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Pode abraçar leão? Veja como praticar turismo com animais e sem exploração

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

07/10/2016 21h04

Por desconhecerem os bastidores de atrações turísticas que envolvem o contato com animais, muita gente acaba frequentando locais que submetem espécies silvestre a maus-tratos.

A boa notícia é que é possível interagir com ambientes de natureza preservada - e suas respectivas faunas - de forma sustentável. A seguir, especialistas dão dicas para quem quer ser um turista amigo dos animais.

  • Desconfie de atrações que permitem tocar em animais silvestres

    Abraçar filhotes de leão ou tirar selfies ao lado de tigres não é algo usual. Afinal, é de se estranhar que animais silvestres se mantenham tão calmos a ponto de serem tocados por humanos. "Não dá para saber se eles vão atacar e, para que não haja reações inesperadas, eles podem ser dopados antes do contato com os visitantes", diz o biólogo Edris Queiroz, diretor do Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente.

    Caso tentem fugir ou atacar um humano, esses animais ainda podem ser sacrificados, como aconteceu com a onça Juma, que participou da cerimônia da tocha olímpica em Manaus e foi abatida depois de escapar de sua jaula no zoológico do Comando de Instrução de Guerra na Selva.

  • Não pague por interações com golfinhos

    Atividades que permitem nadar com eles, abraçar e beijar não são recomendadas pelos biólogos. "Para o entretenimento humano, um enorme número de animais é retirado de seu ambiente natural, confinado e submetido a treinamentos contestáveis. Muitos são bebês e acabam separados das mães para se apresentarem em espetáculos, por exemplo", explica o biólogo Jorge Manzoni, especialista em ecologia aquática costeira e idealizador da Conferência Nacional e Internacional de Turismo Sustentável.

  • Não use animais como transporte

    Na Tailândia é muito comum que turistas subam nas costas de elefantes para passear. Porém, para se tornarem submissos, esses animais de grande porte passam por treinamentos que envolvem contenção física, violência e restrição de comida e água, de acordo com a ONG de proteção animal World Animal Protection.

    Ainda é possível ver elefantes de maneira sustentável no Elephant Nature Park (www.elephantnaturepark.org), no norte da Tailândia. Trata-se de um santuário e centro de resgate de elefantes em situação de risco.

    Passeios de carruagem também submetem os animais a esforços físicos excessivos. Da mesma forma, não há como saber se os animais estão sendo bem tratados por seus responsáveis. Em Nova York, desde 2016, as carruagens só podem circular no Central Park e não mais nas ruas de Manhattan. Assim, ao menos o contato com a poluição do ambiente urbano e com o tráfego perigoso é minimizado.

  • Pesquise antes de visitar um zoológico

    Nem todo zoológico é ruim, dizem os biólogos. "A exibição dos animais é só uma parte do trabalho de muitos zoológicos, que atuam com pesquisa e preservação de espécies silvestres", diz o biólogo Sabino José, doutor em Ecologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

    Mas é preciso informar-se sobre a atração antes de comprar o ingresso. No Brasil, o Parque Zoológico de São Paulo é referência. "O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, também faz um bom trabalho, assim como o Zoológico de San Diego, na Califórnia, que é um dos mais famosos no mundo", diz José.

  • Aposte no turismo de observação

    Os especialistas dizem que locais que controlam o número de visitantes normalmente se preocupam com a qualidade de vida dos animais. "Quando um turista faz um mergulho em Bonito (MS) ou em Fernando de Noronha (PE), em áreas onde a entrada é controlada, ele se conecta com a natureza sem interferir no bem-estar dos animais", conta Sabino José. No exterior, também é possível observar a vida selvagem sem interferir, ao fazer um safári fotográfico pelos países da África, por exemplo. Já há, inclusive, operadoras de viagens dedicadas a passeios sustentáveis, como é o caso da Responsible Travel (www.responsibletravel.com), do Reino Unido, que tem excursões para várias partes do mundo, incluindo o Brasil.