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21/12/2007 - 15h55

NYT: Clubes florescem no deserto e nasce uma cena em Dubai

SETH SHERWOOD
New York Times Syndicate

Daryl Visscher/NYT

Lounge na cobertura do hotel Madinat Jumeirah, com o Burj Al Arab ao fundo

Lounge na cobertura do hotel Madinat Jumeirah, com o Burj Al Arab ao fundo

Há seis anos, Dion Mavath, um DJ australiano, voou para Dubai para uma residência em um novo clube noturno local. Dubai, uma metrópole nascente, ainda era mais conhecida como um centro aeroportuário e um porto de carga, e a vida noturna local, ele logo descobriu, era tão estéril e indistinguível quando a paisagem plana desértica do Oriente Médio. "Era terrível", ele lembrou, rindo. "Era muito atrasado. Não havia absolutamente nenhum conhecimento musical."

Mas poucos lugares no planeta se transformaram com tamanha determinação e confiança -sem mencionar o dinheiro do petróleo- como a minúscula cidade-Estado no Golfo Pérsico. Três gigantescas ilhas artificiais em forma de palmeira surgiram no mar e vários hotéis cinco estrelas e arranha-céus futuristas estão se erguendo do chão árido.

Em meio a eles, os lounges chiques e clubes mais dinâmicos do Oriente Médio também despontaram, estimulados por uma enorme comunidade de estrangeiros, costumes locais mais tolerantes (dizem até que uma filial da Hooters -rede de restaurantes americana que tem como marca garçonetes sexy- abrirá em Dubai) e uma proliferação de eventos badalados como o Festival Internacional de Cinema de Dubai. De uma vida noturna inexistente, Dubai se transformou no tipo de cidade onde é possível cruzar com Michael Jordan no Buddha Bar ou com Naomi Campbell comemorando seu aniversário com vários dias de festa, como fez no ano passado.

"Tudo está crescendo exponencialmente em Dubai, e a cena noturna é apenas outra faceta disso", disse Mavath, que exerce seu ofício de Miami até a Malásia. "Dubai é uma das principais cenas do mundo no momento para a comunidade dos DJs."

A evidência está à vista toda semana no Peppermint (www.peppermint-club.com), um megaclube que só funciona às quintas-feiras no Habtoor Grand Resort, com seis bares, 50 mesas VIP e sua própria página Facebook. Os DJs que animam a pista lotada de pessoas vestindo Dolce & Gabbana incluem Carl Cox e Derrick May.

No hotel Madinat Jumeirah se encontra o Trilogy (www.madinatjumeirah.com/trilogy), um centro de música house só para membros. (Os viajantes podem pedir cartões de filiação gratuitos pelo site do Trilogy.) Jazzy Jeff, David Guetta e várias outros rostos renomados do reino dos DJs costumam dar o ar de sua graça no amplo palácio de três andares com decoração sultanesca. O lounge na cobertura oferece vistas sublimes do golfo e do hotel em forma de vela Burj Al Arab, o mais alto do mundo.

Apesar de Dubai estar a milhares de quilômetros de Saint Tropez, os príncipes do Oriente Médio, os magnatas russos, as garotas européias fashion e uma abundância de aspirantes que lotam os luxuosos interiores barrocos do 400 Club (Fairmont Dubai, www.the400club.com) não estão nem aí. Todo mundo, de Roberto Cavalli a Ludacris, já se deleitou em meio aos candelabros de cristal e espelhos dourados deste clube que só tem um ano, onde uma garrafa resfriada de seis litros de Dom Perignon custa 31 mil dirhams, cerca de US$ 8.447, com o dólar valendo 3,74 dirhams.

Para uma noite mais popular, os viajantes de cadeira de lounge podem rodar o mundo em 80 bares, parando para coquetéis de frutas polinésios no Trader Vic's, no Crowne Plaza Dubai (www.tradervics.com), mojitos no cubano Malecon (www.dxbmarine.com) e vodca a go-go na Red Square Discotheque, no hotel Moscow (www.moscowhoteldubai.com).

Os únicos problemas na cena social são a falta de opção para gays (em 2001, as autoridades fecharam um clube por realizar uma noite gay com um DJ travesti da Inglaterra), a proibição de álcool durante o período sagrado islâmico do Ramadan e o horário de fechamento de 3 horas da manhã o ano todo.

Mas, como se poderia esperar de uma cidade com tamanha energia, os farristas compensam as horas limitadas de festa redobrando seus esforços. Entre a meia-noite e a última chamada, disse Mavath, "as pessoas simplesmente enlouquecem".

Tradução: George El Khouri Andolfato

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