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Panama City, na Flórida, combina praias e vida noturna efervescente

Ingrid K. Williams

New York Times Syndicate

11/07/2013 08h10

Como Jimmy Buffett uma vez observou tão bem, a mudança de latitude exige mudança de atitude. Lembre-se disso se por acaso um dia visitar a praia de Panama City, que fica no Panhandle, região ao extremo oeste da Flórida, onde as águas claras do Golfo do México enfeitam faixas infinitas de areia branca. Autodenominada "Capital Mundial do Recesso Escolar" – título confirmado pelos milhares de estudantes que lotam a cidadezinha todo ano entre março e abril – é de se esperar que abrigue inúmeros salões de tatuagem e campos de minigolfe, mas não deixa de ter uma feira de produtores e o primeiro pub a servir cerveja artesanal da região.

Para melhorar, em 2010 foi inaugurado o novo aeroporto internacional Northwest Florida Beaches, o que torna a viagem ainda mais fácil. Se você não espera comer em mesas de toalhas engomadas e visitar refinados museus de arte, vai se divertir provando daiquiris de abacaxi e aproveitando todas as facetas da vida aquática da famosa Costa Esmeralda.

Sexta-feira

15h - Fisgado no píer
Um lugar para se começar a visita e admirar a linda paisagem é o Píer Russell-Fields (pcbgov.com/visitors_citypier.htm), que se destaca a 460 metros sobre as águas do Golfo do México. Vale caminhar até o fim da estrutura para admirar os quilômetros e quilômetros de areia branca de ambos os lados, que se perdem até onde vista alcança. Para quem aprecia, é possível alugar uma vara na Half Hitch Tackle (halfhitch.com) e praticar a pesca. Se conseguir pegar um pamplo, uma pescada ou uma cavala, siga para o Hook'd Pier Bar & Grill (16201 Front Beach Road; hookedpierbar.com) e saboreie uma cerveja gelada e um prato de banana-da-terra com mel e limão (US$ 5,95). No deque de madeira ensolarado que dá para a praia, com certeza você vai encontrar alguém interessado em ouvir suas histórias de pescador.

18h - Sabores do "bayou"
A principal avenida de Panama City, a Front Beach Road, tem um número absurdo de lojas oferecendo camisetas e biquínis baratos e souvenires kitsch, mas perdida nessa balbúrdia consumista há sempre uma exceção interessante como o Dee's Hangout (10440 Front Beach; deeshangout.com), um restaurante com jeitão caseiro especializado na gastronomia cajun. O clima descontraído não tem o poder de levá-lo ao "bayou" (as regiões pantanosas do sul dos EUA), mas os pratos do cardápio que muda todo dia, talvez. Em visita recente, provei o prato especial do dia que incluía peixe-gato frito, gumbo de frango (tipo de guisado), étouffée (ensopado) de camarão, salada e hushpuppies (tipo de broa de milho frita) (US$ 12,95). A famosa jambalaya com camarão e linguiça é um dos campeões na preferência do público (US$ 12,99). Experimente uma garrafa de pale ale da Grayton Beer Company, microcervejaria inaugurada em 2011 que fica a menos de 50 quilômetros de Panama City.

21h - Balada tranquila
Durante a semana de recesso escolar, a praia de Panama City ganha megaclubes com música eletrônica, concurso da camiseta molhada, festa de espuma e mais bastões fluorescentes que a Guarda Costeira. Eles estão por toda parte, é verdade, mas quem preferir bebericar em sossego deve conferir o Fishale Taphouse & Grill (7715 Front Beach; fishales.com), um bar inaugurado no ano passado. Contando com mais de 60 torneiras, ele oferece algumas raridades e sabores, no mínimo, interessantes. Peça uma Pensacola Sawgrass (US$ 4,75), uma pale ale de trigo refrescante feita na região, ou a Southern Pecan Nut Brown Ale (US$ 5,50) da cervejaria do Mississippi Lazy Magnolia e se acomode em frente à lareira aconchegante.

  • Mark Wallh­eiser/The New York Times

    Casal contempla a paisagem da praia de Panama City, na Flórida

Sábado

8h - Trilhas e árvores
Comece o dia com uma caminhada, corrida ou passeio de bicicleta pelo Conservation Park (100 Conservation Drive; pcbgov.com/conservation-park.htm), uma reserva natural inaugurada em outubro de 2011 a pouco mais de três quilômetros da praia. Com 38,5 km de trilhas espalhados por 1.173 hectares de áreas verdes, há espaço para todo tipo de atividade física. Se optar por uma voltinha tranquila de 1 km ou uma marcha forte de 16, é inevitável encontrar passarelas de madeira sobre os pântanos do parque onde os pica-paus cutucam as árvores e os aligátores se escondem dos olhares curiosos. Pontilhando o caminho há placas discretas que identificam os exemplares de fauna e flora locais - e, enquanto lê, aproveite para apreciar o som da brisa nas folhas.

10h30 - Tesouros submersos
Em nome da considerável presença e história militar da cidade, mergulhe no Man in the Sea Museum (17314 Panama City Beach Parkway; maninthesea.org; entrada US$ 5). Com jeito de galpão, o museu foi criado pelo Instituto de Mergulho, uma ONG criada pelos mergulhadores do programa Sealab da Marinha dos EUA. É impressionante o número de itens históricos, que vão desde máscaras de mergulho antigas a uma câmara subaquática propriamente dita: o Sealab-1, que fica no estacionamento. Dentro do museu, há exposições que mostram as técnicas antigas de mergulho, um submarino antigo e manequins com o equipamento de mergulho comercial de outrora.

Meio-dia - Muffulettas e muito mais
Nova Orleans fica a 480 km de distância, mas dentro da David's Sno-Balls (13913-A Panama City Beach Parkway; davidssnoballs.com), mas você vai encontrar especialidades como as muffulettas e "Cafe du Monde beignets" enterrados sob uma montanha de açúcar. Se seu estômago ainda estiver roncando, ataque um sanduíche po'boy (15 cm, US$ 6,25). Se estiver muito quente, o sucesso entre os clientes é sempre o "sno-ball" recheado, um tipo de raspadinha coberta com sorvete cremoso. Não consegue escolher um dos mais de 40 sabores? Vá de daiquiri de morango (300 ml, US$ 3,75). Ou se quiser chutar o balde do açúcar de vez, peça a torta de limão "sno-ball" com massa de biscoito moído (US$ 3,95).

14h - Paraíso praiano
Para fazer a digestão, siga por uma das trilhas do St. Andrews State Park (4607 State Park Lane; floridastateparks.org/standrews) no extremo leste da cidade. O parque tem 2,5 km de praias que se estendem ao longo do Golfo e Grand Lagoon, além de trilhas cobertas de madeira de onde se pode admirar as corças ruminando e as garças levantando voo. Se para você, porém, um possível encontro com um aligátor é assustador demais, evite chegar muito perto do Gator Lake e vá direto para a praia. Em contraste com as mais movimentadas, a oeste, emolduradas por prédios altos, nas do parque só há dunas cheias de capim. As águas da área são populares entre os surfistas e praticantes do SUP (Stand-Up Paddle Boarding), enquanto os mergulhadores exploram a vida marinha local perto do quebra-mar. Qualquer que seja o seu esporte – natação, surfe ou mesmo banho de sol – esse é o lugar perfeito para praticá-lo.

18h - Serenata ao pôr-do-sol
Quando o sol mergulha no horizonte, é hora de se refrescar na praia. Para se sentir parte da música de Kenny Chesney – "o sol, a areia e um drinque na mão" – vá ao Schooners (5121 Gulf Drive; schooners.com), um bar/restaurante perto do parque que tem acesso direto à praia de seu deque. A vista é igualmente espetacular do Pineapple Willy's (9875 South Thomas Drive; pwillys.com), que oferece música ao vivo e drinques doces irresistíveis. Entre no espírito debochado da casa e peça o coquetel que lhe dá nome (rum, suco de abacaxi e creme de coco) enquanto a gigantesca bola de fogo mergulha no mar.

  • Mark Wallh­eiser/The New York Times

    Bartender enche um copo no Fisha­le Tapho­use and Grill­, um bar de cervejas artesanais inaugurado em 2012

21h - O gosto do Golfo
O debate local sobre o melhor lugar para se comer ostras é eterno. Muitos juram que é o Hunt's Oyster Bar (huntsoysterbar.com), do outro lado da ponte, em Panama City, mas o Dusty's Oyster Bar (16450 Front Beach; 850-233-0035) é o favorito, como prova o estacionamento lotado. Não há nada luxuoso ou descolado nessa casa de beira da estrada – a cerveja é servida em copos plásticos e cada centímetro das paredes e do teto é decorado com notas de um dólar – mas, como qualquer outro estabelecimento de sucesso, tudo isso faz parte do charme. Sem contar os moluscos frescos. Comece com uma dúzia de ostras aos três queijos (US$ 8,99), seguida da Dusty's Seafood Adventure (US$ 22,99), uma montanha de camarões, vieiras, mexilhões, patinhas de caranguejo, ostras, garoupa, batata frita e um caranguejo recheado. Quando conseguir deglutir a carne da última patinha, peça mais uma rodada de cerveja e espere um pouco para ver se seu apetite não pede mais meia dúzia de ostras.

Domingo

11h - Fazendo a feira
A fila se forma cedo no Thomas Donut & Snack Shop (19208 Front Beach; thomasdonutandsnackshop.com) e por um bom motivo: os donuts são irresistíveis (US$ 1,05 cada). Resista à tentação de se fartar com eles porque há coisas ainda mais gostosas como o puxa-puxa caseiro ou os biscoitos fofinhos. A feira Grand Lagoon Waterfront Farmers' Market (Pirate's Cove Marina, 3901 Thomas Drive; waterfrontmarkets.org) funciona o ano todo. Inaugurada no ano passado em Pirate's Cove Marina, tem até música ao vivo entre as barraquinhas que vendem legumes, verduras e frutas frescas, compotas e geleias e artesanato.

13h30 - Vida de ilhéu
Depois das compras, embarque no Shell Island Shuttle (4607 State Park Lane; shellislandshuttle.com; passagem US$ 16,95), a balsa que sai de St. Andrews State Park rumo a Shell Island, uma ilha desabitada de onze quilômetros de comprimento e que separa o Golfo de St. Andrews Bay. Fique de olho na água porque a concentração de golfinhos na região é grande. Passe a tarde explorando as praias desertas, em busca da concha perfeita, mergulhando nas águas azuladas ou tomando sol na areia branca desse verdadeiro pedacinho do paraíso.