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Uma viagem pelos aromas de Alicante, na Espanha

FELLIPE FERNANDES

Colaboração para o UOL, de Alicante

19/04/2011 18h59

"Além de ser formosa, é também cheirosa", me diz Joaquin Soriano, um tapeceiro aposentado, há 35 anos na cidade de Alicante, na Espanha, enquanto pesca polvos e calamares num espigão à margem do Mediterrâneo. "Respire, vamos!", me anima fazendo gestos com a mão diante do peito como quem tenta agarrar o ar. Afasto então da minha memória o cheiro dominante da maresia no fim daquela tarde, tomo forças, inspiro muito devagar uma boa quantidade de ar sob o olhar do pescador, retenho e expiro. "O que você sente?", quer saber ele. Um cheiro quente e caseiro de figo, respondo.


Joaquin é pai da artista plástica Yoana Soriano, 30, alicantina de berço, que me explica que o cheiro adocicado que eu sinto deve-se ao fato de a cidade estar arborizada com árvores frutíferas, como figueiras, laranjeiras, oliveiras, entre outras que, em meio aos inúmeros canteiros de flores espalhados pelos bairros, perfumam as ruas. "Somos um destino turístico onde normalmente as pessoas se sentem como se estivessem em casa, porque sempre há um cheiro que remete a uma lembrança", poetiza.

De fato, Alicante, uma das jóias da coroa espanhola, situada em plena Costa Branca – a riviera epanhola – recebe muito bem os seus mais de dois milhões de visitantes a cada ano. Aos pés do Monte Benacantil, resguardada pelas muralhas do Castillo de Santa Barbara e adornada por quinze quilômetros de costa marítima, a cidade oferece uma grande variedade de hotéis e pousadas, restaurantes e bares, cassinos e discotecas, além de passeios obrigatórios e outras alternativas de entretenimento, mas também essa sensação gratuita de se estar num lugar onde os anfitriões realmente gostam que você esteja.

"Há sempre o que se fazer em Alicante para todos os tipos de gostos e pessoas, e pode ser que nós mesmos os levemos para a diversão", afirma Yoana, para quem o lugar, ao contrário do que ocorre em muitos outros destinos turísticos espanhóis, apesar de ter evoluído com a modernidade, não perdeu a identidade, sem se manter duros e fechados para as pessoas que visitam a cidade. "Temos uma história milenar que foi sim se adaptando aos tempos, mas a raiz ainda permanece. Basta ver nossas comidas e festas, por exemplo. O alicantino gosta de receber."


Identidade

Há evidências arqueológicas de que Alicante tenha sua origem na época dos Fenícios, passando pelas guerras Púnicas (pela disputa das linhas comerciais do Mediterrâneo nos anos 200 a.C.) e começando a ser edificada no lugar onde está hoje pelos Visigodos no princípio do primeiro milênio, quando ganhou dos Romanos o denominação latina Lucentum, que significa 'Cidade da Luz', em referência ao brilho do sol nas areias brancas da região.

Foi ganhando os contornos da Alicante que hoje se vê na Idade Média com a retomada da cidade das mãos dos árabes pelo reino de Aragão no século 12, quando começaram a fazer os principais monumentos. Povoada sempre por comerciantes que sobreviviam do mar, a cidade foi enriquecendo-se com o passar dos anos, tornando-se assim uma das principais portas de entrada de mercadorias no reino da Espanha unificada.

Hoje, tendo atravessado mais de dois mil anos, El Casco Antiguo, como é chamado o centro velho de Alicante, ainda guarda entre seus inúmeros tesouros históricos vestígios da presença romana como casas e muralhas, igrejas medievais, como a Catedral de San Nicolás e o próprio Castillo de Santa Barbara, além de representações arquitetônicas de todos os períodos artísticos da História do Ocidente, além de ser atualmente também o centro da movimentação noturna, onde se concentram hotéis, bares, discotecas e restaurantes.

"O bairro velho é onde realmente se sente a cidade", diz Joaquin, para quem aquele que realmente quiser conhecer um lugar deve fazê-lo caminhando, desvendando a cultura, sentindo os aromas. "O perfume de Alicante não é composto apenas por flores e frutas", adverte. "Se o turista que vier aqui não sentir também o cheiro do alho sendo refogado e da paella sendo cozida em qualquer um dos becos históricos, da mistura da maresia com o óleo queimado dos barcos que partem do porto, do incenso que escapa das igrejas, o cheiro das ruas quando é manhã, terá que voltar novamente, pois não conheceu nada."

  • Fellipe Fernandes/UOL

    Fundando na década de 1920, o Mercado Central de Alicante é uma boa oportunidade para conhecer especiarias e condimentos da culinária espanhola

Como chegar

Alicante está no sudeste espanhol e integra a Comunidade Valenciana. Está a 182 Km de Valência, a 432 Km de Madrid e a 544 Km de Barcelona.  A cidade está bem atendida por companhias aéreas, linhas férreas e rodovias. Pode-se chegar a Alicante por mar também.


Onde Comer
Um dos pratos mais conhecidos da cozinha típica é Paella Alicantina, que leva calamares, camarões, atum, frango, pimentão, arroz e o tempero espanhol. A culinária espanhola também é conhecida pelos aperitivos, como jamón, chorizos, tortillas, morcillas, entre outros.

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