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Réplica do Museu do Ipiranga é inaugurada no Mini Mundo, em Gramado

Cris Gutkoski

Do UOL, em Gramado (RS)

14/08/2012 16h10

O Museu do Ipiranga, grandioso mesmo em escala reduzida de 1:24, ou 24 vezes menor do que o seu tamanho original construído na cidade de São Paulo, é a mais nova atração do Mini Mundo, um dos parques mais visitados de Gramado , a 120 km de Porto Alegre.

A miniatura do palácio em estilo neo-renascentista ocupa uma área de 120 metros quadrados e seu detalhamento, com jardins, fontes, escadarias, micropostes e pequeninas cercas de metal, comove até quem nunca visitou o Museu Paulista - o nome oficial da instituição que passou a ser conhecida como Museu do Ipiranga, em homenagem ao local onde d. Pedro 1º deu o grito de Independência do Brasil.


No parque com centenas de esculturas ao ar livre em Gramado, o símbolo paulista que teve projeto do italiano Tommaso Gaudencio Bezzi passa a fazer companhia a outras obras-primas em miniatura, como o castelo de Lichtenstein, as prefeituras de Urach e Freiburg, a torre de TV de Hamburgo, o aeroporto de Bariloche, o navio-museu Cap. San Diego e a Igreja de São Francisco de Assis, preciosidade barroca de Ouro Preto. Aberto para visitação desde 1983, o Mini Mundo é uma espécie de cidadezinha encantada na Serra Gaúcha, onde a arquitetura de várias regiões do mundo, sobretudo da Europa, harmoniza-se com a mescla sonora dos sotaques dos turistas, brasileiros e estrangeiros.

“Queremos que o visitante se reconheça aqui”, diz a gerente do parque, Gisele Nienow. Longe de casa, imagens conhecidas podem produzir conforto. O número de turistas do Estado de São Paulo vem crescendo em Gramado, em anos recentes, e os primeiros esboços para o Museu do Ipiranga datam ainda de 2006. Após a pesquisa nos desenhos originais do século 19 (o Museu foi inaugurado em 1895) e da produção de um extenso material fotográfico do palácio, a fabricação das pequenas estruturas e a montagem final da réplica tomaram cerca de ano e meio. No Mini Mundo, uma miniatura tão impressionante e trabalhosa como a do Museu Paulista foi a do Castelo de Neuschwanstein, montada andar por andar, peça por peça, com suas várias torres e 508 aberturas, ao longo de nove meses.

Esta inauguração na noite de ontem (13), durante a 40ª edição do Festival de Cinema, em agosto de 2012, celebra os 100 anos de nascimento do alemão Otto Höppner, pedreiro, artesão e fundador do Mini Mundo. Ele emigrou para o Brasil em 1952, casado com uma brasileira, e começou a fazer pequenas réplicas de castelos e ferrovias como forma de divertir os netos e também para rever por perto a sua terra natal deixada para trás após a Segunda Guerra.

Mas dar vida a um novo jardim em miniatura no auge do inverno sulista provocou contratempos na montagem do Museu do Ipiranga. Segundo o designer Samuel Parmegiani, de 27 anos, grande parte do material da edificação é formada por polímeros (plásticos), metal, basalto e pedras, resistentes à chuva e demais intempéries. Cercando as miniaturas do parque, porém, as centenas de árvores, plantas ornamentais e gramadinhos são seres vivos e frágeis, não são de plástico. Resultado: a grossa geada que se formou recentemente sobre os minijardins do Museu Paulista era em tamanho real, danificou as plantas, e o trabalho precisou ser refeito.

  • Cleiton Thiele/Divulgação

    Réplica em miniatura do Museu do Ipiranga reproduz as centenas de portas, janelas e colunas do palácio


Olhando de perto, prestando atenção na riqueza dos detalhes, o que se percebe dentro do retângulo de 10 m X 12 m é um tour de force, uma proeza da artesania: para compor o cenário em que se destaca um palácio amarelo com 6 m de largura, em fachadas decoradas com 171 janelas e 84 portas, foram reproduzidos 86 postes de metal, com iluminação e tudo. Nos jardins em miniatura do Museu do Ipiranga, jorram 79 jatinhos de água, sendo que o mais alto deles atinge 63 cm de altura. Até as figuras dos animais alados que formam um sofisticado mosaico na calçada diante do portão principal comparecem na réplica, desenhados com pedra moída. Na tarde da última quinta-feira, um artesão com luvas brancas trabalhava de joelhos numa das extremidades do palácio, retocando as faixas brancas para o estacionamento dos carrinhos de brinquedo.

As crianças que visitam o Mini Mundo se encantam rapidamente com as locomotivas e vagões se movimentando e apitando por túneis e trilhos, diz um dos guias do parque, Michael Rosa, que interpreta o personagem do “limpador de chaminés”. Para os adultos a viagem pode ser outra: também é um tipo de retorno à infância e suas proporções diminutas, com o acréscimo da admiração pela arte que emerge do carinhoso trabalho braçal. Entre as lições trazidas da Europa por imigrantes como Otto Höppner e sua família está a de que gastar as mãos é uma atividade nobre.

O Mini Mundo abre diariamente, das 10h às 17h, todos os meses do ano. Os ingressos custam R$ 16 para adultos, com meia entrada (R$ 8) para pessoas com mais de 60 anos e crianças a partir de 2 anos, com até 1,20 m de altura. O parque conta com café, sanitários, fraldário, casinha de bonecas e lojas de suvenires. No gazebo da entrada que serve para descanso dos visitantes, pinguins de pelúcia em tamanho natural fazem coro aos moradores de Gramado para que a neve caia qualquer dia desses e atraia os turistas. Seria um cataclismo raro, a primeira neve na história centenária do Museu do Ipiranga, guardião de um acervo de 125 mil objetos, documentos e obras de arte, entre elas a pintura “Independência ou Morte”, de Pedro Américo.

Mini Mundo
Rua Horácio Cardoso, 291, em Gramado (RS)
Tel: (54) 3286-4055
www.minimundo.com.br