Topo

Gafes no exterior: veja atitudes comuns que pegam muito mal fora do Brasil

Marcel Vincenti

Colaboração para o UOL

29/06/2018 04h00

Alguns gestos e brincadeiras inocentes e sem maldade têm potencial para gerar gafes enormes e, às vezes, até meter o viajante em maus lençóis lá fora. Veja alguns exemplos destes tipos de situações e saiba evitá-las.

Brincadeiras com reis

Templo budista na Tailândia com foto do rei Bhumibol Adulyadej - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

No Brasil, não costuma ser problema proferir xingamentos e fazer brincadeiras pesadas contra lideranças políticas e outros cargos de autoridade. Mas não pense que as coisas são assim em todos os cantos do mundo. 

Veja também

Na Tailândia, por exemplo, um destino cada vez mais visitado por brasileiros, há fotos do falecido rei Bhumibol Adulyadej (que morreu em 2016, aos 88 anos de idade, na imagem acima) espalhadas por todos os restaurantes, bodegas, hotéis e afins do país. Trata-se de um monarca amado de verdade por muitos tailandeses, e qualquer tiração de sarro contra ele pode virar motivo para briga com os nativos.

Quando visitei Bangcoc, em 2008, cheguei a ver um brasileiro quase apanhar de um tailandês após dizer, em inglês e dentro de um restaurante, que o rei Bhumibol era um "velho feio". E não é muito sábio entrar em uma situação de briga com o pessoal da Tailândia: muitos deles são ótimos no muay thai.

Cuidado parecido deve ser tomado na Jordânia e no Marrocos, onde os reis não são tão queridos como na Tailândia, mas nos quais uma zoeira com as autoridades monárquicas não pega bem.

Brincadeiras com governos autoritários

Fotos do presidente Abdel Fattah El Sisi na cidade de Hurghada, no Egito - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Porém, não são apenas reis que devem ficar longe da tiração de sarro brasileira lá no exterior. Hoje, há diversos países no mundo com grande apelo turístico, mas que são controlados por governos autoritários e com pouco humor para brincadeiras. 

O Egito é um deles: se, no caminho às pirâmides de Gizé ou ao Vale dos Reis, você se deparar com fotos do presidente Abdel Fattah el-Sisi (na imagem acima) em algum restaurante ou café, evite falar sobre sua feição com pouquíssimo carisma, de sua cabeça com muitíssima falta de cabelo ou, pior ainda, criticar o histórico violento de seu regime contra opositores. 

Em lugares como as cidades do Cairo e Luxor, há policiais à paisana por todos os lados (e se eles ouvirem comentários negativos em relação a el-Sisi, o turista pode passar por desagradáveis interrogatórios e, dependendo do humor do guarda, até ameaça de prisão). 

Beijoqueiros, cuidado

Casal troca beijo na rua - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Estes mesmos policiais à paisana do Egito podem enquadrar o turista (e, se quiserem, até levá-lo para a delegacia) se o virem beijando alguém na boca no meio da rua. Em território egípcio, um beijo de língua ou um simples selinho em lugar público é considerado altamente imoral e pode colocar o casal em problemas com a lei. 

Situações parecidas ocorrem em diversos países de população majoritariamente islâmica, até naqueles que se vendem como lugares modernos: em 2017, por exemplo, um casal de estrangeiros foi preso em Dubai após ser pego se beijando em um banheiro da cidade.

Mas é também preciso tomar cuidado em países ocidentais: há diversas nações do mundo onde os nativos não trocam contatos físicos tão próximos como acontece no Brasil, especialmente quando ainda não se conhecem. Ou seja: é melhor não tentar dar um beijo na bochecha de um estadunidense ou britânico ao qual você acaba de ser apresentado ou com o qual você não tem intimidade.

Etiqueta à mesa

Refeição de família indiana, Índia - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Provar a saborosa culinária indiana tem tudo para ser um dos pontos altos de qualquer viagem ao país de Mahatma Gandhi. Mas atenção: lá, as pessoas costumam comer com a mão (na foto) e, na hora de pegar os alimentos, usar apenas a destra. 

Na Índia, muita gente usa a mão esquerda para fazer sua higiene pessoal depois de ir ao banheiro e, se utilizar a canhota para manusear os alimentos em um restaurante ou mesa de jantar na casa de alguém, saiba que você poderá gerar um leve nojinho nas pessoas ao seu redor.

Já ao visitar nações de população majoritariamente muçulmana, jamais leve aquela tradicional garrafa de vinho se for convidado para jantar na casa de uma família islâmica (convites assim acontecem muito nestes países). Por determinações de sua religião, a maioria dos muçulmanos não bebe álcool (e pode ser ofensivo aparecer no lar de alguém com bebida).

Gestos manuais que são gafe

Turista fazendo gesto de joinha - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gestos que são símbolos positivos ou que nada significam no Brasil podem ser altamente ofensivos em alguns países do mundo. Nosso tradicional joinha, por exemplo, com a mão fechada e o polegar levantado, pode ser interpretado no Irã como "vai tomar naquele lugar". 

Já o gesto de figa (um símbolo contra o azar) é visto, por gente da Itália, como uma referência à genitália feminina. E evite tocar pessoas na cabeça (mesmo que for um gesto de carinho) em nações como Tailândia e Laos, onde esta atitude é vista como desrespeito. 

Na Grécia, por sua vez, é extremamente ofensivo esticar o braço e, com os dedos para cima, mostrar a palma da mão para alguém: este gesto, chamado pelos gregos de "moutza", remete à época bizantina, quando pessoas atiravam fezes e outras sujeiras em criminosos expostos em praça pública. Nativos da Grécia ficarão bem bravos se forem confrontados com este movimento manual.   

Quando é bom não falar de política

Cidade de Beirute, no Líbano - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

É bom tomar cuidado mesmo que você não seja daqueles que gostam de tirar sarro de autoridades governamentais, mas simplesmente esteja a fim de discutir política com os nativos do país estrangeiro que está visitando.

Há nações com passado e presente pra lá de conturbados (e onde um comentário precipitado sobre um governo ou algum representante político pode colocar o turista em situação desconfortável com seu interlocutor). 

O Líbano, por exemplo (na foto), onde muitos brasileiros têm parentes, viveu uma guerra civil entre 1975 e 1990 que opôs as comunidades religiosas do país e gerou pelo menos 150 mil mortos. Pense duas vezes antes de elogiar muçulmanos, cristãos ou até a causa palestina para um nativo. Partes de todos esses grupos se envolveram no conflito e pode ser que alguns de seus membros tenham combatido e até assassinado parentes de seu interlocutor.

Também não é recomendável ir a países onde a opinião da população está polarizada em relação aos seus presidentes e querer discutir sobre estes mandatários: falar bem, por exemplo, de Evo Morales na Bolívia e de Recep Tayyip Erdogan na Turquia pode deixar seu interlocutor completamente indignado ou extremamente feliz com você. Mas é bom não arriscar. 

Cuidado com as meias

Turista de meia curtindo praia - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

E aqui vai uma dica que parece prosaica, mas pode evitar grandes constrangimentos em alguns países do globo: no exterior, cuide bem de suas meias. Em países como Canadá e Estados Unidos, não é incomum que as pessoas tirem seus calçados ao entrar em uma residência. 

Já em nações majoritariamente muçulmanas (como Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Jordânia) e hinduístas (como Índia) você irá precisar remover os calçados ao entrar em diversos templos religiosos locais. Nestes dois casos, não será muito agradável estar com chulé ou com as meias furadas, certo?