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Charlottesville tem clima europeu, ótimos vinhos e história; aproveite a cidade em 36 horas

Divulgação/Clifton
Imagem: Divulgação/Clifton

JOSHUA KURLANTZICK<BR><br>New York Times Syndicate<br>

17/12/2008 15h12

Ao chegar a Charlottesville vindo do viçoso interior rural da Virgínia, nos EUA, é quase possível se sentir como se voltasse para a Roma antiga. A Rotunda, o elemento central do projeto de Thomas Jefferson para a Universidade da Virgínia, foi construída, é claro, para lembrar o Panteão, assim como as fachadas neoclássicas dos prédios das faculdades parecem saídas dos tempos de César.

Mas a cidade em si é bem mais avançada do que sua arquitetura. À medida que a culinária regional americana ascendeu ao longo da última década, Charlottesville esteve no centro de muitas mudanças, com os chefs locais atualizando os pratos tradicionais do Sul. O cenário musical da cidade também lançou megaastros como Dave Matthews Band e ajudou a lançar as raízes do rock moderno. Até mesmo o vinho da Virgínia, que antes estava mais para Burger King do que para Bordeaux, emplacou. As vinícolas locais que costumavam nunca ser convidadas para competições agora enfrentam as melhores da Califórnia ou da França em pé de igualdade. Até mesmo Jefferson se orgulharia - o terceiro presidente teve sucesso em quase tudo, exceto extrair um vinho decente do solo da Virgínia.



Sexta-feira


15h - Ratos de Shopping
Cortando o centro de Charlottesville, o shopping ao ar livre é margeado por carvalhos e repleto de estudantes. Comece pela ponta oeste e faça uma longa caminhada pelo shopping. Você passará por fileiras de prédios de tijolos restaurados, mímicos e violinistas de rua, uma praça central para arte popular e cafés a céu aberto que fazem a rua parecer mais européia do que americana - algo que o eurófilo Jefferson teria apreciado. Refletindo o fascínio pela culinária local, o shopping também conta com um grande festival de gastronomia, com lugares oferecendo orgulhosamente ingredientes da Virgínia. Pare assim que sair do shopping principal para um lanche no Feast (416 West Main Street, Suite H; 434-244-7800; www.feastvirginia.com), uma loja de queijo artesanal, frios e mercado gourmet que poderia facilmente se situar em Paris.

16h30 - Pequeno Irmão
Além da universidade, a casa de Jefferson, Monticello (www.monticello.org), atrai muitos visitantes a Charlottesville, mas sua grandeza e aspecto quase palaciano a fazem parecer mais um museu do que um lar. Após a visita obrigatória, experimente uma residência presidencial mais íntima - Ash Lawn-Highland, a casa de James Monroe, que até hoje fica à sombra de Jefferson. Diferente de Monticello, Ash Lawn parece que ainda servia como residência há pouco tempo - apenas uma simples casa de fazenda familiar ainda contendo os pertences de Monroe (1000 James Monroe Parkway; 434-293-9539; www.ashlawnhighland.org).



Susana Raab/NYT
Crianças brincam no gramado na frente do Monticello


21h - Cavalgando pelos Arredores
A apenas 10 minutos do centro de Charlottesville, o Clifton Inn (1296 Clifton Inn Drive; 888-971-1800; www.cliftoninn.net) parece mais com o Kentucky. Colinas arredondadas e pastos cercados lembram um clássico interior eqüestre. Com a ascensão da cena de restaurantes de Charlottesville, as pousadas da Virgínia também embarcaram em uma corrida armamentista culinária, e o Clifton Inn tem se mantido atualizado com o mais recente "armamento" culinário. Seu restaurante, dentro de uma mansão sulista estilo "E O Vento Levou" com colunas brancas, oferece um cardápio de degustação "escolha você mesmo" com ingredientes locais. O jantar para dois com vinho sai por cerca de US$ 150, mas não deixe de fazer reserva.



Sábado


8h - A Genialidade de Jefferson
Logo ao amanhecer é o melhor momento para apreciar a genialidade arquitetônica de Jefferson. Ao caminhar pelo campus da universidade nesta hora, você a encontrará quase deserta. É possível se sentar no gramado principal sozinho e se maravilhar com a simetria perfeita da Rotunda, um Patrimônio Histórico da Humanidade da Unesco. A Rotunda fica no extremo norte do gramado, cercada por outros pavilhões, e a luz matinal faz as construções brancas neoclássicas reluzirem como um bota militar polida. Visitas gratuitas de uma hora à Rotunda estão disponíveis cinco vezes por dia (434-924-3239; www.uvaguides.org).

10h - Sertão Australiano
Para um desvio fascinante pouco conhecido pelos forasteiros, visite a Coleção de Arte Aborígene Kluge-Ruhe. Há 20 anos, John W. Kluge, um magnata da mídia bilionário, começou a formar aquela que talvez seja a maior coleção de arte aborígine fora da Austrália, que ele doou para a Universidade da Virgínia em 1997. O museu oferece visitas gratuitas monitoradas todo sábado às 10h30, que são essenciais para entender essas obras de arte simples e às vezes inescrutáveis (400 Worrell Drive, Peter Jefferson Place; 434-244-0234; www.virginia.edu/kluge-ruhe).

13h - Território Vinícola
Apesar de Thomas Jefferson ter iniciado a indústria de vinho local, apenas recentemente os produtores começaram a produzir vinhos decentes. A Virgínia conta com 11 trilhas para explorar e 136 vinícolas, muitas concentradas em vinhos cabernet franc, que parecem se adaptar melhor ao clima local. A Old House Vineyards (18351 Corkys Lane, Culpeper, Va.; 540-423-1032; www.oldhousevineyards.com) fica a 50 minutos de Charlottesville e ganhou renome por seu Vidal Blanc, mas sem desenvolver o tipo de postura que às vezes predomina na Califórnia. As degustações custam US$ 5. Para mais informações sobre as vinícolas da Virgínia, veja www.virginiawines.org.

15h - Estradas do Interior
Divirta-se à tarde dirigindo para o nordeste pela Rota 20, na direção de Barboursville, uma cidade que parece situada quase em outra dimensão. A estrada, que passa por uma área chamada Distrito Histórico Rural das Montanhas do Sudoeste, serpenteia para cima e para baixo por algumas das principais terras agrícolas do Estado, todas situadas à sombra das montanhas e marcadas, no outono, por mudanças de cores semelhantes às da Nova Inglaterra. Fique de olhos abertos para as placas sinalizadoras de locais históricos, já que a área conta com um rico tesouro de história afro-americana (www.nps.gov/history/nr/travel/journey/sou.htm).

19h - Jantando em Meio a Ruínas
Fique em Barboursville e vá ao Palladio Restaurant, na propriedade da Barboursville Vineyard (540-832-7848; www.barboursvillewine.net). O próprio Jefferson projetou a casa principal no vinhedo, que data de 1814. Parte da casa original foi destruída por um incêndio no final dos anos 1880, mas da construção adjacente, um amplo casarão georgiano, é possível observar as ruínas da maravilha de Jefferson - ou o pôr-do-sol sobre as Montanhas do Sudoeste. O restaurante, que oferece cozinha do norte da Itália, também se esforça para ser local, como quando casa codorna com bolos de milho ao estilo sulista. É essencial fazer reserva. O jantar para dois com vinho custa cerca de US$ 200.



Susana Raab/NYT
Fachada do Palladio Restaurante, em Barboursville Vineyard


22h - Hora do Miller
Toda cidade universitária precisa de alguns bares decentes para bandas jovens, mas em Charlottesville, um dia você verá essas bandas na MTV. Uma das mais famosas, a Dave Matthews Band, começou aqui, quando Matthews foi barman no Miller's (109 West Main Street; 434-971-8511). De lá para cá ele passou a tocar em estádios, mas a farmácia convertida, que ainda mantém muitos de seus elementos originais, é um dos pontos favoritos dos fãs de música locais pela variedade eclética das bandas que lá se apresentam. Chegue às 22h, antes dos universitários lotarem o lugar, e tente pegar a única noite da semana em que o famoso trompetista de jazz bebop e professor local de música, John D'earth, encabeça o programa.



Domingo


9h - Pegue a Trilha
Ao virem a Charlottesville, muitos visitantes fazem caminhadas pelas trilhas do Parque Nacional Shenandoah. No verão, a Skyline Drive do Shenandoah se parece mais com Los Angeles na hora do rush. Mas no final do outono, um momento em que as folhas ainda estão mudando em Shenandoah, o público encolhe. Vá até a Trilha Apalachiana, que segue adjacente à Skyline Drive, e que atrai ainda menos pessoas no fim de semana. Para informações sobre a Trilha Apalachiana na Virgínia, veja www.appalachiantrail.org/virginia.

11h - Abasteça
De volta à cidade após a caminhada, recupere as calorias - e ganhe algumas adicionais - no Bluegrass Grill and Bakery (313 Second Street, SE; 434-295-9700) para um brunch. Nada de nova culinária aqui. Espere fortes pratos simples sulistas - grãos de aveia com queijo, panquecas de trigo, batatas fritas e leves biscoitos de trigo caseiros que parecem conter uma barra inteira de manteiga cada. O Bluegrass não aceita reservas, então prepare-se para esperar por uma mesa. O brunch para dois custa cerca de US$ 35.



O Básico


A US Airways oferece vôos diretos entre o Aeroporto de La Guardia e o Aeroporto de Charlottesville-Albemarle. A passagem de ida e volta custa cerca de US$ 500, segundo uma recente pesquisa online.

Além de seu restaurante, o Clifton Inn (1296 Clifton Inn Drive; www.cliftoninn.net; 888-971-1800) tem 18 quartos e suítes de hóspedes exuberantes em uma propriedade de mais de 400 mil metros quadrados, com trilhas para caminhadas, quadras de tênis, piscina e banheira quente. Diárias a partir de US$ 205.

Para uma alternativa mais barata, experimente o 200 South Street Inn (200 South Street West; 434-979-0200; www.southstreetinn.com). Bem no centro da cidade, a pousada é uma mansão que data em parte de 1852, com 19 quartos de hóspedes e toques pessoais, como vinho e tábuas de queijos à tarde. Diárias a partir de US$ 150.

Cheque a programação da Universidade da Virgínia para informações sobre fins de semana dos pais e grandes eventos; durante estas datas, pode ser quase impossível arrumar um quarto em Charlottesville e arredores. Um calendário do ano acadêmico da Universidade da Virgínia está disponível em www.virginia.edu/registrar/calendar.html.

Tradução: George El Khouri Andolfato