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Viajar sozinho é oportunidade de se conhecer melhor e ampliar relações

Facilidade de acesso à informação encoraja turistas a viajarem sozinhos - Getty Images
Facilidade de acesso à informação encoraja turistas a viajarem sozinhos Imagem: Getty Images

Por Caio Lauer e Suzel Tunes

Do UOL, em São Paulo

03/11/2014 07h00

Adora viajar, mas não tem companhia? Para um número cada vez maior de brasileiros, isso não é um problema. Em uma pesquisa do Ministério do Turismo divulgada em 2014, 17,8% dos brasileiros revelaram a intenção de viajar sem a companhia de um amigo ou familiar. Em janeiro do ano passado, eles representavam 12,6%.

Essa tendência é confirmada, e de forma ainda mais contundente, por uma empresa especializada em pesquisa online de passagens e hotéis, a Kayak. Segundo o levantamento da companhia, entre os meses de janeiro e julho de 2014, mais de 77% das buscas por viagens nacionais e internacionais foram feitas por pessoas que pretendiam viajar sozinhas.

“A facilidade de encontrar informação online e, principalmente, nas redes sociais, colabora para que as pessoas se sintam mais confiantes e optem por viajar sozinhas”, afirma Maria José Giaretta, professora do curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Para ela, as pessoas vivem uma vida muito agitada e estressante. Nessas condições, viajar sem companhia acaba sendo “uma forma de refletir e de experimentar a introspecção”. 

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Mas o turista que viaja sozinho não fica, necessariamente, solitário. E a possibilidade de conhecer pessoas diferentes – que costuma ser mais limitada quando se viaja com um parceiro ou em grupo – tem sido um atrativo para muitos turistas.

No entanto, para que a viagem transcorra de maneira tranquila, sem sobressaltos, é preciso tomar alguns cuidados básicos de segurança, que incluem um planejamento prévio do transporte e hospedagem.

De acordo com Edmar Bull, vice-presidente da unidade de São Paulo da Associação Brasileira de Agências de Viagens, ao chegar no aeroporto ou na rodoviária, é importante, por exemplo, buscar táxis credenciados, para não ser vítima de assaltos ou abusos de preço. “Outro cuidado é fazer o seguro viagem, que cobre custos relacionados a possíveis doenças e acidentes”, afirma.

Quem viaja sozinho precisa, sobretudo, estar atento aos próprios limites e a tudo o que acontece ao redor. E é justamente essa postura de atenção interna e externa que pode trazer os maiores benefícios da viagem. $escape.getH()uolbr_geraModulos('embed-foto','/2014/ana-bortoletto-1414086889532.vm')

Oportunidade de autoconhecimento
Foi a busca pelo autoconhecimento que motivou a profissional de Relações Públicas Ana Bortoletto, de 34 anos, a viajar sozinha para a mística Índia. Após frequentar um templo indiano em Campos do Jordão (SP), ela fez as malas e partiu para uma viagem que mudou sua relação com as pessoas e até a forma de ver a vida.
 
“Quis fazer uma viagem sem legendas, sem ninguém ao meu lado que influenciasse o que eu estava vendo e absorvendo do local. Fiz uma imersão em um templo sagrado na cidade de Nabadwip, fui ver com meus próprios olhos a cidade que diziam ser rica de espiritualidade”, conta Ana.
 
Ela conta que viajou disposta a conhecer e experimentar, sem preconceitos ou restrições, uma cultura que sabia ser bem distinta da sua. Valeu a pena. De volta ao Brasil, trouxe na bagagem importantes aprendizados adquiridos do guru que conheceu na Índia. “Os ensinamentos que eu recebi lá, agora eu levo para todos os lugares aonde vou”.
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Amigos em todo lugar
Com a mesma abertura ao diferente, o representante de vendas Rafael Manzano, de 32 anos, decidiu fazer um “mochilão” pela Europa, passando pelas cidades de Londres, Liverpool, Amsterdã, Paris, Barcelona e Madri. Procurou conversar com o máximo de pessoas possível e fez diversos amigos no caminho.
 
“O idioma não foi uma barreira. Percebi que, quanto mais educado e gentil você é, melhor o tratamento recebido das pessoas”, explica Rafael.
 
Em dezembro, Manzano viajará sozinho novamente. E, dessa vez, o encontro com o outro será solidário. Ele ficará 21 dias na África do Sul fazendo trabalho voluntário em uma tribo, representando uma organização não-governamental. “A ideia é retribuir tudo o que recebi nas minhas viagens pelo mundo”, diz. 
 
Privacidade e autoconfiança
Viajar sem a presença dos amigos ou familiares, mas com muita gente ao redor, também foi a opção da bancária Rosa Tieppo, de 49 anos. Ela fez uma excursão em grupo para o sul do Brasil e diz que é possível fazer novas amizades, porém, preservando a privacidade.
 
“Eu tinha companhia para fazer os passeios, mas também tinha meu espaço e tempo reservados quando queria ler ou descansar”. Para a bancária, outra vantagem de participar de uma excursão é contar com toda a infraestrutura e segurança que a agência oferece, mesmo estando sozinho. $escape.getH()uolbr_geraModulos('embed-foto','/2014/giselle-nogueira-1414086960959.vm')
 
A questão da segurança costuma ser um obstáculo principalmente para mulheres que não têm companhia para viajar. Para incentivá-las, a jornalista e escritora Giselle Nogueira resolveu criar o blog Mulher que Viaja Sozinha, a partir de suas próprias experiências.
 
“Fiz o blog quando voltava de uma viagem e comecei, no avião, a registrar as coisas legais que tinha vivenciado. Fiquei interessada em partilhar a experiência com outras mulheres que ainda não haviam se arriscado a enfrentar uma empreitada semelhante e que muitas vezes ficam na dependência do marido, dos filhos ou de amigos para poder sair de casa”, conta Giselle.
 
Surpresas bem-vindas
A sensação de independência de uma viagem que se realiza sem negociações prévias, ao sabor da própria vontade, também é o que cativa a analista de marketing Jessica Artioli, de 23 anos. Ela diz que o maior privilégio dessa experiência é a possibilidade de ser surpreendida por diferentes lugares e paisagens.
 
“Não deixe de viajar por estar sozinho. Você pode se surpreender e descobrir que é uma ótima companhia para si mesmo”, declara. $escape.getH()uolbr_geraModulos('embed-foto','/2014/jessica-artioli-1414087015002.vm')
 
Mas a maior surpresa que Jessica experimentou em uma viagem aconteceu em Hong Kong, na China, para onde foi sozinha, por conta de uma reunião de trabalho. Para aproveitar a oportunidade, ela pediu que o chefe a liberasse uma semana antes do compromisso, antecipou a viagem e acabou visitando cidades próximas, como Dubai e Banco. “No meio de todos aqueles cenários incríveis, conheci o amor da minha vida, um brasileiro residente na Austrália e que, por acaso, estava passando um feriado na Tailândia”.  
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