía, com um prato de mole poblano
O ponto alto de qualquer visita a Puebla é o prato que leva seu nome: o mole poblano, o molho parecido com curry feito com mais de 30 ingredientes incluindo pimentas, canela e chocolate. E um dos melhores locais para prová-lo é a Mesón Sacristía de la Compañía (Seis Sur, 304; Callejón de los Sapos; 52-222-232-4513; www.mesones-sacristia.com). Comece pela salsa levemente frita, salgada com sal marinho e acompanhada de um camarão suculento. Passe para o famoso mole, que é servido sobre fatias delicadas de peito de frango -rico, picante e com chocolate apenas suficiente para lembrar o motivo de Montezuma apreciá-lo tanto. Situado em uma mansão do século 18, o restaurante também é uma loja de antiguidades onde quase tudo está à venda. O jantar para dois custa cerca de 600 pesos. Se gostar do que comeu, o restaurante também oferece cursos de culinária de um a três dias.

22h30 - Qué pasa?
Beba como um morador local e prove um "pasita", um licor feito de uva passa local. Não há melhor local para pedi-lo do que no La Pasita (Cinco Oriente, 605; 52-222-232-4422), um minúsculo bar escondido próximo do Callejón de los Sapos, uma rua onde há um mercado de pulgas popular. Lotado de bugigangas, o bar serve o licor em um copo de aperitivo, acompanhado de queijo de leite de cabra ou de queijo "panela". O La Pasita também serve o "rompope" -um tipo de gemada feito pelas freiras locais- juntamente com um punhado de outros fermentados fortes.

Domingo


11h - Cemitas de gergelim
Enquanto o restante da cidade dorme, faça uma caminhada preguiçosa ao Mercado el Carmen (Oriente, 21, entre Dos Sur e Cuatro Sur), o mercado tradicional da cidade. É aqui onde os moradores locais compram seus ingredientes para mole e para o que é conhecido como "cemitas" -a versão de Puebla da torta mexicana. Siga as longas filas até o Cemitas las Poblanitas, onde os sanduíches são feitos de massas enroladas macias com semente de gergelim e recheados com carne, pimentas poblanas, queijo branco oaxacano, fatias de abacate e chipotles (25 pesos).

Adriana Zehbrauskas/NYT
Antigüidades vendidas nas ruas de Puebla
Meio-dia - Beco dos sapos
Domingo é o dia das antigüidades em Puebla, e o Callejón de los Sapos (beco dos sapos) se enche de mercadores, oferecendo de tudo, de fina cerâmica Talavera a cartazes de filmes mexicanos dos anos 50. Depois siga até o Barrio del Artista (Seis Oriente com Seis Norte) na Plaza del Torno, cercada de estúdios de artistas que exibem pinturas nas ruas de pedras arredondadas. Se ainda tiver forças, encerre no Mercado de Artesanías (Dos Oriente com Seis Norte), um mercado do século 18 que conta com artesanato de todo o Estado de Puebla, incluindo ponchos coloridos e muitas bancas de sobremesas mexicanas, como "dulces de Santa Clara". Mas não encontrará nenhum chocolate lá.

Informações básicas


A cidade fica a duas horas de ônibus da Cidade do México, com serviço direto no Aeroporto Internacional da Cidade do México. O centro da cidade é compacto e fácil de ser percorrido a pé.

Onde Ficar
Situado em uma antiga fábrica de gelo, o La Purificadora (Callejón de la 10 Norte, 802; 52-222-309-1920; www.lapurificadora.com) foi inaugurado no ano passado em frente ao Centro de Convenções de Puebla e conta com 26 quartos modernos com diárias a partir de 1.994 pesos, ou cerca de US$ 180 com o dólar cotado a 10,99 pesos.

O NH Puebla (Cinco Sur, 105; 52-222-309-1919; www.nh-hotels.com), perto do centro histórico, é um hotel moderno, da popular rede espanhola, bom para viajantes a negócios. Os 128 quartos têm preços a partir de 1.045 pesos para um duplo.

O Real del Cristo Hotel (Dos Oriente, 1007; 52-222-246-1575) é uma casa encantadora do século 15. Os 19 quartos simples dão vista para um pátio central arejado e custam a partir de 400 pesos.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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