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Aprecie as construções históricas e as praias de San Juan, Porto Rico

Charles Isherwood

New York Times Syndicate

28/06/2013 08h03

Tentar aproveitar os prazeres que uma cidade oferece num único fim de semana é mais ou menos como entrar num concurso para ver quem come mais tortas. Parece uma farra maluca, mas não demora para você se sentir cansado e até meio aparvalhado e doente. Claro que pode ir a Paris e correr para ver o Louvre, mas para quê? Só o museu levaria duas vezes o mesmo tempo para ver visto como deve.

Já San Juan, capital de Porto Rico, não tem esse problema. Sendo uma grande metrópole, é claro que em três dias não dá para conhecer todos os seus cantinhos. (Eu só dei sorte porque planejei ficar um fim de semana e tive que prolongar minha estadia por causa do furacão Sandy.) As maiores atrações, porém, podem ser conferidas em 36 horas, sem atropelos, no ritmo tranquilo que combina mais com os trópicos.

Sexta-feira

16h - Compre um chapéu
Uma volta pelas ruas da Cidade Velha revela aquela que deve ser uma das disputas mais acirradas pela venda de suvenires do planeta. Talvez porque seja parada obrigatória na maioria das rotas de cruzeiros pelo Caribe, o centro é tão lotado de lojinhas vendendo quinquilharias que dá para mobiliar um apartamento inteiro com peças anunciando as belezas de Porto Rico. (Tem até uma boutique chamada Tourist Trap – "armadilha para turista".)

Entretanto, como o chapéu é necessário no calor da tarde escaldante, visite o minúsculo empório à moda antiga Ole (105 Fortaleza St.; 787-724-2445), que vende Panamás ajustáveis que você pode personalizar na hora. Eu peguei um cuja cor ficava entre o malva e o marrom e coloquei uma bela fita listrada (US$ 60). O proprietário, Guillermo Cristian Jeffs, vai lhe contar a história do chapéu com mínimos detalhes e garantir que nenhum de seus exemplares – ao contrário das pilhas e pilhas encontradas em outras lojas – é feito na China. Também à venda algumas lembrancinhas e livros de segunda mão: peguei um exemplar meio gasto de "Howards End", de E.M. Forster, por apenas alguns dólares.

19h - Um oásis descolado
O Hotel El Convento (100 Cristo St.; elconvento.com) vale uma visita, pois é uma verdadeira instituição da Cidade Velha. Tem esse nome porque foi construído para abrigar um grupo de freiras carmelitas - e o fez por 250 anos, até entrar num período turbulento de decadência, virar uma pensão e depois (Dios mío!) estacionamento para caminhões de coleta de lixo. Mantendo a fundação original, a estrutura foi recuperada no início de 1959 e, três anos depois, abriu como um hotel. O bar/restaurante que dá para o pátio é o lugar perfeito para um bom jantar ou mesmo só um drinque.

Sábado

10h - Para despertar
O café da manhã é servido o dia todo no Caficultura (401 San Francisco St.; 787-723-7731), uma cafeteria movimentada que fica na esquina da Plaza Colón, na região leste da Cidade Velha. Os candelabros de vidro escuro no teto alto e o piso de mármore ampliam os sons de moradores e turistas saboreando a primeira refeição do dia. Embora haja vários sanduíches no cardápio, as opções são variadas, com destaque para a panqueca de banana com rum (US$ 12), além de vários doces. Recomendo uma mesa de onde se possa ver o movimento, já que, como em muitos restaurantes da cidade, o serviço costuma ser bem lento.

13h - Explore a cidade
A velha San Juan é muito elogiada, e com razão: as belas construções estão preservadas e ela mantém um charme preguiçoso a que poucos resistem. Passeie pelas ruas de pedra azulada e vá à catedral da rua do Cristo; pare para tomar fôlego na Plaza de Armas da San Francisco Street e depois percorra a rua Fortaleza até o final, onde fica a mansão do governador. Enquanto caminha, aproveite para contar o número de lojas de suvenires e tentar resolver o mistério da presença de uma loja sofisticada como a Dooney & Bourke. Eu preferi evitar o espetáculo consumista ao nível da rua e comecei a olhar para cima, para as sacadas enfeitadas e prédios coloridos que formam um caleidoscópio peculiar e interessante.

  • Laura Magru­der/The New York Times

    Como o chapéu é necessário no calor da tarde escaldante, visite o minúsculo empório à moda antiga Ole, que vende Panamás ajustáveis que você pode personalizar na hora

17h - História e uma bela vista
O fim da tarde é a melhor hora para visitar o Castillo San Felipe del Morro; situado na esquina da Del Morro Street com a Norzagaray, é uma das duas fortalezas históricas no extremo norte da Cidade Velha. É nessa hora que a estrutura majestosa ganha um brilho suave, graças ao sol que vai se pondo no horizonte (fica aberto diariamente até 18h), lançando faixas de luz rosa e laranja sobre a água, favorecendo ainda mais a vista espetacular da baía. A construção do castelo começou em 1539, quando a Espanha ainda possuía o controle de San Juan. Aliás, foi dali que os espanhóis se defenderam de vários ataques marítimos. É possível dar uma espiada das janelas onde ficavam os canhões.

20h - Comida caseira em alto estilo
Depois de explorar a Cidade Velha, saia para explorar outro bairro que parece quase outra cidade: Condado se espalha pela praia e tem um ar que lembra muito Miami Beach. É aí que ficam os hotéis luxuosos - e os cassinos dentro deles atraem os baladeiros de plantão. Embora seja de San Francisco, o chef Roberto Treviño construiu um pequeno império gastronômico em San Juan. Inaugurada em junho de 2011, a Casa Lola (1006 Ashford Ave.; casalolarestaurant.com) é um restaurante exclusivo, na rua principal, num casarão em destaque pintado de um rosa esfuziante. O elegante salão principal oferece uma bela vista da cidade, do outro lado da lagoa. Experimente o mahi mahi com banana-da-terra e a linguiça local (US$ 28) ou um risoto sublime com lombo de porco e molho chimichurri (US$ 21,75).

22h - Festa praiana
Para tomar a saideira e reforçar a dose de roupa-branca-e-bronzeado, dê uma volta pela Condado até o Oceana (1853 Mcleary Ave., oceanapuertorico.com), hotel que abriga um restaurante/bar que fica à beira-mar, literalmente. Sua localização privilegiada não só permite observar as pessoas, mas, quando se cansar delas, você pode apreciar a noite estrelada e esquecer a música para prestar atenção nas ondas quebrando na areia praticamente a seus pés. Para uma casa noturna tão popular, os preços são bem acessíveis: um rum e tônica custa apenas US$ 4,50.

Domingo

11h - Café com cultura
A manhã de domingo é uma boa hora para dar um toque cultural à sua visita - e considerando que os dois maiores museus de arte da cidade estão pertinho um do outro, dá para passar algumas horas apreciando a arte porto-riquenha atual e antiga. Ambos ficam fora do circuito turístico da Cidade Velha e do calçadão; assim, indo de um para o outro você pode aproveitar o clima da cidade como os próprios moradores, numa mistura de progresso e decadência que funciona como um lembrete dos problemas econômicos de que os visitantes não têm ideia.

  • Laura Magru­der/The New York Times

    Rua estreita na Cidade Velha de San Juan

Comece pelo Museo de Arte de Puerto Rico (299 Avenue de Diego; mapr.org; ingresso US$ 6), onde a história da arte local é mostrada em belas galerias em dois andares. A coleção abrange várias mídias e eras (José Campeche, o pintor do século 18 considerado o primeiro artista porto-riquenho de destaque, tem uma sala só para ele), mas a história da arte em pôster do país vale destaque. A 10 minutos dali, o Museo de Arte Contemporânea de Puerto Rico (Avenue Ponce de Leon com Avenue Roberto H. Todd, museocontemporaneopr.org; abre às 13h; ingresso US$ 5), num prédio gracioso onde antes funcionava uma escola, exibe os trabalhos de artistas nacionais espalhados ao redor de um pátio.

14h - Almoço no estilo nativo
A uma distância razoável dos museus fica Condado, bem mais tranquilo durante o dia. Deguste sem medo os pratos clássicos regionais no Café del Angel (1106 Avenue Ashford; 787-643-7594), que serve o indispensável mofongo – o prato que leva banana-da-terra e que é a paixão nacional – por um preço decente (US$ 14,95 com caranguejo). Os sanduíches também são excelentes, e a decoração… bom, não tem nada de glamourosa, mas pelo menos é autêntica: o destaque mais notável do salão onde comemos era a abuela (avó) cochilando numa cadeira no canto.

15h - Diversão no mar
Esqueça um pouco a vibração urbana e se esparrame na areia de Isla Verde, onde está a maioria dos grandes hotéis. A boa notícia é que você não precisa estar hospedado em nenhum deles para aproveitar a praia. As de Carolina estão lotadas de visitantes pálidos, doidos para tirar a brancura de inverno, mas os moradores frequentam o local por causa do mar. É a melhor maneira de recarregar as baterias e concluir a visita.

18h - Despedida em grande estilo
Feche a viagem com um drinque no bar e restaurante Mist (2 Tartak St.; waterbeachhotel.com), na cobertura do San Juan Water Beach Club Hotel. Há uma piscina infinita e DJ, além de sofás gigantescos que convida a devaneios ao pôr-do-sol.

Onde ficar

Na Cidade Velha, o Villa Herencia Hotel (23 Las Monjas St.; villaherencia.com), num antigo convento, oferece oito quartos, todo muito bem decorados. (Um toque charmoso: a banheira no deque.) Diárias do quarto duplo padrão a partir de US$ 150.

Water Beach Club Hotel (2 Tartak St.; waterbeachhotel.com), inspirado no estilo dos hotéis boutique de South Beach. No inverno, diárias a partir de US$ 219.