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No Parque Estadual da Serra da Tiririca, turistas encontram natureza que atraiu Darwin

MARCEL VINCENTI

Colaboração para o UOL Viagem

07/04/2011 14h20

O Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) tem nome engraçado: tiririca. Além de batizar um cantor de discutíveis atributos artísticos (hoje, deputado federal), é, segundo o Houaiss, "uma das piores ervas daninhas" que se conhece. Mas não se enganem: de nocivo, o ambiente do parque não tem quase nada. Com uma área de 2.260 hectares, dividida entre os municípios de Niterói e Maricá, no Rio de Janeiro, o Peset constitui uma das mais ricas unidades de conservação do Estado: abriga áreas com mata Atlântica, restingas, costões rochosos, mangues e banhados. E sua fauna exibe mais de 150 espécies de aves, além de inúmeros exemplares de anfíbios, répteis e mamíferos de pequeno tamanho.

A diversidade da região atraiu a visita, no começo do século 19, de Charles Darwin. E hoje, quase duzentos anos depois, ainda oferece um paraíso de descobertas aos amantes do ecoturismo: o Peset é cortado por trilhas que levam a alguns dos mais belos mirantes do Rio de Janeiro. No caminho, o visitante irá topar com árvores nativas da mata Atlântica - como o ipê-amarelo e a quaresmeira. Se der sorte, verá gaviões cruzando o céu e bichos-preguiça entre os troncos. Se der azar, cruzará com jiboias e jararacas. E ao final, quando a selva acaba e descortina os altos morros que crescem junto ao mar, poderá apreciar o que o parque tem de melhor: os pontos de visão sobre as praias de Niterói, Maricá e da cidade do Rio de Janeiro.

A entrada principal do Peset, que conta com posto de recepção ao visitante, está no bairro de Itacoatiara, em Niterói. O acesso, gratuito, abre caminho a trilhas que levam à Enseada do Bananal – onde é possível subir em imponentes rochas e, lá de cima, ver tartarugas marinhas – e ao Costão, um monólito de 220 metros de altura, fácil de ser escalado, cujo topo oferece visões fantásticas das praias da região e da silhueta da Cidade Maravilhosa. Considerado obra-prima da natureza, o pôr-do-sol visto do lugar atrai grande número de pessoas.

Mas a diversão não para por aí. Ao todo, são mais de uma dezena de atrações à disposição do visitante. O Caminho Darwin, por exemplo, é uma trilha de 2,2 quilômetros de extensão, de terreno plano, que cruza o Peset entre o Engenho do Mato (em Niterói) e Itaocaia (em Maricá). O autor do livro “A Origem das Espécies” passou pelo local em 1832, a caminho de Cabo Frio, e hoje os turistas podem desbravar a lendária rota a pé, de bicicleta ou a cavalo.

E outras trilhas proporcionam igual fascínio a quem as visita: a do Morro das Andorinhas, com 1 quilômetro de extensão, descortina a paisagem da região oceânica de Niterói e de parte da cidade do Rio de Janeiro. O cume do Alto Mourão, por sua vez, é o ponto mais alto de Niterói (são 412 metros de altura) e para chegar até ele é necessário encarar uma difícil trilha de dois quilômetros.

A paz de espiríto gerada por tais caminhadas, entretanto, pode ser trocada por descargas violentas de adrenalina. A topografia do Peset oferece terreno perfeito para os amantes de esportes radicais: praticantes de rapel e escalada se penduram diariamente, cheios de coragem, nos íngremes paredões do parque. Há espaço para tanto para iniciantes como para os veteranos da arte. 

E há espaço também para os que gostam de ter experiências sociológicas e históricas: pode-se organizar visitas a comunidades caiçaras existentes nos arredores da unidade de conservação e ao Museu de Arqueologia de Itaipu, que mostra a história da ocupação humana na região.

  • Parque Estadual da Serra da Tiririca/Divulgação

    O Parque Estadual da Serra da Tiririca tem alguns dos mais belos mirantes do Rio de Janeiro. Na foto, a praia de Itacoatiara, em Niterói, vista do Morro das Andorinhas

O Peset foi eleito pela Unesco, em 1992, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. E de acordo com  Fernando Matias, um dos responsáveis pela gestão do parque, é importante que as pessoas que planejam visitá-lo tenham consciência ecológica. “O Peset não conseguiria suportar um turismo de massa”, diz ele.

Mas, apesar de frágeis, as trilhas do parque, somadas ao sol inclemente do Rio de Janeiro, poderão extenuar o visitante. Àqueles que pretendem visitar esse paraíso terrestre, recomenda-se levar, além de muito respeito à natureza, uma boa garrafa com água. O mar das praias de Itacoatiara e Itaipuaçu, que banha a paisagem do Peset, se encarregará de refrescar o turista após a aventura.

Informações Úteis

  • O Parque Estadual Serra da Tiririca está aberto diariamente das 7h00 às 18h00 (e até às 19h00 durante a vigência do horário de verão).
  • O posto de recepção ao visitante fica na esquina da rua das Papoulas com a rua das Rosas, no bairro de Itacoatiara, cidade de Niterói. Telefone para mais informações: (21) 2709 9176
  • Telefone do Museu Arqueológico de Itaipuaçu. (21) 3701 2994
  • Telefone para cursos de escalada: (21) 9691 9196
  • Telefone para caminhadas ecológicas guiadas: (21) 2709 5435