Longas viagens de avião podem causar incômodos; saiba como evitar
Viajar de avião, antigamente, era para poucos. Hoje em dia, o meio de transporte é acessível e bastante prático para quem deseja cruzar longas distâncias em pouco tempo, porém, tem o seu lado pouco glamouroso: o banheiro é coletivo e as poltronas desconfortáveis – pelo menos para quem viaja de classe econômica. Além disso, durante o período que durar o voo, será preciso dividir o espaço com mais de 300 desconhecidos, dependendo do porte da aeronave.
Por si só, esses fatores já contribuem para causar alguns incômodos, além do cansaço. Mas, durante o trajeto, outros desconfortos podem ser percebidos pelos passageiros mais sensíveis: inchaço, constipação, enjoo, dor de ouvido e de cabeça, pele ressecada e até mau hálito. Conheça a causa desses inconvenientes e saiba como se livrar deles ou, ao menos, minimizá-los.
Dor de cabeça

Antes da decolagem, a cabine da aeronave é pressurizada, igualando o ambiente interno ao encontrado em uma altitude de 2.000 metros. “Essa diferença causa uma pequena queda na taxa de oxigênio do ar em relação ao encontrado no ambiente externo ao nível do mar. Essa mudança é sentida pelo organismo e pode provocar desconforto”, explica o clínico geral Mauro Iervolino, coordenador do Pronto-Atendimento da Unidade Jardins do Hospital Israelita Albert Einstein. Mas a tensão e a falta de conforto na poltrona, que impedem de conciliar o sono, também podem contribuir para o aparecimento da cefaleia.
De acordo com o infectologista Gustavo Henrique Johanson, do Ambulatório de Medicina do Viajante da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o corpo se acostuma ao longo do voo e o incômodo geralmente desaparece depois de mais ou menos uma hora. “Se o sintoma for intenso e ocorrer com frequência em viagens de avião, é válido consultar um médico para prescrever uma medicação específica que acelera a adaptação do organismo à mudança de altitude”, orienta.
Enjoo

As mudanças bruscas de posição do corpo durante as manobras da aeronave, principalmente na decolagem, na aterrissagem e em turbulências, hiperestimulam o labirinto, um dos órgãos responsáveis pelo equilíbrio corporal, causando náuseas. Mas a diferença de pressão entre a cabine e o exterior também pode ocasionar o sintoma.
A orientação de Johanson para amenizar o problema é sentar-se nas poltronas localizadas no meio do avião, próximas às asas. “O eixo do avião encontra-se nessa parte, o que faz com que o local seja mais estável. Com isso, o passageiro não percebe os movimentos da aeronave com tanta intensidade”, explica o especialista. Em alguns casos, um médico poderá prescrever antieméticos (medicação que previne o vômito).
Dor de ouvido

Após a decolagem, é comum que algumas pessoas sintam os ouvidos tapados. A sensação também é ocasionada pela diferença de pressão entre a cabine e o meio externo e pode ser resolvida com técnicas simples. “O passageiro pode beber água, engolir a saliva com frequência ou até mascar chiclete, para equilibrar a diferença de pressão do ouvido”, afirma o clínico geral José Joaquim Pinto, membro da ISTM (The International Society of Travel Medicine – Sociedade Internacional de Medicina de Viagem). Abrir e fechar a boca e simular bocejos são outras estratégias eficientes.
Constipação

A falta de privacidade dentro do avião faz com que algumas pessoas evitem utilizar o sanitário para evacuar, o que pode causar prisão de ventre. “O ideal é programar o movimento intestinal antes, evitar alimentos que fermentem durante a viagem aérea e corrigir o hábito do intestino quando chegar ao destino”, orienta José Joaquim Pinto. É o caso das preparações que levam farinha branca, açúcar refinado, leguminosas, feijão e lentilha, conforme informa Fabiana Honda, nutricionista da PB Consultoria em Nutrição, em São Paulo.
Por outro lado, quando o assunto é banheiro, segurar a urina não é aconselhável, principalmente no caso das mulheres, que têm o canal urinário (uretra) curto. “Urinar constantemente ajuda a evitar a contaminação da bexiga pelas bactérias que colonizam a uretra e, por consequência, as infecções urinárias”, declara o infectologista. Nesse caso, além de manter o ritmo urinário habitual, os especialistas ainda recomendam reforçar a hidratação.
Mau hálito

A exposição prolongada ao ar-condicionado da aeronave e a baixa umidade relativa do ar, presentes na cabine, colaboram para ressecar as mucosas, propiciando o acúmulo de bactérias na boca. E são esses micro-organismos que produzem substâncias responsáveis pelo mau hálito. Para minimizar o problema, a orientação de José Joaquim Pinto é ingerir bastante líquido, fazer uma alimentação leve e manter a higiene bucal em dia. “Faça bochechos, escove os dentes e use enxaguante bucal”, completa Johanson.
Pele ressecada

A pele, as vias aéreas e os olhos também podem sofrer com a baixa umidade e o ar-condicionado do avião e, assim, tornarem-se mais ressecados. Para evitar o incômodo, a sugestão de Mauro Iervolino é usar cremes hidratantes, soro fisiológico no nariz e colírios à base de lágrimas artificiais. “A hidratação deve ser feita antes e durante o voo e o uso de hidratantes labiais também é importante”, diz José Joaquim Pinto.
Inchaço

Permanecer muito tempo sentado e com as pernas dobradas dificulta o retorno do sangue dos membros inferiores para o coração, o que provoca inchaço e pode até mesmo desencadear problemas mais sérios, como trombose e embolia pulmonar. “O coágulo (trombo) pode se formar dentro da veia devido à má circulação e ir parar na circulação pulmonar, provocando a embolia, que pode ser fatal”, explica Iervolino.
A boa notícia é que atitudes simples ajudam a evitar o problema. Segundo os especialistas, o mais indicado é levantar e caminhar pela aeronave pelo menos a cada duas horas e, sempre que possível, fazer movimentos com as pernas e pés, mantendo a musculatura dos membros inferiores ativa.
Antes do embarque, idosos, portadores de câncer, cardiopatas, gestantes, mulheres que fazem uso de anticoncepcional e outros medicamentos hormonais, bem como indivíduos com histórico pessoal ou familiar de trombose também podem consultar um médico para obter mais orientações profiláticas.
Cansaço

Apesar de não fazer nenhum esforço durante o voo, é comum que o passageiro sinta-se exausto após a viagem. E não é para menos. “Horas de espera em aeroportos, voos longos, acomodação inadequada nas poltronas, imobilidade e alteração de fuso horário contribuem para aumentar o cansaço”, diz Iervolino. A saída para minimizar a sensação de exaustão é apostar em uma alimentação leve, hidratar-se bem e evitar o uso de bebidas alcoólicas, antes e durante a viagem.
Uma vez no destino, vale fazer um esforço para adaptar-se ao fuso horário do local, expondo-se à luz do dia e aproveitando o que há de melhor na cidade. “A luz é responsável por manter diversas funções biológicas no corpo humano e, exatamente por isso, ajuda a regular o nosso relógio biológico”, explica Johanson.
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