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Em plena Copa do Mundo, casal celebra bodas de dez anos em camping no Rio

O casal Cesar e Daniela Linares, de Honduras e do México, comemora bodas de zinco durante o Mundial - BBC
O casal Cesar e Daniela Linares, de Honduras e do México, comemora bodas de zinco durante o Mundial Imagem: BBC

19/06/2014 13h41

Um camping com banheiros coletivos e dezenas de jovens torcedores dos mais variados países, em plena Copa do Mundo é um cenário inusitado para uma lua de mel de dez anos de casamento.

Mas Cesar e Daniela Linares, de Honduras e do México, não só escolheram esse destino, como dizem que a aventura está fazendo com que eles se sintam "mais jovens".

Eles estão acampados em uma praia afastada do Rio de Janeiro localizada a mais de 40 quilômetros de distância do estádio do Maracanã e do agito da Fan Fest, em Copacabana, para comemorar as bodas de zinco (10 anos de casamento).

"Ele sonhava em ver uma Copa do Mundo de perto e eu sonhava em conhecer o Rio. Juntamos as duas coisas", diz Daniela Linares, de 30 anos, nascida nos Estados Unidos e criada no México.

Ela diz que em Los Angeles, onde vive com o marido e os quatro filhos - Ricky, Tito, Lucas e Timoteo -, a família mal anda de ônibus. "A vida é muito agitada, e decidimos sair da 'zona de conforto', optando por algo mais desafiador", conta.

Além do desejo de se aventurar e sair da rotina, outro fator decisivo foi o preço. Ao economizar na hospedagem, o casal pôde comprar mais ingressos de jogos também. Cesar diz que eles verão cinco jogos, todos no Maracanã.

"Começamos a planejar essa viagem dois anos atrás. Já não havia hotéis baratos e eu não confiei muito nas hospedagens em casas de locais, como Air BnB. Seis meses atrás, descobri esse camping na internet", conta Daniela.

Enquanto quartos de hotel chegam a custar mais de R$ 1.500 por noite no Rio durante a Copa, o camping cobra cerca de R$ 90 de turistas da América do Sul e aproximadamente R$ 130 de visitantes de outras partes do mundo, como Estados Unidos, Europa, Austrália e Nova Zelândia - de acordo com o administrador a ideia é oferecer um "preço justo".

Para privilegiar o romance, o casal diz que optou por uma barraca um pouco mais afastada do bar e da piscina, região onde há mais barulho e festas dos outros hóspedes.

"Tem mosquitos e muito agito, mas também entramos na festa. Parece que estamos até rejuvenescendo", conta a mexicana, em tom bem humorado.


Segurança e beleza natural
Cesar e Daniela não foram os únicos que quiseram economizar. De acordo com o administrador do World Cup Camping Rio, o empresário britânico Steve Pike, de 40 anos, a lotação atual é de 350 pessoas, mas há muitas reservas confirmadas e o local pode abrigar até 600 hóspedes ao mesmo tempo.

"Não é para qualquer um, sabemos disso. Quando chove, por exemplo, distinguimos os homens de verdade dos meninos, mas nos esforçamos para que eles se sintam em casa e tenham uma boa experiência", conta.

Ele diz que a segurança e a beleza natural (o camping fica a dez minutos de caminhada da praia do Pontal) são grandes atrativos, e que a maioria das pessoas soube do camping pela internet.

Steve diz que a distância da zona sul e do Maracanã não é problema. "Tem um ônibus aqui na frente, que leva pouco mais de uma hora até Copacabana. Mas também se pode pegar um outro ônibus por dez minutos e embarcar no BRT, na estação Pontal, para chegar mais rápido à cidade".

Como a maioria dos turistas vem de muito longe e não pode trazer muita bagagem, o preço já inclui barracas e sacos de dormir, acrescenta o empresário.

Copa barata
E há quem economize ainda mais. O torcedor britânico Brendan Lawson, de 22 anos, trabalha na organização do camping em troca da estadia. Ele conta que já tinha feito a mesma coisa num camping semelhante durante a Oktoberfest, na cidade de Munique, na Alemanha. "Vale muito a pena. Limpamos banheiro, ajudamos no bar e na cozinha. Às vezes estamos trabalhando enquanto todos estão na Fan Fest, em Copacabana, mas tem sido muito bom", diz.

O jovem explica que enquanto alguns de seus amigos da Grã-Bretanha pagam preços altos em Ipanema ou Copacabana e só ficarão no Brasil cerca de dez dias, ele deve aproveitar toda a Copa e mais duas semanas para viajar. "Isso só é possível porque estou economizando muito aqui", conta.

O australiano Mitch Harrison, de 24 anos, também fez a mesma escolha para economizar. "Trabalhamos um pouco, seja no bar, na cozinha ou na recepção, mas vale a pena. Até aulas de surfe eu dou", conta.

Harrison diz que tudo tem sido "exatamente do jeito que ele imaginava" até agora. "Há favelas enormes do lado de bairros caros, com Ferraris nas garagens. É surreal. No outro dia assistimos a um jogo na Lapa, tomando caipirinhas enquanto uma brasileira me ensinava a sambar. O que mais eu posso querer?", conta.