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Acusado de prejudicar orcas, SeaWorld inaugura novas atrações com animais

Marcel Vincenti

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/03/2014 06h00

Um dos mais populares complexos de entretenimento do mundo, o SeaWorld Parks começa a celebrar nesta sexta-feira (21) seu 50º aniversário. Os festejos, que prometem se estender por 18 meses nos três parques da marca nos Estados Unidos, ocorrem pouco depois de o conglomerado ser acusado, por um documentário visto em todo o mundo, de prejudicar as orcas que mantém em cativeiro.

Mesmo com a polêmica gerada pelo filme, o SeaWorld está anunciando, como parte das comemorações de suas cinco décadas, a inauguração de duas atrações cujas grandes estrelas serão animais marinhos.

Umas delas é o portal de entrada do SeaWorld da cidade de San Diego, que exibirá quase 5.000 bichos do mar. Batizado de Explorer´s Reef, o local abriga quatro piscinas rasas, preenchidas com 24 mil litros de água, onde podem ser vistos e tocados filhotes de tubarão, arraias e peixes.

Além disso, entre 21 de junho e 10 de agosto deste ano, três parques do SeaWorld (localizados nas cidades Orlando, San Antonio e San Diego) promoverão shows noturnos com suas orcas, nos quais são prometidas novas músicas e acrobacias. Será um complemento aos espetáculos diurnos que ocorrem diariamente nos parques, nos quais os mamíferos fazem piruetas na água e deixam o público encharcado dos pés à cabeça. 

Polêmica

Grandes estrelas do SeaWorld, as orcas são motivo de uma enorme polêmica que recai atualmente sobre o complexo. Em 2013, foi lançado nos Estados Unidos o documentário “Blackfish”, que lembra o episódio em que uma treinadora do SeaWorld de Orlando foi morta por uma das orcas do parque.

O filme usa a tragédia para expor a tese de que o SeaWorld prejudica os animais em prol do espetáculo. Entre as acusações do documentário estão as de que o Seaworld explora orcas capturadas na natureza e de que o confinamento dos mamíferos vai de encontro a seus instintos, lesando sua saúde, reduzindo sua expectativa de vida e provocando situações de conflito e violência entre eles – e também contra os treinadores que lidam com os animais.

  • Getty Images

    O SeaWorld utiliza orcas em um de seus mais populares shows aquáticos. Documentário "Blackfish" argumenta que o cativeiro deixa os animais menos saudáveis e mais violentos

Feito com uma verba de apenas 76 mil dólares, "Blackfish" logo começou a aparecer em diversos festivais de cinema no mundo (foi destaque do Sundance Film Festival 2013, por exemplo) e ganhou uma transmissão especial da CNN. Milhões de pessoas assistiram ao documentário (no Brasil, ele está disponível no Netflix) e diversos artistas (como os Beach Boys) cancelaram shows que fariam no parque Busch Gardens -- que pertence ao grupo do SeaWorld.

Defesa

Nos últimos meses, o SeaWorld emitiu uma série de comunicados nos quais se defende das acusações de "Blackfish" (o UOL tentou contato com o porta-voz do complexo responsável por falar sobre o assunto, mas ele não se mostrou disponível para conceder uma entrevista).

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  • http://viagem.uol.com.br/enquetes/2014/03/20/voce-concorda-com-a-utilizacao-de-animais-em-parques-de-diversao.js

Nos documentos enviados à imprensa, o SeaWorld afirma que "graças ao nosso trabalho inovador e de sucesso em pesquisas de reprodução de mamíferos marinhos, nós não capturamos orcas na natureza há 35 anos. Na realidade, apenas duas baleias foram capturadas pelo SeaWorld e esses animais estão sob nosso cuidado até os dias atuais."

A companhia informa que emprega "um total de 1.500 cientistas e profissionais da conservação ambiental que trabalham em programas de resgate e reabilitação de animais doentes, feridos e órfãos e os devolve à vida selvagem. Nas últimas quatro décadas, o SeaWorld já resgatou cerca de 22 mil animais."

E continua: "somente nos últimos três anos, investimos US$ 70 milhões em nossos habitats dedicados às orcas e milhões de dólares anuais para manter a qualidade desses locais. E, vivendo nestes habitats, nossas baleias mostram todos os sinais de aptidão física, incluindo peso ideal, tônus muscular, eficiência respiratória, força e frequência cardíaca. Além disso, os animais no SeaWorld não enfrentam os mesmos desafios dos animais selvagens. Eles não estão sujeitos à fome ou poluição. Se eles estão doentes ou feridos, eles recebem cuidados veterinários."

Para finalizar, o Seaworld afirma que "Blackfish manipula os espectadores emocionalmente" e que as informações do documentário "não condizem com a realidade."

Os 11 parques de diversão que compõem o grupo SeaWorld Parks & Entertainment abrigam atualmente cerca de 67 mil animais terrestres e marinhos (entre eles, 28 orcas). O grupo afirma que, mesmo com toda a sua repercussão, o documentário "Blackfish" não interferiu no número de turistas que visitam o complexo: hoje, são 24 milhões de pessoas por ano.

Mais novidades

O SeaWorld também está usando as comemorações de seus 50 anos para reforçar a imagem de empresa que se preocupa com o meio ambiente. A partir deste 21 de março, serão expostas nos parques do complexo diversas esculturas gigantes de animais marinhos, todas feitas com detritos encontrados no oceano. Além disso, serão organizados encontros dos turistas com animais que, feridos ou órfãos, foram resgatados pelo SeaWorld. Entre as espécies, há um casal de pinguins-de-Magalhães, um lêmure e até flamingos.