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Gonçalves, ao sul de Minas, atrai cada vez mais turistas

RAFAEL ILLUMINATO *

Colaboração para o UOL

05/07/2011 17h04

São seis horas da manhã e o centro está cheio de gente. Os locais esperam o transporte em direção à zona rural, local de trabalho da maioria da população. A partir de então, a paz toma conta das ruas, uma cena típica de uma cidade interiorana. Por volta das 18 horas, quem estava na lida retorna. Lá pelas 20h, como diz a expressão popular, já não se vê um “gato pingado” na rua.


Esse sempre foi e continua sendo um dia comum em Gonçalves, ao sul de Minas Gerais. O cenário muda de figura na época de férias e, principalmente, nos fins de semana, quando o destino é procurado principalmente por casais e amantes da natureza e das belas paisagens. O cenário envolto pelo verde e pelo clima de montanha traz o friozinho digno de uma lareira acesa. É um convite ao descanso, ao sossego e à quebra da rotina da cidade grande.

Pacata e com ares bucólicos, o município vem atraindo de maneira crescente os olhares de interessados em investir em infraestrutura para o turista, seja com estabelecimentos para hospedagem ou entretenimento em geral. Saltam, ainda, o número de casas de veraneio, procuradas principalmente por paulistas e moradores de grandes metrópoles.

Esse é o caso de Andréa Gottschalk, 51, consultora em pesquisa de mercado, que possui um sítio na cidade há vários anos. “As pessoas que vão pela primeira vez a Gonçalves acham o lugar bacana. Depois vão mais uma vez e vêem tudo com outro olhar. Na terceira, já se apaixonaram, já ficam mais tempo por lá e já pensam em morar na cidade quando se aposentarem. Gonçalves é uma paixão”, conta a autointitulada "fã incondicional" do município.

Quando Andréa pisou pela primeira vez na cidade, há mais de 15 anos, a infraestrutura para receber o turista era muito diferente. Quem conhece o local há alguns anos não demora a notar que o número de pousadas, restaurantes e bares cresceu. “Em 2001, Gonçalves era muito menor e o turismo também era muito menor. A cidade não estava ainda tão esquematizada pra receber turistas”, avalia Claudia Beltran do Valle, 46, médica.

Motivos não faltam para que a charmosa cidade esteja cada vez mais presente no roteiro dos turistas. Ao sul de Minas e a 1.350 metros de altitude, Gonçalves foi privilegiada por um belo recorte de serra, que conquista o viajante ao primeiro olhar. O passo natural é o aumento de investimentos, seja em hospedagens, em estabelecimentos turísticos ou em casas de veraneio.

Comenta-se, entre a população local, que um lote de 150 m² no centro, que valia cerca de R$ 25 mil em 2003, chegou a ser vendido por R$ 380 mil no ano passado. “O preço do terreno subiu absurdamente e, nisso tudo, existe um risco de que a cidade perca suas características próprias, o risco da mercantilização, de acontecer o que aconteceu com Campos de Jordão”, acredita Claudia.

Pode até ser. A pequena cidade mineira talvez possa ser enxergada com potencial para um roteiro mais urbano, com maior vida noturna e bares no futuro, mas quem a prefere com seu aspecto caipira ainda é otimista. “Acho que um dia isso pode acontecer, mas, por agora, não há perigo. Para ter essa reviravolta ainda tem tanto, tanto tempo...”, opina Andréa.


Comer e curtir a natureza

Quem vai a Gonçalves pode optar por diferentes estilos de viagem. Na gastronomia, vários restaurantes tradicionais da cidade servem comida caipira e sem frescura. Em um deles, o restaurante da Vilma, não deixe de provar a carne de lata, especialidade da casa. O frango caipira também é uma boa pedida.

Para petiscar e tomar uma cerveja, o Janelas com Tramela é um bar-boteco com apresentações frequentes ao vivo tanto no almoço quanto no jantar. Inaugurado em 2010, contou com a participação do cantor baiano Moraes Moreira em seu dia de estreia. No cardápio estão comidas regionais brasileiras.

Com disposição, não deixe de fazer a trilha que leva até o topo da Pedra Bonita, a 2.120 metros de altura. A caminhada - longa - é feita entre mata nativa e passa por nascentes e rochas. O passeio, que leva cerca de seis horas, é recompensador, com uma vista panorâmica da região da Serra da Mantiqueira, como a Pedra do Baú, Monte Verde, Campos do Jordão e, é claro, a própria Gonçalves. A presença de um guia local é recomendada.

Se o tempo for curto, vale a pena conhecer as cachoeiras da região, que, mesmo em dias frios e com a água gelada, são reconfortantes - nesta época do ano, mergulhar é apenas para os corajosos, e bota corajoso nisso, pois a água é geladíssima - e situadas em meio ao cenário típico local.

 

Informações turísticas

www.goncalvestur.com.br
 

Como chegar

De São Paulo, um dos caminhos para Gonçalves é utilizar a rodovia Carvalho Pinto, sentido Campos do Jordão. Continue pela rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro e atente para o acesso a Santo Antônio do Pinhal, com placas indicando o sul de Minas Gerais. O caminho passa por Sapucaí Mirim, São Bento do Sapucaí. Em curva à esquerda e aproximadamente 12 km adiante estará Gonçalves.
 

Onde ficar

Pousada Bicho do Mato
Tel. (35) 3654-1350
www.pousadabichodomato.com.br

Pousada Lua de Pedra
Tel. (35) 3651-7013
www.luadepedra.com.br

Pousada do Rio
Tel. (35) 3654-1346
www.pousadadorio.com.br

Pousada Serra Vista
Tel. (35) 3654-1314
www.pousadaserravista.com.br

Turismo receptivo Tribo da Montanha
Tel. (35) 3654-1172
tribodamontanha@gmail.com


*O jornalista Rafael Illuminato viajou à Gonçalves a convite do bar e boteco Janelas com Tramela