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Arte de rua colore cidades como Berlim, Nova York e SP; conheça obras

Felipe Floresti

Do UOL, em São Paulo

26/10/2014 07h00

Você já deve ter reparado: nos últimos anos, algumas paredes antes sujas, rabiscadas, vazias ou sem graça pelas cidades do mundo começaram a ser substituídas por elaborados e coloridos desenhos. Seja na grafia estilizada do próprio nome ou em pinturas que ocupam a lateral de um prédio, o grafite, um dos quatro elementos da cultura hip hop, ganhou vida própria.

Grandes ou pequenas, essas obras deixaram o underground, revelaram grandes artistas (como é o caso dos brasileiros Osgêmeos e Eduardo Kobra) e hoje chegam a valer milhões. Antes que elas deixem as ruas e partam para galerias de arte, o UOL Viagem fez uma lista de destinos que são verdadeiras exposições a céu aberto.

Los Angeles (EUA)
Na terra de Hollywood, a arte underground tem seu espaço, seja em gigantescas colagens na lateral de edifícios ou um discreto estêncil em um posto de gasolina. E mesmo na menor das intervenções artísticas da cidade, como o desenho de uma menina balançando sob o letreiro de um estacionamento ou de crianças soltando pipa, pode haver uma assinatura com grife internacional. É o caso do mais famoso artista do estilo, o inglês Banksy.

Mas nem sempre as obras são eternizadas nos muros da cidade, seja por terem sido removidas por quem não aprecia essa forma de arte ou por gente em busca de dinheiro. Não é raro a remoção de muros inteiros com a obra dos artistas mais renomados e a transferência para galerias de arte ao preço de muitos milhares de dólares. É em Los Angeles que fica a maior galeria dedicada à esse tipo de arte nos EUA, a LAB ART.

Mas não tem problema. Quando um é removido, outros tantos aparecem, renovando os murais da cidade de Los Angeles. A rua La Brea, próximo à Beverly Hills, reúne um bom número de obras, contando com os artistas locais Robbie Conal e Saber, ou as colagens que destacam a expressão facial de idosos feitas por JR.

Berlim (Alemanha)
A queda do Muro de Berlim em 1989 foi a deixa para os artistas da capital alemã tomarem as ruas e demostrarem toda sua criatividade pela cidade. Com arte nas paredes de toda a metrópole, inclusive no que sobrou do Muro de Berlim, algumas merecem destaque. Na avenida Landsberger Alle, três coloridas pessoas sobem uma no ombro da outra para admirar a cidade na lateral de um edifício, em obra da dupla americana JBAK. É o maior mural já pintado em Berlim. Já em Friedrichshain uma mulher gigante criada pelo americano Tristan Eaton ameaça a capital alemã.

Londres (Inglaterra)
A Inglaterra é a terra natal de alguns dos principais nomes do grafite do mundo, como Banksy, D*Face e Steve Lazarides. Em Londres, principalmente em locais como East End, Shoreditch e Hackney Wick, é possível encontrar registros da passagem desses artistas -- e de muitos outros que chegam de longe para conhecer e contribuir com o cenário local, como Swoon, Roa, Blek Le Rat e Vhils. Os muros estão sempre em constante mudança, podendo surpreender a cada visita. São comuns os passeios guiados para conhecer cada detalhe das pinturas pelas ruas da região.

Nova York (EUA)
Em Nova York nasceu o grafite, e no pequeno bairro proletário de Bushwick, no Brooklyn, é onde a arte de rua melhor se expressa na atualidade. Diversos estúdios e galerias se espalham pelas ruas do bairro, mas é sua paisagem industrial, extremamente urbana, que encanta os artistas. As grandes paredes em branco por lá também ajudam e a cada dia surge uma nova obra pelas ruas do bairro. O mural chamado de “Hand of Protest”, que mostra um colorido homem encapuzado na fachada de um estabelecimento comercial, é um dos mais novos, feito pelo “The Bushwick Collective”.

São Paulo (Brasil)
Para que não conhece, parece somente mais uma viela toda pichada da cidade de São Paulo. Mas o Beco do Batman, na Vila Madalena, é mundialmente famoso pelas pinturas de renomados artistas de rua, como Sinha, Speto, Dask2, Dorme e Osgêmeos. Já na zona norte, a região de Santana tem se destacado por revelar uma nova geração de grafiteiros que já começam a ganhar fama em todo o mundo, como Nunca, Carlos Dias e Titi Freak. Isso sem contar tantos outros espalhados pela cidade e a pichação tradicional, ou pixo reto, que muitos veem como vandalismo, mas é considerada uma forma de arte e expressão tipicamente paulistana, conquistando admiradores internacionalmente.

Melbourne (Austrália)
Quando artistas como Kid Zoom, Reka, Rone, Sheryo e Miso começaram a fazer das paredes e muros da cidade de Melbourne suas telas em branco, ao contrário da repressão de outros lugares, receberam incentivo. Nasceu assim um movimento artístico na cidade, que rapidamente se transformou na meca dos artistas de rua. Desde então, principalmente nos arredores das ruas Hosier e Caledonian, que já estão completamente tomadas, diariamente novos pôsteres, estêncil, grafitis e murais aparecem para encher Melbourne de cor. Um destaque é o artista Adnate, que espalha retratos de crianças aborígenes.

Belém (Cisjordânia)
A muralha construída por Israel na Cisjordânia causa indignação em diversas partes do mundo. Artistas resolveram expressar visualmente a contrariedade à existência da muralha de concreto que chega a oito metros de altura em alguns pontos. Onde existe um espaço, alguém preenche com cores que expressam na maior parte a vida e frustrações do povo palestino. Algumas obras merecem destaque. Um dos primeiros a chamar atenção foi o famoso (e quase onipresente) Banksy, como na imagem de uma menina revistando um soldado ou na garota que tenta atravessar o muro com uma bexiga.

Buenos Aires (Argentina)
Prédios grandes, paredes vazias e leis relaxadas. A combinação perfeita foi um estímulo para o crescimento da arte de rua na capital Argentina. Retratando cenas do cotidiano da cidade, os artistas dão um colorido novo aos prédios e, cada vez mais, atraem grafiteiros e muralistas de outras partes do mundo. O maior mural de Buenos Aires foi feito durante 16 dias no bairro Villa Urquiza. Denominada “O conto do papagaio”, a obra de Martin Ron ocupa toda lateral de um edifício. Outro famoso foi realizado por Fintan Magee, chamado “O desalojado”, e é um memorial para as vitimas das enchentes que atingiram a Argentina em 2013.

Lodz (Polônia)
A arte de rua saiu do underground em Lodz, na Polônia. Com objetivo de reinventar a cena cultural da cidade, o poder público criou a Urban Forms Gallery (ou Galeria Formas Urbanas) com objetivo de transformar o lugar em uma grande galeria de arte. Tudo começou com o grafite. Laterais de prédios de apartamentos do centro da cidade foram cedidas para artistas do mundo todo, como os brasileiros Osgêmeos e Eduardo Kobra.