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Passeie pelas ilhas e conheça a arquitetura da romântica Veneza em 36 horas

ONDINE COHANE

New York Times Syndicate

04/03/2011 08h00

Com seus canais fotogênicos e palácios à beira d’água, Veneza é idilicamente romântica. Não é de se estranhar que 18 milhões de turistas visitem a cidade flutuante a cada ano. Mas o que é surpreendente é que os moradores sitiados ainda conseguem desenvolver uma cidade para si mesmos – um pastiche de restaurantes, bares, praças tranquilas e ilhas mais calmas e afastadas. E isso sem contar todas as opções culturais de que os venezianos fazem pleno proveito. A cena de arte bacana agora vai além da Bienal. E em vez de afundarem, ícones arquitetônicos reemergiram como novos marcos.

Sexta-feira

16h - Instalação moderna
O lado artístico de Veneza está em exposição no novo Punta della Dogana (Dorsoduro 2; 39-041-523-1680; palazzograssi.it), a antiga alfândega da cidade que foi transformada em museu, para abrigar a coleção de arte considerável do magnata dos artigos de luxo, François Pinault. Concluído no ano passado, ele foi projetado pelo arquiteto japonês Tadao Ando, que deixou intacta a estrutura do marco deslumbrante, mas criou galerias leves e arejadas para obras contemporâneas de peso. A vista da calçada é igualmente impressionante, que dá para o Grande Canal e para o outro lado, para Giudecca – atenção para a escultura “Menino com Rã” de Charles Ray, sua primeira instalação ao ar livre.

20h - Do lago para a mesa
Consternado com a reputação da cidade de altos preços e comida medíocre, um consórcio de restaurantes formou o Ristoranti della Buona Accoglienza (veneziaristoranti.it), ou Restaurantes de Boa Acolhida, com a promessa de oferecer preços transparentes, revelação plena dos ingredientes e um compromisso com as tradições culinárias. Entre os membros de destaque está o Alle Testiere (Castello 5801; 39-041-522-7220; www.osterialletestiere.it), um estabelecimento com nove mesas e de propriedade de um grupo de jovens venezianos, que serve peixes e frutos do mar locais e sazonais como o nhoque com lula e perca do mar fresca grelhada. Combine com um vinho regional como o Orto, um vinho branco feito em Sant’ Erasmo, uma ilha no Lago de Veneza. As entradas custam 25 euros, ou US$ 34, com o euro cotado a US$ 1,36, as massas a partir de 19 euros (US$ 26). Não deixe de fazer reserva.

22h - Cena dos bares
Os novos bares de hotel despertaram a vida noturna antes sonolenta da cidade. Entre os atuais pontos badalados está o PG, o bar e restaurante do recém-inaugurado Palazzina Grassi (San Marco 3247; 39-041-528-4644; palazzinagrassi.it), um palácio do século 16 que foi transformado por Philippe Starck em um design hotel. Johnny Depp esteve lá enquanto filmava “The Tourist” e uma filial do Bungalow 8 de Amy Sacco foi transferida para o lobby durante o Festival de Cinema de Veneza deste ano.

Sábado

10h - Canto moderno
Carlo Scarpa, o padrinho arquitetônico dos modernistas venezianos, está de volta à moda. Veja o motivo na Fondazione Scientifica Querini Stampalia (Santa Maria Formosa Castello 5252; 39-041-271-1411; querinistampalia.it; 10 euros), onde ele transformou o jardim e piso térreo em um paraíso modernista no início dos anos 60. No andar de cima, uma biblioteca tranquila é um ótimo lugar para ler jornal com os moradores locais nos fins de semana ou para ver a pintura “Apresentação de Jesus no Templo”, de Giovanni Bellini, uma das obras-primas pouco apreciadas da cidade.

  • Dave Yoder/The New York Times

    Moradores sitiados conseguem desenvolver uma cidade para si mesmos: um pastiche de restaurantes, bares, praças tranquilas e ilhas mais calmas e afastadas

11h30 - Feito em pedra
Em outro exemplo do novo impulso artístico da cidade, a Galeria de Arte Moderna Ca’ Pesaro (Santa Croce 2076; 39-041-524-0695; museiciviciveneziani.it), situada em um palacete de mármore branco do século 17, está exibindo 40 obras em aço, vidro e pedra de autoria de Tony Cragg, um escultor de Liverpool. O contraste entre as obras do século 21 e os interiores barrocos é notável, e a galeria recém-restaurada no segundo andar exibe as peças de Gragg ao lado das de Rodin. Depois dê uma caminhada pelas ruas sinuosas atrás do museu, um enclave residencial longe da agitação dos turistas.

13h - Peixe fresco
Dificilmente peixes e frutos do mar são mais frescos do que no Pronto Pesce (Pescheria Rialto, San Polo 319; 39-041-822-0298; prontopesce.it), um minúsculo bar aberto para a rua que fica ao lado do mercado de peixe da cidade. Os especiais mudam diariamente, mas cuscuz de peixes, anchovas com azeite de oliva e cavala marinada fazem aparições regulares, assim como pratos principais como nhoque com tinta de lula. As taças do vinho branco da casa ou garrafas como o Garda Garganega Brigaldara completam uma refeição prazerosa. Pegue um banquinho e assista o mercado encerrando suas atividades do dia. Aperitivos por 1,50 euro, massas a partir de 15 euros.

16h - Ateliês simpáticos
Esqueça as máscaras kitsch e a imitação de vidro Murano. As ruas que saem da movimentada Campo Santo Stefano até o Grande Canal estão margeadas por galerias singulares e pequenas butiques. A Galleria Marina Barovier (San Marco 3202; 39-041-523-6748; barovier.it) exibe peças de vidro vintage difíceis de achar e itens de artistas contemporâneos que acabam em coleções de museus. Chiarastella Cattana (San Marco 3357; 39-041-522-4369) faz toalhas de mesa, capas de almofada e edredons com tecidos sedutores próprios. Perto dali, Cristina Linassi (San Marco 3537; 39-041-523-0578; cristinalinassi.it)  oferece lingerie de seda e camisolas transparentes saídas diretamente do closet de Sophia Loren por volta dos anos 50.

19h - Circuito de cicchetti
O debate em torno dos melhores cicchetti (petiscos) da cidade é tão passional para os venezianos quanto política e religião. A boa notícia é que você não precisa escolher apenas um. Um passeio pode começar pelo bar da Trattoria da Fiori (San Marco 3461; 39-041-523-5310), onde artistas e moradores beliscam os bolinhos de carne e bebem copos de vinho tocai. No elegante Naranzaria (San Polo 130; 39-041-724-1035; naranzaria.it), experimente a torta leve de espinafre com um copo de vinho (muitos dos vinhos oferecidos vêm dos vinhedos do proprietário, o conde Brandolini). Perto dali, a Cantina do Mori (San Polo 429; 39-041-522-5401) é um ponto atmosférico à moda antiga que atrai uma clientela endinheirada. E Al Merca (San Polo 213; 39-346-834-0660) é a opção preferida para um spritz veneziano – prosecco, Aperol ou Campari, água com gás e uma fatia de limão ou laranja. Os cicchetti raramente custam mais de 2 euros o pedaço.

22h - Festa al fresco
Após o jantar, o grande Campo Santa Margherita se transforma no ponto de encontro da cidade, onde estudantes pedem um spritz ou cerveja no Il Caffè (Campo Santa Margherita 2963; 39-041-528-7998), e um público mais velho e elegante se reúne na Osteria alla Bifora (Dorsoduro 2930; 39-041-523-6119). Nas noites quentes, a praça se transforma em uma grande festa de várias gerações.

Domingo

10h - Massa italiana
Junte-se aos moradores na Pasticceria Tonolo (Dorsoduro 3764, Calle San Pantalon; 39-041-523-7209) para uma bomba recheada de creme conhecida como krapfen. Você poderá ter que entrar em um empurra-empurra ao estilo italiano pelo doce querido (1 euro), que costuma já estar esgotado ao meio-dia, mas vale a pena esperar.

  • Dave Yoder/The New York Times

    Na Pasticceria Tonolo, um dos itens recomendados é uma bomba recheada de creme conhecida como krapfen

13h - Ilha idílica
Se você planeja um passeio de primavera, faça como os venezianos e siga para as ilhas exteriores que pontilham o lago. Entre as gemas está Mazzorbo e sua pousada com seis quartos e restaurante, a Venissa (Fondamente di Santa Caterina, 3; 39-041-527-2281; venissa.it), que fica aberta de março a novembro. Aberto neste ano pela Bisol, uma empresa italiana de prosecco, o resort deu nova vida a um vinhedo murado que data dos anos 1800. Paola Budel, a chef, que costumava cuidar do restaurante Principe di Savoia de Milão, serve peixe do lago e do Adriático, vegetais cultivados pelo próprio restaurante ou nas ilhas adjacentes; e vinhos das regiões próximas de Friuli, Veneto e Trentino. Pratos recentes incluíam figos de uma figueira próxima e caranho pescado no lago pela manhã. Almoço por cerca de 70 euros. Depois caminhe pela via principal ao longo da orla, onde uma ponte liga à ilha mais visitada de Burano, com seus prédios vibrantes em cores pastéis. As duas ilhas capturam bem o que os venezianos conhecem bem: você pode escapar das multidões em um piscar de olhos, caso esteja disposto a cruzar as águas.

O básico

Aberto em 2007 perto da Ponte Rialto, o Ca’ Sagredo (4198 Campo Santa Sofia; 39-041-241-3111; casagredohotel.com) fica situado em um palacete restaurado do século 15, com 42 quartos de luxo a partir de 300 euros, US$ 408, com o euro cotado a US$ 1,36.

O Novecento (San Marco 2683; 39-041-241-3765; novecento.biz) em San Marco possui nove quartos pequenos mas um quadro excelente de funcionários, um jardim encantador e um café da manhã excelente, que está incluído no preço. A partir de 160 euros.

Fora da agitação da ilha principal, o novo Venissa (Fondamente di Santa Caterina, 3; 39-041-527-2281; venissa.it) em Mazzorbo tem seis quartos muito bem mobiliados e serve como uma ótima base para exploração do lago. Ele fecha em 7 de novembro para o inverno, mas continua aceitando reservas para a primavera. Quartos a partir de 110 euros.