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Conheça as atrações clássicas de Cuba antes de uma nova revolução

Quadros e peças de artesanato expostas em um muro com vista para Havana, em Cuba - Débora Costa e Silva/UOL
Quadros e peças de artesanato expostas em um muro com vista para Havana, em Cuba Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

Débora Costa e Silva

Do UOL, em São Paulo

19/02/2015 07h00

Após mais de 50 anos, os Estados Unidos e Cuba voltaram a ter relações diplomáticas. Por enquanto, pouca coisa mudou de fato, mas o presidente norte-americano, Barack Obama, já declarou que quer pôr um fim ao embargo econômico e até fechar a prisão de Guantánamo. Ainda assim, como a maioria do congresso dos Estados Unidos é republicana, esse passo histórico pode demorar a ser dado.

Uma coisa é certa: as pessoas perceberam que Cuba pode se transformar após reatar com os ianques e começaram a se interessar em conhecer a ilha antes que ela perca sua identidade. Por conta disso, a curiosidade sobre a ilha aumentou e o número de turistas deve crescer bastante nos próximos anos.

Se vai mesmo mudar (e como) não dá para adivinhar. O fato é que de uns anos pra cá, desde a abertura para o turismo dos anos 90, a ilha já mudou e já recebeu bastante influência estrangeira. Então não se engane: Cuba já não oferece mais a passagem de volta ao passado como antes, mas ainda guarda atrações típicas que valem a pena visitar. Veja algumas delas abaixo - e alguns alertas para não cair nas ciladas típicas de turistas:

Carros antigos 

Carros antigos estacionados em frente ao Capitólio de Cuba, em Havana - Débora Costa e Silva/UOL - Débora Costa e Silva/UOL
Carros antigos estacionados em frente ao Capitólio de Cuba, em Havana
Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

Cuba é famosa por abrigar "o maior museu vivo de carros americanos do mundo" - e com certeza esse é um fator que colabora muito para a sensação de voltar no tempo quando se está lá. Em suas ruas circulam veículos das marcas Ford e Chevrolet das décadas de 1940 e 1950, importados antes da revolução. Os mais bem conservados servem de atração para turistas, mas há muitos em péssimo estado também, que acabam servindo de táxi. Em breve, talvez o cenário mude, já que no fim de 2013 o governo autorizou a importação de carros ao país, proibida durante meio século.

Coco táxi e bicitáxi 

Coco táxis estacionados no centro de Havana, em Cuba - Débora Costa e Silva/UOL - Débora Costa e Silva/UOL
Coco táxis estacionados no centro de Havana, em Cuba
Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

As peculiaridades da economia e a impossibilidade de importar veículos geraram alternativas ao transporte na ilha. É o caso do divertido coco táxi: um triciclo motorizado com uma estrutura redonda, imitando um coco, pintada de amarelo. É bem turístico, mas é mais econômico do que alguns táxis e vale a curiosa experiência. Outro veículo bastante comum é o bicitáxi, também em três rodas, só que não tem motor: funciona na base das pedaladas de quem está guiando. É meio triste e desumano, mas às vezes não tem escapatória: nas cidades menores, é bem difícil achar transporte e essa acaba sendo a única opção.

Praias paradisíacas 

Turistas curtem a praia de mar azul de Ancón, em Trinidad, em Cuba - Débora Costa e Silva/UOL - Débora Costa e Silva/UOL
Turistas curtem a praia de mar azul de Ancón, em Trinidad, em Cuba
Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

A ilha socialista tem muito mais que museus, história e conversíveis dos anos 50. Afinal, Cuba fica no Caribe e suas praias têm o pacote completo da região: mar com infinitos tons azul, areia branquinha e fofa e pontos de mergulho em que se vê a riqueza da fauna marinha. Aliás, foi graças a beleza de seu litoral que o país conseguiu enfrentar as últimas décadas após o fim da União Soviética, pois se abriu ao turismo e fez destinos como Varadero se tornarem exclusivos para turistas.

Um dólar por foto 

Graciela Gonzalez, 80, à esquerda, e Virtudes Lopez Varona, são cubanas que vivem caracterizadas nas ruas de Havana pedindo dinheiro para os turistas que quiserem tirar fotos delas - Juan Carlos Ulate/Reuters/Jose Goitia/AP - Juan Carlos Ulate/Reuters/Jose Goitia/AP
Mulheres caracterizadas com roupas folclóricas de Cuba que posam para turistas em troca de dinheiro
Imagem: Juan Carlos Ulate/Reuters/Jose Goitia/AP

No centro da capital, na região conhecida como Havana Velha, é frequente encontrar homens e mulheres mais velhos, vestindo roupas típicas e coloridas, fumando charuto, parados estrategicamente em pontos turísticos. O primeiro instinto é sacar a câmera e tirar uma foto e, quando você se der conta, a figura já está ao seu lado cobrando um dólar pelo clique. Sim, esse é o trabalho deles - e a Cuba que vivia no seu imaginário começa a se desfazer neste momento.

Charutos 

Maria Regla, 60 anos, enrola charutos em um hotel em Havana - Enrique De La Osa/Reuters - Enrique De La Osa/Reuters
Charutos são um dos produtos mais procurados por turistas em Cuba
Imagem: Enrique De La Osa/Reuters

Símbolo de Cuba, o charuto é o produto mais procurado por turistas na ilha. Não é a toa: os cubanos são considerados os melhores do mundo. Mas prepare-se para a abordagem excessiva dos locais que oferecem "um puro" (como chamam os charutos legítimos). Reza a lenda que quem trabalha nas fábricas pode pegar um por dia, para depois revender para os turistas para incrementar a renda. Só que não dá para saber a procedência dos cigarros, que podem estar embalados em caixas da Cohiba. Portanto, fique atento ao comprar nas ruas: o produto pode até ser mais barato, mas talvez não seja da marca que dizem ser.

Mojitos 

Zacapito, mojito com abacaxi na Adega Santiago - Divulgação - Divulgação
Mojito é a bebida mais famosa de Cuba, mas há também outros drinques clássicos, como Daiquiri e Cuba Libre
Imagem: Divulgação

Rum, hortelã, limão, água gaseificada e bastante gelo são os ingredientes dessa bebida clássica cubana. Em qualquer lugar da ilha é possível encontrar o drinque a um preço honesto. Dizem que o melhor mojito da ilha é feito na lendária La Bodeguita del Medio, em Havana - vale a pena a visita também pela comida típica e música ao vivo. Outros drinques de sucesso são a Cuba Libre (rum, refrigerante de cola e limão) e o Daiquiri (rum, açúcar, limão e um xarope ou licor), cuja casa onde o coquetel foi inventado é a La Floridita, em Havana.

Arriba! 

Músicos tocam ritmos como salsa e rumba nas ruas de Santiago de Cuba - Débora Costa e Silva/UOL - Débora Costa e Silva/UOL
Músicos tocam ritmos como salsa e rumba nas ruas de Santiago de Cuba
Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

É comum imaginar que, ao chegar em Cuba, você vai andar pelas ruas de Havana e encontrar músicos tocando ritmos latinos a cada esquina, certo? Sim, mas esse não é um clichê tão longe da realidade: é mesmo muito frequente a quantidade de bares e restaurantes que têm música ao vivo de qualidade - e não só em Havana, mas em outras cidades, como Trinidad e Santiago de Cuba, também. Os principais ritmos são salsa, bolero, rumba, merengue, chachachá e mambo, mas é possível assistir a apresentações de jazz, ouvir reggaeton nas casas noturnas e, se disser que é brasileiro, pode preparar os ouvidos para "Garota de Ipanema".

Casas particulares e Paladares 

Turistas almoçam em um típico paladar: restaurante privados, administrados por famílias que abrem suas casas para servir refeições - Débora Costa e Silva/UOL - Débora Costa e Silva/UOL
Turistas almoçam em um típico paladar: restaurante privados, administrados por famílias que abrem suas casas para servir refeições
Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

Esses dois negócios surgiram como uma saída para driblar a crise econômica. Para incrementar a renda, os cubanos passaram a transformar suas casas em hospedagens e restaurantes. Ambos começaram de forma ilegal, mas depois foram autorizados pelo governo. Para ter uma experiência autêntica em Cuba, é quase obrigatório se hospedar em uma casa particular e comer em um paladar para ter contato com a verdadeira cultura do país - sem contar que são bem mais econômicos que os hotéis e restaurantes de lá.

Nas casas você poderá acompanhar e participar da rotina dos cubanos, como jogar cartas e assistir uma novela. Geralmente eles deixam os melhores quartos para os turistas, com direito a banheiro privado e ventilador. E uma curiosidade: chamam os restaurantes de paladares por influência nossa - mais especificamente da novela brasileira "Vale Tudo", que foi um sucesso na ilha. A personagem da atriz Regina Duarte abria uma cadeia de restaurantes chamada "Paladar", daí surgiu o nome.

Viva la revolución 

Mural exaltando os heróis da Revolução Cubana nas ruas de Havana, em Cuba - Débora Costa e Silva/UOL - Débora Costa e Silva/UOL
Mural exaltando os heróis da Revolução Cubana nas ruas de Havana, em Cuba
Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

Murais que retratam os heróis da revolução (Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos são os principais), monumentos em homenagem ao episódio e museus dedicados ao assunto são clássicos de Cuba, principalmente em Havana, mas é comum ver por toda a ilha. Em nenhum momento te deixam esquecer que você está em território socialista - nas praias talvez você consiga escapar. Se no começo isso gera curiosidade e faz de Cuba um lugar único, alguns dias depois a repetição pode cansar e você corre o risco de voltar de viagem tendo náuseas só de ver aquela foto clássica do Che Guevara.