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Novos hotéis, clubes e restaurantes tornam Saint-Tropez, na França, mais acessível

SETH SHERWOOD

New York Times Syndicate

23/09/2011 15h30

O mais famoso playground de verão da França pode ser resumido em uma palavra: indulgência. Assim que o sol de junho começa a aquecer suas alamedas repletas de buganvílias e praias mediterrâneas, megaiates lotam o porto, Maseratis e Bentleys circulam pelas ruas de pedras, gazilionários chegam de helicóptero nos clubes de praia com música pulsante, e realeza do Oriente Médio e industriais asiáticos desembolsam dezenas de milhares de dólares em champanhe em boates lotadas de celebridades. Os últimos anos têm sido férteis em novas indulgências – nem todas reservadas ao pessoal de sete dígitos – graças a novos hotéis, endereços de festas e restaurantes. Seja qual for sua faixa de renda, há um local para se divertir em Saint-Tropez.

Sexta-feira

17h30 - Saint-Tropez para iniciantes
Onde Paris Hilton dorme quando está na cidade? Quanto custa alugar um iate de múltiplos decks por uma semana? Quantos cães e gatos Brigitte Bardot tem em sua casa à beira-mar? Para um curso relâmpago sobre o estilo de vida de Saint-Tropez e belas vistas de suas mansões costeiras, reserve um cruzeiro de uma hora no Brigantin II (Vieux Port, diante do Café de Paris; 33-6-07-09-21-27; taxi-bateau.com; 9 euros, aproximadamente US$ 12,50, com o euro cotado a US$ 1,40) e deixe o capitão Stéphane entreter você (em inglês e francês) com suas histórias.

20h - Um interlúdio indiano
O apéro – apelido de aperitivo – ao pôr-do-sol é um ritual em Saint-Tropez. Como touros para a capa do toureiro, os turistas correm atrás do terraço vermelho do café Sénéquier. Em vez dele, busque o hotel Pan Dei Palais (52, rue Gambetta; 33-4-94-17-71-71; pandei.com), cujas telas entalhadas em madeira e estátuas de deidades hindus parecem saídas do Rajastão. Cercada por chaise-longues e camas com dossel, a piscina-bar colonial-chique é um local refinado onde beber um Red One (uísque Monkey Shoulder, amaretto, limão, suco de morango, xarope de figo; 21 euros) enquanto belisca nozes ao curry e pedaços de queijo emmenthal.

21h - Jantar estrelado
Há estrelas por toda parte no Colette (Hôtel Sezz, Route des Salins; 33-4-94-44-53-11; hotelsezz-sainttropez.com). Elas estão no alto, brilhando acima do pátio minimalista. Elas estão no inteligente cardápio neomediterrâneo, concebido pelo chef com estrelas Michelin, Pierre Gagnaire. (O chef Jérôme Roy é quem cozinha de fato.) E no Hôtel Sezz, um dos mais luxuosos da cidade, é possível encontrar algumas estrelas da tela grande e do mundo empresarial. Sob Cagnaire e Roy, pargo ganha um toque refinado por meio de uma preparação fina como carpaccio, cubos de gelatina de pimenta e condimentos do Oriente Médio. Para encerrar, um rico mousse de groselha preta com cobertura de sorbet de pera e polvilhado com açúcar caramelizado. Um jantar com três pratos para dois, sem bebidas, sai por cerca de 170 euros.

Meia-noite - As cavernas ou o cais?
As estrelas também enchem Les Caves du Roy (Hôtel Byblos, Avenue Paul Signac; 33-4-94-56-68-00; www.lescavesduroy.com). Como um cassino de Las Vegas nos anos 70, este reduto de celebridades, príncipes e titãs corporativos conta com carpetes felpudos e palmeiras luminosas. E, assim como o cassino, você pode perder sua fortuna ali em 20 minutos, cortesia do champanhe caro. Para desvarios mais acessíveis ao bolso, aguarde no Le Quai (22, quai Jean Jaurès; 33-4-94-97-04-07; lequai-St.-tropez.com), com seu carpete preto, banquetas pretas, mesas de vidro pretas e clientela vestida de modo requintado bebendo mojitos (8 euros) enquanto dança ao som de lendas do funk, soul e rhythm and blues.

Sábado

10h - Parada única para compras
Se sua lista de compras inclui linguiça de carne de cavalo, biquínis de camuflagem e tapetes iranianos, a feira nas manhãs de sábado no Place des Lices central é parada obrigatória. Todo mundo, de figurões dirigindo Ferrari até velhinhas recurvadas convergem para lá, comprando paeja (14 euros por quilo), barras de sabão e roupas de cama. Fãs de azeitonas devem procurar Le Kemia (33-6-63-46-79-61), que vende azeite de oliva regional (12 euros) e potes de tapénade (3 euros). Fãs de doces vão preferir os biscoitos com sabor de anis, limão e água de flor de laranjeira (2,90 euros por quilo) no Chez Cathy (33-6-14-30-39-19).

  • Nicole Tung/The New York Times

    Piscina do hotel Pan Dei Palais, em Saint-Tropez

Meio-dia - Pratos e preços pequenos
Estátuas como de Buda decoram o Le Dit Vin (43, rue du Portail Neuf; 33-4-94-79-85-09), mas este novo restaurante de tapas não é lugar para ascetas. Uma adição bem-vinda à cena gastronômica cheia de armadilhas para turistas e restaurantes onde ver e ser visto, mas a preços obscenos, este estabelecimento a preço acessível tem um salão de jantar branco, rústico, e um terraço onde é possível beber o rosé da casa enquanto saboreia os pequenos pratos de iguarias locais. Especialmente bons são os filés finos de anchovas marinadas casadas com um pão de tomate. Almoço para dois, sem vinho, sai por aproximadamente 45 euros.

14h - Tarde à la plage
Escolher um clube de praia aqui é tanto uma questão filosófica quanto prática. O Club 55 é para a pretensa elite; o Aqua é popular entre os gays; o top do biquíni é opcional na Nikki Beach (Plage de Pampelonne, Route de l’Epi, 33-4-94-79-82-04; nikkibeach.com/sttropez; 35 euros por uma espreguiçadeira de praia). Assim como a sobriedade, frugalidade e timidez – todas cada vez mais escassas à medida que a tarde avança, a música house vai ficando mais alta e as garrafas de champanhe fluem mais livremente. Elegante, porém mais sóbrio, o New Coco Beach (Plage de Pampelonne, Route de l’Epi; 33-4-94-79-83-25; newcoco.fr), com um ano, fica quase ao lado. Equipada com restaurante e bar, ele fornece música cujo volume não incomodará e chaises púrpuras (23 euros) que são tomadas por um público mais burguês.

17h - Camisas, chapéus e robôs
Você mal consegue atirar um diamante em Saint-Tropez sem atingir uma butique de luxo internacional. Felizmente, surgiram várias lojas independentes. La Chemise Tropezienne (23, rue Gambetta; 33-4-94-79-59-75; lachemisetropezienne.com) vende camisas desenhadas localmente (120 euros a 180 euros) que casam bem com os chapéus-panamá da Truffaux (5, rue des Commerçants; 33-4-94-56-51-38; truffaux.com). E se você estiver organizando um espaço festivo, a Luxury Stuff & Toys (1, place de la Croix de Fer; 33-4-94-97-51-55; luxurystuffandtoys.com) estoca robôs Daft Punk de 60 centímetros (3.950 euros cada) e mesas de pebolim (totó) transparentes (11.900 euros).

20h - Uma noite italiana
Você sabe que está entrando em território italiano quando avista as baguetes e ouve os funcionários esticando os erres: T-r-r-r-r-r-e-s bien, monsieur-r-r-r!” Desde que abriu no ano passado em um corredor minúsculo, Cristina Saulini (13, rue des Feniers; 33-4-94-97-46-10; cristinasaulini.com) se tornou uma das mesas mais disputadas da cidade. Aqui, você encontrará uma ótima berinjela à parmegiana, tortellis em molho à bolonhesa recheados de queijo derretido. Para os mais fortes, os cannolis chamam na linha de chegada. Uma refeição para dois, sem vinho, custa cerca de 100 euros.

22h - Um quarteto alcoólico
Com seus quatro bares, o hotel Kube (Route de St.-Tropez, Gassin; 33-4-94-97-20-00; muranoresort.com), com dois anos de idade, é essencialmente um complexo festivo. O subterrâneo Ice Kube é uma sala abaixo de zero revestida de gelo; 38 euros compram 25 minutos em um agasalho e quatro drinques de vodca. O Skybar na cobertura é especializado em champanhe e vistas do golfo. Entre eles, o Terrasse Martini à beira da piscina tem sofás brancos que destacam os bronzeados na clientela; o quarto bar é um lounge futurístico a uns poucos passos de distância – se você ainda conseguir caminhar.

  • Nicole Tung/The New York Times

    Artistas vendem quadros no calçadão de Saint-Tropez

Domingo

10h - Vilarejo de outrora
É fácil esquecer que há uma encantadora aldeia de pescadores escondida sob as marés de Porsches e turistas. Suba a colina até a cidadela do século 17 (33-4-94-97-59-43; www.sainttropez.fr) e olhe para baixo para o azul do Mediterrâneo, as colinas verdes do outro lado da baía, os telhados laranjas do vilarejo e para o domo amarelo girassol da igreja Notre-Dame de l’Assomption. Então visite o Musée de l’Annonciade (Place Grammont; 33-4-94-17-84-10), uma igreja do século 16 que virou museu, com exposições dedicadas a pintores – de Matisse a Andre Derain – que buscaram inspiração ao longo da Côte d’Azur.

Meio-dia - Almoço na areia
Tipos da mídia, advogados dirigindo BMWs, pais descolados com seus filhos e outros se congregam no La Cabane Bambou (Plage de Pampelonne, Route de Bonne Terrasse; 33-4-94-79-84-13; cabanebambouplage.com), um clube de praia descontraído para o almoço de domingo. O cardápio oferece peixes, frutos do mar e doces galeses como crème brûlée. Depois, deite-se em uma esteira na praia (17 euros) ou vá a uma cabine de massagem (30 minutos por 45 euros) – para uma indulgência final.

O básico

Com seus móveis retrô impecáveis e restaurante no terraço panorâmico, o Hôtel Ermitage (Avenue Paul Signac, 33-4-94-97-52-33; ermitagehotel.fr) com 27 quartos é o novo hotel mais bacana na cidade, sem fazer esforço. Quartos duplos a partir de 120 euros (baixa temporada) ou 260 euros (alta temporada).

Reformado em 2007, o B. Lodge (23, rue de l’Aioli; 33-4-94-97-06-57; hotel-b-lodge.com) com 15 quartos trocou a decoração interiorana por tons cinzas e branco modernos. Um bar e restaurante agradável adoçam ainda mais o negócio. Quartos duplos a partir de 80 euros (baixa temporada) a 140 euros (alta temporada).