23/10/2006 - 19h30

Vocalista do Cordel do Fogo Encantado seleciona lugares alternativos de Pernambuco

Da Redação

O vocalista e compositor do grupo pernambucano Cordel do fogo Encantado, Lira Paes (mais conhecido como Lirinha), fez uma relação de lugares alternativos para se visitar em Pernambuco - do litoral ao sertão.

Nascido em Arcoverde (a 259 km da capital), na zona semi-árida do Estado, Lirinha recomenda conhecer Triunfo, um destino que, apesar de estar localizado no meio da caatinha sertaneja, destaca-se por ser um verdadeiro "oásis". "Lá faz frio [a temperatura média é de dez a 15 graus], chove, é muito alto [com 1.100 metros de altitude, é o município mais alto de Pernambuco]... Também há um lindo casario colonial, rodeado por lagos, cachoeiras e açudes. Lampião adorava visitar a cidade com Maria Bonita, onde iam ao teatro, ao cinema e se divertir", conta.

Outro destaque no sertão pernambucano é o São João de Arcoverde por conta da viva tradição popular e dos costumes que a festa oferece. "É possível experimentar todas as comidas de milho, observar as fogueiras e, todos os anos, o Cordel do Fogo Encantado toca em praça pública", diz. Uma pedida imperdível também é o samba de côco "Raízes de Arcoverde", que faz ensaios abertos durante todo o ano, no Alto do Cruzeiro.

Nos arredores da cidade natal, no chamado sertão do Moxotó, Lirinha lembra do Vale do Catimbau "onde alguns filmes já foram gravados, como o recente "Árido Movie", do cineasta Lírio Ferreira". Localizado a 295 km do Recife, com extensos paredões de granito, o local abriga várias cavernas e sítios arqueológicos. Entre eles, o mais importantes é o de Alcobaça, localizado a 20 km da sede do município de Buíque. Com formato de anfiteatro, ali foram encontradas pinturas de uma área de 50 metros de extensão por até três metros de largura, datadas de mais 6.000 anos.

Segundo Lirinha, ainda vale a pena conhecer as vizinhas Pesqueira e Poção (a cerca de 200 km do Recife), onde se pode adquirir belos itens de renda das artesãs locais - as conhecidas "rendeiras", e o santuário de Cimbres, cidade pertencente à comunidade indígena Xucuru, na Serra do Orubá.

Na região agreste, o cantor indica Bezerros (a cerca de cem km do Recife), em especial o ateliê do xilogravurista J. Borges. "Ele é o melhor do mundo. Ambos temos uma ligação profunda com a literatura de cordel, e as suas xilogravuras possuem poemas", diz.

Já a dica para a Zona da Mata, é conhecer os encontros de maracatu rural no município de Nazaré da Mata (65 km do Recife), antes do carnaval, em meados de janeiro. Lirinha também seleciona uma visita pelos antigos engenhos de açúcar locais.

Chegando no litoral, o cantor não esquece os atributos culinários da "Casa da Noca", restaurante simples na cidade alta de Olinda. Numa rua transversal à ladeira da Misericórdia (que vai dar no Alto da Sé), fica o estabelecimento, cuja especialidade é a carne-de-sol com "macaxeira" (o chamado aipim no Sudeste do país). "Noca, a dona, mantém um padrão que nunca oscila no preparo do prato".

No Recife, Lirinha fez uma lista de lugares noturnos alternativos: o bar "Burburinho", na rua Tomazina, no Recife Antigo (próximo à rua da Moeda), onde é possível conferir bandas locais tocando rock e muita gente dos 20 e poucos aos 40 anos nas mesas, que ficam no meio da rua; o bar e restaurante mexicano "Boratcho", no reduto GLS da galeria Joana D'arc, no bairro do Pina; e, no final da balada, "tem que se parar no bar Garagem", diz. Na beira do rio Capibaribe, o local, que funciona de dia como uma borracharia no bairro da Torre, se destaca por ser o top do "underground" da cena noturna recifense, com cerveja barata, rock e música eletrônica para dançar.

Outra dica na capital pernambucana é o mercado da Boa Vista, "onde se pode escolher comidas típicas como fava, carne de charque e inúmeros tipos de caldinho: de feijão, de peixe, de camarão, de sururu, entre outros", explica.

Para finalizar, o compositor aconselha uma parada no bar "Bode Dourado", no bairro da Encruzilhada. "O casal dono do bar prepara um bode muito especial. Lá toca jazz e as mesas ficam na calçada da rua mesmo".