Topo

História, feira ao ar livre e lojas glamurosas em 36 horas em Charleston

SHAILA DEWAN

New York Times Syndicate

28/01/2011 19h00

Charleston ainda possui canhões apontados para o Forte Sumter, onde a Guerra Civil começou, e elege o mesmo prefeito, Joseph Riley, desde 1975. A cidade também conta com uma das preservações históricas mais agressivas do país. Mas isso não significa que esta encantadora cidade do Sul não tenha nada novo a oferecer. Há novas galerias na Broad Street e abundância de restaurantes, bares e butiques na King Street, que transformaram o distrito de design que antes estava em dificuldades. Os moradores de Charleston, governados por leis de hospitalidade tão incontestáveis quanto a lei da gravidade, não conseguem deixar de compartilhar novas descobertas, mesmo se você for de fora, como aqueles que cresceram aqui chamam os forasteiros.

Sexta-feira

16h - Conheça Lucinda
Em 1856, Charleston proibiu a compra e venda de escravos ao ar livre, uma prática vista como imprópria para a imagem refinada da cidade. O comércio se deslocou para recintos fechados como o Ryan’s Mart, onde a primeira escrava vendida foi uma mulher de 20 anos chamada Lucinda. O antigo salão de leilão abriu em 2007, como Museu do Velho Mercado de Escravos (6 Chalmers Street, 843-958-6467; nps.gov/history/nr/travel/charleston). As exposições dão terrível vida à escravidão de uma forma que poucos museus fazem, tratando de assuntos como o estigma ligado à profissão de mercador de escravos e a forma como os escravos eram vestidos, barbeados, alimentados e preparados para serem vendidos no mercado.

19h - Cozinha sulista
Por três anos consecutivos, um restaurante de Charleston ganha o prêmio James Beard de melhor chef do sudeste (primeiro foi o Hominy Grill, depois o Fig e então o McCrady’s), então adivinhar qual será o próximo vencedor pode ser uma brincadeira de salão divertida. Será o Glass Onion, com seus vegetais em conserva e estética de lancheira, ou o Wild Olive, que conta com hortifrutis locais e cozinha italiana em Johns Island? Um azarão é o Cypress Lowcountry Grille (167 East Bay Street, 843-727-0111; magnolias-blossom-cypress.com), onde o chef Craig Deihl faz seus próprios frios (servidos em biscoitos de banha, US$ 12) e bife de carne de porco (US$ 28), ao mesmo tempo em que atrai os clientes que gostam de jantares a bom preço, com um cardápio de preço fixo por US$ 39.

22h - Refúgio da era do jazz
Charleston não é particularmente conhecida por sua vida noturna – as opções às vezes se resumem a um martini de nome estranho contra outro. (Macchiatotini de caramelo? Charlestoniantini?) Mas os moradores locais com um início de noite para matar param no lounge do Charleston Grill, um grande salão de baile de um restaurante situado em um hotel elegante, o Charleston Place (224 King Street, 843-577-4522; charlestongrill.com). De um banquinho branco glamouroso, é possível curtir canções sofisticadas da Quentin Baxter Ensemble e o papo muito educado de praticamente toda Charleston, de pais e debutantes até pintores. Experimente a pipoca com parmesão trufada (US$ 10) e uma versão com kiwi do drinque Pimm’s cup (US$ 12).

Sábado

9h - Artemísia e crepes
O velho Sul encontra novas opções na Charleston Farmers Market em Marion Square (843-724-7305; charlestonarts.sc) , uma feira movimentada no centro onde é possível comprar picles de casca de melancia, cestas de artemísias e arranjos de flores que utilizam velhas janelas. Prepare-se para disputar espaço com as multidões que vão fazer suas compras semanais ou fazem fila para os crepes frescos (a partir de US$ 4,50; charlestoncrepecompany.com).

  • Kate Thornton/The New York Times

    Para a gastança, siga para a Magar Hatworks, uma casa de chapéus onde Leigh Magar faz chapéus anos 20 que são vendidos em lojas de luxo, como a Barneys de Nova York

10h - Belas compras
A King Street há muito é o epicentro do estilo de Charleston, mas ela foi invadida por grandes lojas de rede. Refugie-se no alto da King e arredores, ao norte da Marion Square, onde lojas chiques e restaurantes conceituais coexistem com empórios que estão desaparecendo. Pegue um útil guia de uma página para estacionamento e restaurantes do bairro na Blue Bicycle Books (420 King Street, 843-722-2666, bluebicyclebooks.com). Prove um doce no elegante French Macaroon Boutique (45 John Street, 843-577-5441; macaroonboutique.com), então veja a desconcertante variedade de itens na Read Brothers (593 King Street, 843-723-7276; www.readbrothers.com), fundada em 1912. Para a gastança, siga para a Magar Hatworks (57 Cannon Street, 843-345-4483; magarhatworks.com; ligue para marcar hora), uma casa de chapéus onde Leigh Magar faz chapéus anos 20 (US$ 175 a US$ 700) que são vendidos em lojas de luxo, como a Barneys de Nova York.

14h - Não tão abstinente
Muitas pessoas passam a vida tentando reproduzir as receitas da vovó, mas não na Irvin-House Vineyards (6775 Bears Bluff Road, 843-559-6867; charlestonwine.com), uma bela vinícola a cerca de 30 minutos de carro do centro, na pacata Wadmalaw Island. Os proprietários passaram anos tentando fazer vinho moscato sem a doçura caseira, xaroposa, que essas palavras trazem às mentes sulistas. Há dois anos, os proprietários pegaram outro sabor ícone do Sul, o chá gelado, o misturando com vodca para fazer o Firefly Sweet Tea Vodka, cujo sabor autêntico de tarde preguiçosa de domingo o transformou em um grande sucesso. Após a visita gratuita à vinícola no sábado às 14 horas, você pode provar ambos.

16h - Velha árvore
No caminho de volta para a cidade, faça um breve desvio até o carvalho Angel, uma árvore tão grande que poderia surrar 10 salgueiros de Hogwarts (3688 Angel Oak Road). A árvore, que cuja crença é que tenha pelo menos de 300 a 400 anos, está ameaçada pelos planos de um shopping center próximo. Ela é protegida por uma cerca; o portão fecha às 17 horas.

18h - Campo maior
Antes da destruição do Bowens Island Restaurant por um incêndio em 2006, o humilde campo de pesca de blocos de concreto estava coberto por décadas de pichações deixadas por clientes leais. Em julho, ele reabriu em uma sala maior, sobre palafitas de 5,5 metros, com um terraço também maior e uma vista melhor dos golfinhos brincando em Folly Creek (1870 Bowens Island Road, 843-795-2757; bowensislandrestaurant.com). Os clientes empunhando canetas marcadoras não perderam tempo na tentativa de cobrir a nova madeira com rabiscos frescos. Você pode tentar decifrá-los enquanto espera por suas ostras assadas (a opção para comer à vontade custa US$ 21,50) e bolinhos de pão de milho enormes (US$ 4,25). Chegue cedo para evitar a lotação.

20h - Bis georgiano
Quando o Dock Street Theater abriu em 1736, a primeira produção tinha um nome que apenas um pré-revolucionário podia apreciar: “O Oficial de Recrutamento”. Felizmente, os produtores escolheram uma obra diferente, “Flora”, uma antiga ópera inglesa, quando o teatro reabriu neste ano com todo seu esplendor georgiano restaurado. Supostamente o primeiro teatro construído nos Estados Unidos para esta finalidade, o Dock (135 Church Street) recebe o Spoleto Festival, a joia da coroa artística da cidade, em maio e junho (14 George Street, 843-722-2764; spoletousa.org), e o Charleston Stage (843-577-7183; charlestonstage.com), que apresenta musicais e programação popular no restante do ano (ingressos de US$ 20 a US$ 52).

  • Kate Thornton/The New York Times

    O restaurante Cypress Lowcountry Grille atrai os clientes que gostam de jantares a bom preço, com um cardápio de preço fixo por US$ 39

Domingo

9h - Pães quentes
Quando abriu no ano passado, a minúscula WildFlour Pastry (73 Spring Street, 843-327-2621; wildflourpastrycharleston.com) criou uma tradição instantânea de “domingos de sticky bun” (um tipo de pão doce). Um fluxo constante de clientes passa pela porta em busca dos confeitos quentes e com cobertura generosa (US$ 2,70). Outros podem preferir os saborosos scones de frutas (a partir de US$ 2) ou o ovo cozido Sea Island (US$ 0,60).

11h - Jardins e jacarés
Desde o romance “O Príncipe das Marés” de Pat Conroy, Charleston é conhecida por seu terreno baixo, coberto de musgo, tanto quanto por sua história pitoresca. Na fazenda Middleton Place, um Patrimônio Histórico Nacional, uma das muitas a curta distância do centro, é possível ter uma vista de perto do pântano ou, no inverno, dos ciprestes antigos em um passeio de caiaque com guia (US$ 40). Jacarés, águias-carecas e lontras estão entre os animais que podem ser vistos, assim como o projeto de arquitetura premiado Inn at Middleton Place, onde as excursões se encontram (4290 Ashley River Road, 843-556-0500; charlestonkayakcompany.blogspot.com). Depois disso, é possível perceber a natureza domesticada na propriedade da fazenda, ou visitar as oficinas de cobre e do ferreiro (4300 Ashley River Road, 800-782-3608; middletonplace.org). Algumas coisas em Charleston não mudam.

O básico

Ao largo da Marion Square, o Hampton Inn Charleston-Historic District (345 Meeting Street, 843-723-4000; hamptoninn.hilton.com) fica em um depósito restaurado, antigo o suficiente para ser rotulado como o único hotel de antes da Guerra Civil americana da área, com centro de fitness, piscina e 170 quartos, a partir de US$ 189.

O Battery Carriage House Inn (20 South Battery, 843-727-3100; batterycarriagehouse.com) tem 11 quartos e fica próximo do White Point Gardens at the Battery. Desfrute do café da manhã à sombra em um jardim murado, com reputação de ser assombrado. Quartos a partir de US$ 150.