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Mulheres motociclistas contam suas aventuras em viagens sobre duas rodas

Lucimeire descobriu o prazer de viajar sozinha após o fim de um relacionamento - Carolina Barboza/Arquivo Pessoal
Lucimeire descobriu o prazer de viajar sozinha após o fim de um relacionamento Imagem: Carolina Barboza/Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

25/09/2016 08h00

Não depender de ninguém. Foi isso o que motivou a bancária Lucimeire Pereira Marques, 40, a tirar a habilitação para dirigir motos e cair na estrada. Até 2012, ela andava sempre na garupa. "Quando aquele relacionamento amoroso terminou, vi que não precisava de outra pessoa e fui tirar carta de motociclista”, conta.

Quatro anos depois, ela já passou por destinos como Curitiba (PR), Poços de Caldas (MG) e Ribeirão Preto (SP), além de ter visitado algumas cidades nos Estados Unidos, para onde viajou em grupo. Por isso mesmo, tem bastante experiência para compartilhar com as iniciantes.

Antes de definir seu roteiro, por exemplo, ela sempre dá uma olhada no Google Earth para ver os locais por onde vai passar, além de conferir as condições das estradas. “Mas também é essencial levar guia de estradas em papel, porque o GPS pode falhar. Também não podem faltar ferramentas para pequenos consertos, capa de chuva e roupa térmica. Outro cuidado importante é nunca deixar a gasolina chegar perto da reserva”, diz Lucimeire.

A veterana ainda reforça que é necessário cuidar de quem conduz a máquina: “Manter a hidratação e adotar uma dieta saudável e equilibrada é fundamental para aguentar as muitas horas de trânsito, dirigindo a moto”. 

Liberdade em duas rodas: mulheres contam sobre suas viagens sem ninguém na garupa - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Eliana já passou pelo Uruguai e países da Europa sobre duas rodas
Imagem: Arquivo Pessoal
 

Direção defensiva

Há 15 anos na estrada, Eliana Malizia, 36, diz que 90% de suas viagens foram feitas sem companhia. Na primeira aventura, ela saiu da capital de São Paulo e foi até São Francisco Xavier, cidade perto de Minas Gerais, rodando um total de 250km. “Peguei gosto e não parei mais. Desde então, visitei Bonito (MS), Chapada Diamantina (BA) e vários destinos internacionais, como o Uruguai e até mesmo a Europa, sempre de moto”, conta.

Jornalista e criadora de um blog de motociclismo, ela diz que já levou grandes sustos, dos quais só escapou por dirigir com atenção e conhecer técnicas de pilotagem. “É comum levarmos fechadas dos carros. Para se proteger, a melhor dica é fazer um curso de pilotagem segura e preventiva. Frear errado pode ser fatal”, explica.

As experiências também obrigaram Eliana a se tornar expert em consertar pneus. “Tenho um reparador, que permite arrumá-lo facilmente e continuar rodando. Assim, não dependo de estranhos e nem preciso esperar ajuda quando ele fura”, conta. 

Para diminuir a chance de imprevistos e acidentes, o viajante solitário precisa adotar uma série de cuidados. O primeiro deles é fazer, antes e depois da viagem, uma revisão na moto. Lucimara lista outros: “Estudar e definir bem o roteiro, reservar hotéis e pousadas com antecedência, saber a localização dos postos de gasolina, preferir rodovias pedagiadas, evitar parar em locais sem movimento e nunca viajar durante a noite”.

E os perrengues?

Já pensou rodar mais de 15 mil quilômetros sob duas rodas e sem a companhia de ninguém? Foi o que fez a paranaense Lucimara Mendes, 30, que foi do sul ao norte do país em 2015. "Tenho moto desde os 18 anos e faz seis que comecei a fazer viagens longas sozinha", conta. Segundo ela, foi preciso muito planejamento, cuidado com as estradas pouco seguras e atenção redobrada durante todo o trajeto – inclusive nas paradas.

Liberdade em duas rodas: mulheres contam sobre suas viagens sem ninguém na garupa - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Há seis anos Lucimara Mendes viaja de moto sozinha
Imagem: Arquivo Pessoal

Viajar desse modo aconteceu por um motivo simples. "Costumo tirar de 30 a 35 dias de férias e é difícil conseguir alguém que me acompanhe nessas jornadas por tanto tempo", afirma. Na primeira experiência solo, Lucimara foi até Florianópolis, a 400km de sua cidade natal, Palmeira (PR). Mas a viagem mais demorada aconteceu em 2015, quando foi do Paraná até Rondônia, no norte do país, onde passou seu maior perrengue.

"Tive um problema com a bomba de gasolina na cidade de Rolim de Moura, e a moto parou no meio do nada. Para piorar, não tinha nem sinal de celular", lembra. A sorte é que alguns amigos moravam na cidade e ela acabou chamando a atenção de um motociclista que passava por ali, pedindo que o rapaz entrasse em contato com os seus conhecidos. "É importante sempre ter uma rede de apoio pelos lugares onde passa", destaca.

Uma vez adotados todos os cuidados, chegou a hora de curtir a paisagem e escolher como desfrutar cada destino. Segundo as motociclistas entrevistadas, uma das grandes vantagens de viajar sozinha é ter liberdade irrestrita de escolha, além da oportunidade de autoconhecimento. “Você pode decidir onde vai se hospedar, quantos quilômetros quer rodar no dia e quanto tempo vai ficar na cidade escolhida”, diz Eliana.