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Venda fracionada de imóveis em resorts proporciona férias luxuosas e chance de viagem a outros países

Marcel Vincenti

Do UOL, em São Paulo

03/05/2012 07h00

Surgidos nos Estados Unidos há alguns anos, os sistemas de vendas fracionadas de propriedades de férias têm começado a ganhar força no Brasil. Apesar de acessível para poucos, por causa de seus altos preços, trata-se de um negócio extremamente atrativo: com cerca de R$ 180 mil, o interessado adquire uma fração de um imóvel localizado dentro de um resort do país. Com a compra, tem o direito de usar a propriedade por um determinado número de semanas todos os anos, incluindo feriados como Ano Novo, Carnaval e Semana Santa.

O negócio é atrativo pois, por menos de R$ 200 mil, dá ao cliente e à sua família o direito de usufruir de uma casa de veraneio que, no papel, custa milhões de reais. Também acaba com qualquer preocupação com a manutenção e as contas rotineiras - como IPTU e água - do imóvel (esses encargos já vêm inclusos no valor da compra). E mais: adquirir uma fração traz, na maioria dos casos, as mesmas vantagens que a aquisição de um imóvel. A fração torna-se um bem herdável e negociável: o proprietário pode repassá-la ou revendê-la a terceiros quando quiser.

Além disso, alguns resorts brasileiros que vendem propriedades fracionadas fazem parte do The Registry Collection, site que reúne centenas de propriedades de férias disponíveis para intercâmbio no mundo todo.

O dono de uma fração no Brasil, por exemplo, pode trocar as semanas a que tem direito em um resort brasileiro por hospedagem em propriedades de países como México, Itália, Canadá, Belize, África do Sul, Espanha, Portugal e Estados Unidos (há, inclusive, uma série de resorts da Disney disponíveis para troca, como o Disney's Animal Kingdom Villas e o Disney's Vero Beach Resort).

O lado negativo é que, pagando “apenas” R$ 200 mil, o cliente não será o único dono do imóvel. Casa propriedade no país é vendida, em média, para 12 famílias, cada uma com direito de usar a casa por quatro semanas ao ano. Um sistema anual de rodízio determina quais delas serão as primeiras a utilizar a residência em feriados e nos períodos de férias. O cliente, portanto, precisa ter flexibilidade para conseguir viajar ao resort em diferentes épocas do ano. Se não conseguir viajar na data que reservou, porém, ele pode sublocar o imóvel para outra pessoa.

“É um sistema que me deixa despreocupado”, conta o engenheiro brasiliense Roberto Costa, 61 anos, que há um ano adquiriu duas cotas (ou oito semanas de uso por ano) de uma propriedade em um resort no sul da Bahia. “Quando viajo para lá, só levo meu chinelo e meu calção de banho. O resto, como manutenção e limpeza da casa, é o resort que cuida”. Roberto ressalta, porém, que não pode usar a residência por mais de duas semanas seguidas. “Tenho que dividir minhas cotas em diversas épocas do ano, para não entrar em conflito com a agenda dos outros proprietários.”

Bahia e Paraná

No Brasil, atualmente, há três resorts que vendem propriedades de maneira fracionada e que fazem parte do site Registry Collection. Um deles é o Quintas Private Residence, inaugurado recentemente na Costa do Sauípe, litoral norte da Bahia, e cujas frações são vendidas a R$ 180 mil.

Ao pagar esse valor, o cliente tem o direito de usar uma propriedade dentro do Quintas por um mês ao ano, durante 100 anos. São casas com aproximadamente 300 m², quatro suítes e piscina. Se o proprietário quiser viajar ao exterior, ele pode trocar uma semana de hospedagem no Quintas por duas semanas no Legacy Private Residencies, na África do Sul, quatro semanas no Club Paradiso, em Dubai, e seis semanas no Wyndham Vacation Resort, na Austrália. Para usufruir o Quintas em feriados e férias, porém, tem que entrar no sistema de rodízio.

Também está localizado na Bahia o resort Itacaré Paradise, que vende cotas de casas com 250 m² a R$ 143 mil. Já no Paraná, o resort rural Aguativa Privilege, localizada no município de Cornélio Procópio, a 55 km de Londrina, vende cotas de seus imóveis por R$ 150 mil. Ambos os empreendimentos fazem parte do site Registry Collection e possibilitam intercâmbio com imóveis estrangeiros.

Outras opções

Há outras organizações no mundo que têm um trabalho parecido com o do The Registry Collection. A RCI (Resort Condominiums International), por exemplo, reúne mais de quatro mil hotéis de 100 países do mundo que vendem títulos hoteleiros para seus clientes. Nesse sistema, o hóspede pode adquirir uma determinada quantia de semanas de hospedagem em uma pousada do Brasil e, quando quiser, trocá-las por semanas de hospedagem em um estabelecimento do exterior. Se o nível do hotel estrangeiro for superior ao do brasileiro, o cliente paga uma taxa extra (chamada de "taxa de intercâmbio"). Um dos empreedimentos hoteleiros que fazem parte desse sistema é o Rio Quente Resorts, em Goiás, com o programa Rio Quente Vacation Club, cujos títulos hoteleiros custam de R$ 6 mil a R$ 40 mil. 

Para mais informações: The Registry Collection / Resort Condominiums International