Em Portugal, conheça destinos que viram locais de peregrinação
No coração de Portugal, a 140 quilômetros de Lisboa, todos os anos mais de 4 milhões de peregrinos visitam a cidade de Fátima, um dos mais importantes santuários marinos do mundo. Segundo a tradição, os fiéis percorrem a pé, de joelhos ou engatinhando com os cotovelos o corredor que leva ao santuário da Basílica de Rosário, em uma sugestiva e mítica Via Crúcis.
O célebre local de culto à Fátima se encontra exatamente no lugar onde em 1917 a Virgem Maria apareceu para três pastores. A "Senhora mais reluzente do que o sol", descreveram os três jovens, pediu que rezassem pela salvação dos homens e que tornassem a fazê-lo no mesmo local, na mesma hora, no dia 13 do 5º mês sucessivo.
Agora, no local há uma igreja neobarroca, terminada somente na Páscoa de 1928. Nos dias 12 e 13 de cada mês entre maio e outubro, a praça em frente ao santuário se transforma em uma enorme tenda de fiéis: há doentes que pedem a graças a estatua de Nossa Senhora, peregrinos comovidos que percorrem o trajeto em silêncio ou rezando, com velas nas mãos e histórias no coração.
Em torno do santuário há diversos hotéis e casas de religiosos, seminários, museus, lojas, um centro de convenções, restaurantes e tavernas. É tudo muito simples. Na Páscoa, os marianos carregam tochas para seguirem a estátua de Nossa Senhora. Um forte senso de sacralidade fica no ar e oferece ao peregrino de Fátima uma experiência íntima, única e comovente.
Mais para o norte, na região de Minho, entre colinas que escondem mosteiros e igrejas barrocas, a cidade de Braga oferece procissões e cortejos de Páscoa ricos de fascínio e fervor religioso. Durante a semana de Páscoa, a "pia Braga", como a definiu o filósofo Voltaire, se transforma em uma calorosa Via Crúcis, com desfiles que partem da catedral, atravessando o centro e chegando ao magnífico santuário de Bom Jesus do Monte, a poucos quilômetros da cidade.
Por sete dias os moradores respeitam a regra de silêncio, interrompido somente durante os cantos litúrgicos que chegam da catedral e seguido de longas e lentas procissões, acompanhadas do cheiro de incenso e de rosas, pontuadas por passas, os altares para fora e os peregrinos encapuzados.
O santuário Bom Jesus do Monte é uma importante meta para os peregrinos. Na entrada do santuário há duas capelas quadrangulares, com grupos de estátuas representando duas cenas da Paixão de Cristo: a Última Ceia e o Jardim do Getsêmani. No caminho, em cada volta há uma capela que ilustra as diversas estações da Via Crucis. Também há fontes dedicadas a personagens da mitologia, como a fonte de Marte, o deus da guerra.
Chegando na capela do Cireneu há a verdadeira escadaria para o santuário: imensa e geométrica, a escada é feita de granito e gesso branco, composta por 600 degraus e que representa a metáfora da elevação do homem verso Deus. Os peregrinos percorrem este caminho de joelhos ou de pés descalços para alcançar as três virtudes teológicas: fé, esperança e caridade e para dominar os sensos. A redenção final se obtém oferecendo à Igreja de Bom Jesus, construída sobre a escada, uma quantidade de velas relativa a seu peso corporal, que é medida em uma balança situada na entrada do templo neoclássico.
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