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Trekking não exige fôlego de atleta; saiba como dar os primeiros passos

Pessoas que caminham 30 minutos três vezes por semana já podem fazer trekking - Getty Images
Pessoas que caminham 30 minutos três vezes por semana já podem fazer trekking Imagem: Getty Images

Marina Oliveira e Suzel Tunes

Do UOL, em São Paulo

13/10/2014 06h00

Trilhar caminhos para ver paisagens onde os veículos motorizados não chegam. Superar limites pessoais. Vivenciar sensações pouco comuns no dia a dia, como a mescla de cansaço, dor e ao mesmo tempo prazer por alcançar um lugar novo e retornar ao ponto de onde partiu. São essas as principais motivações de quem pratica o trekking, nome dado às caminhadas por trilhas naturais.

Diferentemente do hiking, também uma forma de caminhada ao ar livre, porém em trajetos curtos, o trekking consiste em caminhadas mais longas, acima de 15 quilômetros, muitas vezes com acampamento ao longo do caminho. No entanto, quem dita o grau de dificuldade e a distância percorrida é o viajante. “Trekking é por definição uma caminhada em contato com a natureza. Não precisa ser difícil. É um equívoco comum associar trekking com alto grau de dificuldade”, explica o professor da modalidade Guilherme Cavallari, fundador da Kalapalo Editora, especializada em turismo de aventura.
 
Assim como acontece com outras atividades esportivas, há níveis de complexidade para diferentes perfis. Os trekkings fáceis costumam ser em terreno plano e em trilhas bem marcadas, já nos difíceis há trechos de subida e descida, além de travessias de rios. Mas quem quer começar, basta não ser sedentário. “Alguém acostumado a caminhar de 30 a 50 minutos três vezes na semana já está em condições de praticar o trekking”, explica Rodrigo Burkowski, professor do departamento de turismo da Universidade Federal de Ouro Preto.
 
O primeiro passo
A primeira regra para iniciar na modalidade é respeitar os limites do corpo. Para os estreantes, as mais indicadas são as trilhas com menos de 20 quilômetros. Ao escolher o trajeto é fundamental certificar-se que não terá problemas de localização no caminho, por isso, caso a trilha não seja bem sinalizada é preciso estar acompanhado de um guia que conheça bem o local. 
 
“Cuidar para não se perder é a dica básica de segurança. Parece óbvio, mas é o maior e mais sério fator de risco do trekking, porque tudo o que possa acontecer na trilha é resolvido se você consegue voltar para o lugar de onde veio. Qualquer lesão, insolação ou falta de água é um problema temporário desde que não esteja perdido”, explica o geógrafo Lorenzo Giuliano Bagini, proprietário da Sertão Expedições.  

Trekking na floresta - Getty Images - Getty Images
Em caminhadas por lugares ermos, o importante é não se perder
Imagem: Getty Images

Uma vez em contato com a natureza é preciso respeitá-la. Animais selvagens podem surgir no caminho, mas não devem ser provocados. E todo e qualquer lixo deve ser guardado na mochila e carregado de volta ao ponto de partida para só então ser descartado.
 
Bem equipado
Ainda que vá acompanhado de um guia, estudar o roteiro antes de colocar os pés na trilha vai torná-lo mais confiante e preparado para as adversidades. “É legal saber o mínimo sobre o lugar, por exemplo, se existe sinal de celular e qual a duração média da caminhada. Tem também que entender e aceitar que existem riscos e preparar-se para eles”, diz Cavallari.
 
Um erro comum de iniciantes é não usar protetor solar e vestir roupas ou calçados inadequados. Tecidos sintéticos como o tactel e outros que secam rápido são os mais indicados. Assim como tênis esportivo com solado antiderrapante. “Considerando um trekking curto não há a necessidade de investir em um calçado muito sofisticado. Mas é fundamental amaciá-lo por pelo menos 30 quilômetros antes de encarar a trilha”, diz Burkowski. “Vale também carregar meias extras porque pé molhado pode aumentar o atrito e provocar bolhas”, diz.
 
Ainda que não seja obrigatório, vestir calça pode ser mais confortável por proteger contra insetos, galhos e pedras que podem arranhar as pernas. Já boné ou chapéu, assim como óculos de sol com proteção UV são itens básicos de segurança contra o sol.
 
O peso da mochila não deve ser superior a 10% da pesagem de quem vai carregar, mas caso vá acampar no caminho será preciso levar barraca, saco de dormir e isolante térmico – uma espécie de colchonete que protege do frio originado do solo. Para fazer as necessidades fisiológicas, Bagini indica incluir na bagagem uma pequena pá para enterrar as fezes e o papel higiênico – que deve ser biodegradável. “A pessoa precisa escolher um local afastado para se aliviar, a pelo menos dez metros da trilha e de 20 a 50 metros dos cursos de água”, explica o geógrafo.
 
A alimentação deve ser prática e fornecer energia para a atividade física. Barras de cereais, frutas e sanduíches leves (de preferência sem embutidos) são boas pedidas. Evite alimentos que possam dar sede, já que não haverá água potável em abundância.  “Para um dia de caminhada é recomendado dois litros de água e 500 ml de isotônico”, diz Rodrigo Burkowski.