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Conheça histórias de turistas que conseguiram realizar viagem dos sonhos

De moto, Júnior percorreu 17 países em seis meses - Arquivo pessoal
De moto, Júnior percorreu 17 países em seis meses Imagem: Arquivo pessoal

Rita Trevisan e Simone Cunha

Do UOL, em São Paulo

27/10/2014 07h30

Economia, planejamento e muita determinação: esses são os ingredientes essenciais para quem deseja carimbar o passaporte e chegar mais perto de um sonho. Das montanhas aos desertos, de avião, moto ou bicicleta, carregando mala ou mochilão. Cada um escolhe o seu destino e o mais importante é organizar-se para transformar o desejo em realidade. “Tudo na vida é uma questão de prioridade e a minha tem sido viajar”, comenta Carlos Policarpo dos Santos Júnior, 42, profissional de Tecnologia da Informação.     

Atualmente, Júnior vive em Londres, na Inglaterra. Mas, antes de se fixar ali, rodou muito sobre duas rodas. Ele já percorreu 17 países entre os extremos das Américas, do Ushuaia ao Alasca, totalizando 47 mil quilômetros. E tudo em cima de uma moto. “Tive que economizar por alguns anos para viabilizar meu sonho. Além disso, vendi meu apartamento. Foi o que me possibilitou ficar seis meses viajando depois”, diz.

A hospedagem e a alimentação eram definidas ao longo do percurso e ele passou por hotéis, pousadas, hostels e campings. “No período da noite, conseguia trabalhar via internet, para levantar algum dinheiro”, conta. Para Júnior, planejar uma viagem está mais fácil com todas as informações disponíveis em sites de busca. “É importante fazer uma boa pesquisa antes de se lançar pelo mundo: saber sobre os documentos necessários para entrar no país, se é preciso tomar alguma vacina específica e até um pouco sobre a cultura”, fala.

Rosilea Santiago - personagem - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rosilea economizou e realizou o sonho de conhecer a Disney
Imagem: Arquivo pessoal
 Replanejar o orçamento é o primeiro passo
Nem todo mundo tem a coragem de Júnior, que vendeu um imóvel para se aventurar por aí. Mas, dependendo do tipo de viagem, nem é preciso tanto sacrifício. O primeiro passo é estabelecer quanto é preciso juntar, em quanto tempo e, a partir daí, ir ajustando as contas domésticas. 

A dona de casa Rosilea Santiago Lewer, 52, sonhava em levar a família para uma viagem à Disney, nos Estados Unidos. Mas o dinheiro nunca sobrava. A saída, então, foi replanejar o orçamento.

“Coloquei a viagem como uma meta e vi tudo o que era possível cortar. Dispensei a empregada doméstica e abri mão de alguns luxos, como ir ao salão de beleza toda semana. Não pensava no esforço que estava fazendo, ao ter que limpar a casa todos os dias, por exemplo. Tentava me lembrar que cada centavo economizado era para passear”, diz. A estratégia deu tão certo que Rosilea não parou mais. E irá pela terceira vez à Disney este ano, com a filha adolescente.

Linda e Marquinhos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Marcos conhecerá 30 países, ao lado da noiva, em 14 meses
Imagem: Arquivo pessoal
Em um roteiro mais ousado, Marcos Pereira, 39, sócio e editor do blog Desempacotados, finaliza os preparativos para embarcar em uma grande aventura: dar a volta ao mundo, em 14 meses, passando por 30 países.

No entanto, segundo Pereira, reservar o dinheiro para essa viagem não foi o mais complicado. “Difícil foi convencer os amigos de que gastar tanto dinheiro em uma viagem, em vez de investir em um carro, em um imóvel ou em uma aplicação financeira não era uma loucura. Eu simplesmente tenho sonhos diferentes dos deles”, afirma.

Pereira vai embarcar junto com a noiva e, há um ano e meio, o casal optou por cortar gastos para viabilizar o projeto: economizaram com restaurantes, roupas, móveis e equipamentos eletrônicos. “Também vendemos tudo que era possível, desde o carro até móveis, roupas, computadores, as bolsas e as bijuterias dela”, conta. Ambos pediram demissão do emprego e, para evitar contratempos, providenciaram um seguro saúde internacional, com validade de um ano, que oferece cobertura em todo o mundo.

Flexibilidade e criatividade também contam
A pesquisadora Marília Assad, 30, que vive em Bruxelas, na Bélgica, não se prende à questão financeira, mas à experiência. “Planejo o roteiro e até faço uma estimativa de valor. Mas tenho flexibilidade para me adaptar às mais diversas situações, acho que isso faz parte do aprendizado”.

Em uma de suas viagens, Marília cruzou dois países europeus de bicicleta. E levou dez dias para ir da nascente do rio Danúbio, na Alemanha, até Linz, na Áustria. “Fui com o meu namorado e fizemos camping selvagem (em praia, beira de rio ou floresta). Também dormimos em redes nas casas de pessoas que conhecemos nesses locais e nas casas dos membros do CouchSurfing. Algumas poucas vezes precisamos pagar pela estada, em pousadas ou campings”, conta.

Renan Coss - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Sem dinheiro, Renan está a caminho de Ushuaia
Imagem: Arquivo pessoal
O comerciante e cinegrafista Renan Cossatis, 27, também apela para a criatividade – e o bom papo – para viabilizar suas viagens inusitadas. Na estrada há quatro meses, ele quer chegar à Ushuaia, na Argentina. Para isso, vai pegando carona de carro, ônibus ou caminhão. “Sempre encontro gente legal no meio do caminho, que me ajuda, dá dicas e até oferece a casa de conhecidos, onde eu posso me hospedar”, diz.

Ele também consulta o site CouchSurfing.org, que conta com um banco de pessoas que topam receber, em suas casas, turistas do mundo todo. “Já dormi em banheiro de posto de gasolina e à beira de um lago, na minha barraca. Não me incomodo nem um pouco”, garante. Aqui no Brasil, Cossatis abandonou sua vida profissional para se dedicar ao hobby de viajar.

É claro que a opção tem seus contras. Durante a viagem, muitas vezes, ele precisa trabalhar em troca de alimentos: ajuda com a louça, limpa o chão ou lava o caminhão. Toma banho quando consegue abrigo e, caso contrário, faz a higiene em rio ou lago. Para ele, vale a pena abrir mão do conforto que teria em casa se a contrapartida for a oportunidade de conhecer de perto o resto do mundo. “É a bagagem mais importante que se pode levar da vida. Conhecer novas pessoas, culturas diferentes e lugares lindos”, afirma.