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Turismo de fronteira permite conhecer melhor o Brasil e os países vizinhos

Conhecer a Bolívia  é fácil  para quem está no Mato Grosso do Sul - Getty Images
Conhecer a Bolívia é fácil para quem está no Mato Grosso do Sul Imagem: Getty Images

Marina Oliveira e Amanda Sandoval

Do UOL, em São Paulo

13/04/2015 07h00

Atravessar a fronteira e explorar o estrangeiro é sempre uma boa pedida. Especialmente se, para isso, não for preciso fazer grandes deslocamentos. Não à toa cidades brasileiras que fazem divisa com outros países estão cada vez mais cobiçadas entre os turistas. Ao longo de 15,7 mil quilômetros, que compreendem 11 estados do Brasil e 588 municípios, há faixas de fronteira repletas de atrações, belezas naturais, turismo esportivo e turismo de compras.

De acordo com o Ministério do Turismo, doze fronteiras representam cerca de 90% do fluxo internacional terrestre, sendo oito na região sul, duas no Mato Grosso do Sul, uma no Acre e uma em Roraima. Dessas, a cidade de Foz do Iguaçu – que compõe a região chamada de Tríplice Fronteira, junto com Ciudad Del Este no Paraguai e Puerto Iguazu na Argentina  - é a mais visitada, de acordo com o órgão. Em 2014, o Parque do Iguaçu, onde estão as Cataratas do Iguaçu, bateu recorde de visitação, com mais de 1,55 milhão de turistas.

Quem explora as fronteiras brasileiras não só conhece mais a fundo o próprio país como também tem a oportunidade de vivenciar a cultura, a gastronomia e os hábitos de países vizinhos. Sem contar, é claro, com a possibilidade de fazer excelentes compras. “Nessa modalidade de viagem,o turista pode usufruir de maior oferta de produtos e serviços, o que, muitas vezes, oportuniza preços mais acessíveis”, explica Walkiria Capusso, coordenadora da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio do Mato Grosso do Sul.

Conheça, abaixo, três regiões que merecem entrar na sua lista de viagens:

Tríplice Fronteira 

Vista do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná - Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu/Divulgação - Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu/Divulgação
Vista do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná
Imagem: Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu/Divulgação
Foz do Iguaçu está a cerca de sete quilômetros de Ciudad Del Este e a dez quilômetros de Puerto Iguazu. Na cidade brasileira, a grande atração são as cataratas, localizadas dentro do Parque Nacional do Iguaçu – um local muito bem estruturado para receber turistas e que conta até com um hotel cinco estrelas, o Belmond Hotel das Cataratas.

Um passeio muito popular é o Macuco Safári, que leva os visitantes de barco até a base de cataratas secundárias. O parque também está a menos de 30 quilômetros de Itaipu e há a opção de conhecer de perto a usina. Os amantes da natureza também vão gostar de visitar o Parque das Aves, que reúne 150 espécies diferentes numa área de 16,5 hectares.

Em Puerto Iguazu fica o lado argentino das cataratas, no Parque Nacional do Iguazú, que oferece uma experiência mais selvagem do que o nacional. As quedas desse lado se apresentam em novos ângulos e, em alguns trechos, o visitante fica praticamente embaixo delas. No retorno à Foz, a parada no DutyFree pode garantir compras a bons preços. E, para quem quiser conhecer melhor a vizinha argentina, a noite na cidade também é animada, com bons restaurantes, baladas e cassino.

Porém, se a ideia for comprar, o melhor é poupar o dinheiro para gastar em Ciudad Del Este, um destino um tanto quanto caótico, mas que oferece compras a preços surpreendentes. O segredo é pesquisar bem as lojas antes de visitar – checar se os produtos são realmente originais e se a loja oferece notas fiscais – e já ir com uma guia de compras a ser seguido. Para os brasileiros, é exigida apenas a apresentação de RG para cruzar as fronteiras.

Roraima, Venezuela e Guiana

Monte Roraima - Getty Images - Getty Images
Monte Roraima, que ficou em evidência graças a novela "Império"
Imagem: Getty Images
São raros os turistas que chegam à capital Boa Vista e não aproveitam para conhecer também a Venezuela e a Guiana. Boa Vista serve como base para o Monte Roraima (dali, são 346 quilômetros), que se tornou mais popular recentemente, por conta da novela Império, da Rede Globo.

Mas há tempos ele já é desbravado por aventureiros que buscam um visual de tirar o fôlego. Um passeio a pé pelo centro histórico de Boa Vista proporciona ao turista uma viagem no tempo, para uma época em que a cidade concentrava sua população à beira do rio Branco.

Do lado venezuelano, a cidade de Santa Elena de Uairén agrada aos turistas de compras e praticantes de ecoturismo. Na Guiana, Lethem fala muito inglês e oferece ao visitante a chance de experimentar iguarias locais e de avistar a savana roraimense. Para entrar na Venezuela, basta apresentar o RG, já a Guiana exige passaporte.

Pantanal de Corumbá e Bolívia 

Centro de Corumbá visto a partir do Jardim da Independência - Jerônimo Freitas Rodrigues de Carvalho/Creative Commons - Jerônimo Freitas Rodrigues de Carvalho/Creative Commons
Centro de Corumbá visto a partir do Jardim da Independência
Imagem: Jerônimo Freitas Rodrigues de Carvalho/Creative Commons

Os turistas que chegam à cidade sul-mato-grossense estão em busca da pesca esportiva, do ecoturismo, do turismo cultural, fluvial e de fronteira, já que o centro de Corumbá está a seis quilômetros da Bolívia. E a melhor maneira de conhecer as belezas naturais do Pantanal de Corumbá é a bordo de um barco.

Uma vez no Rio Paraguai, vale participar da pesca recreativa ou esportiva, numa região famosa pela grande quantidade e diversidade de peixes: há 263 espécies catalogadas. A gastronomia também merece atenção. Entre as iguarias regionais estão o caldo de piranha, o peixe a urucum e o macarrão de boiadeiro, preparado com carne de sol, suco de laranja e espaguete.

Dos cerca de 214 mil turistas que visitam o Pantanal de Corumbá no ano, de acordo com a Fundação de Turismo do Pantanal, 61,8% querem conhecer também a Bolívia. Os interesses dos turistas são os mais diversos: há quem queira fazer o tour de compras em Puerto Quijarro, desbravar o Pantanal Boliviano em Puerto Suárez, visitar a Igreja da Missão Jesuítica de São José de Chiquito, os balneários de águas termais de Roboré ou simplesmente acessar os principais destinos turísticos bolivianos, como Santa Cruz de la Sierra, Salar de Uyune (o deserto de sal) e La Paz.

Na região de fronteira, que compreende as cidades de Corumbá, Puerto Quijarro e Puerto Suárez, a circulação é livre, basta que o turista brasileiro esteja munido de sua carteira de identidade.