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Museu interativo faz turistas serem "passageiros" do Titanic por um dia

Vivian Ortiz

Do UOL, em Orlando*

14/04/2016 21h00

O filme “Titanic” arrebatou corações no final da década de 1990 ao mostrar o romance entre Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet), batendo recordes de bilheteria e deixando milhões de fãs emocionados com a história de amor fictícia em meio ao naufrágio real do navio, que teve início na noite de 14 de abril de 1912.

Cento e quatro anos depois, dá para reviver um pouco a experiência "embarcando" no Titanic: The Artifact Exhibition, espécie de museu interativo localizado em Orlando, nos Estados Unidos.

Infelizmente, o visitante não vai encontrar nenhum Jack Dawson para chamar de seu, mas lá você pode curtir um passeio pela primeira classe, saber como era ver a noite no deck do transatlântico e até mesmo tremer de frio, como se fosse um dos sobreviventes reais do naufrágio.

O visitante ganha um bilhete de embarque da White Star Line, companhia marítima do Reino Unido responsável real pelo navio  - Vivian Ortiz/UOL - Vivian Ortiz/UOL
Bilhete de embarque do museu
Imagem: Vivian Ortiz/UOL

A diversão começa já na bilheteria quando, ao custo de US$ 21.95** por pessoa, você compra o seu "bilhete de embarque" da White Star Line, companhia marítima do Reino Unido responsável pela embarcação.

No verso do papel está escrito o nome completo e algumas informações de um passageiro que realmente esteve no navio.  A dica é: não jogue fora, pois ele será importante mais adiante.

Uma atriz vestida como a passageira Molly Brown, que realmente esteve no navio e foi interpretada por Kathy Bates no filme de 1997, foi quem recebeu e conduziu os visitantes no dia em que a reportagem do UOL conheceu a atração.

A exposição recria diversos ambientes do navio, inclusive utilizando peças originais. Tais itens possuem uma descrição: os de tarja preta são legítimos e os com tarja branca, réplicas.

A cara da riqueza
Um dos lugares mais concorridos do navio eram as instalações da primeira classe, onde os passageiros chegaram a pagar a "módica" quantia de US$ 4.500 por pessoa, o que dá cerca de US$ 65 mil em valores atualizados (R$ 226.167,50**). Na época, era possível comprar uma casa com essa quantia de dinheiro.

Durante o tour, dá para conhecer como eram os aposentos da primeira classe - Reprodução/Site oficial - Reprodução/Site oficial
Durante o tour, dá para conhecer como eram os aposentos da primeira classe
Imagem: Reprodução/Site oficial

Custava caro, mas tinha as suas vantagens. Uma delas era ter o próprio espaço para fazer as refeições, além de um banheiro exclusivo e com direito a banheira. Hoje parece banal, mas era um grande diferencial dos passageiros das segunda e terceira classes, que precisavam compartilhar os banheiros entre si.

A vida também era mais divertida para os mais abonados, sempre entretidos por uma pequena orquestra, entre outros prazeres. Quem viajava na terceira classe, por exemplo, não podia nem frequentar os mesmos ambientes, como academia ou piscina, mas estava autorizado a organizar as suas próprias comemorações.

Nesta etapa da exposição, dá para ver de perto diversos itens do navio, como as cadeiras de descanso do deck, louças e até uma garrafa de champanhe encontrada nos escombros, que está pela metade e nunca mais foi aberta após o naufrágio.

Dá para encontrar o Leonardo DiCaprio na escada do relógio? Não, muito menos subir nela, mas é interessante para o público ver o cenário de perto - Divulgação - Divulgação
Infelizmente, o Leonardo DiCaprio não está te esperando no alto da escada
Imagem: Divulgação

Depois de visitar réplicas dos corredores da terceira classe, a próxima parada é ver de perto a escadaria do relógio, aquela mesma mostrada com destaque no filme durante a cena em que Jack, vestido como um rico passageiro, encontra Rose.

Nessa hora, fica fácil voltar para a adolescência e começar a preparar o celular para tirar uma foto como se realmente estivesse esperando o Leonardo DiCaprio na ponta da escada, assim como no longa-metragem. O problema é que os visitantes não podem adentrar o cenário e muito menos tirar fotos, que só podem ser feitas pelo fotógrafo oficial deles.

Congelando de verdade
A experiência começa a ficar realmente interessante quando os visitantes são levados para um local que simula a sala de controle do navio. É a partir dali que o naufrágio entra na vida dos "passageiros". Vestidos para o calor que fazia naquela tarde em Orlando, os turistas são pegos desprevenidos pelo ar condicionado com temperatura extremamente baixa - simulando o clima da noite do acidente.

Na ocasião, a batida no iceberg rasgou cerca de 90m do casco, condenando o navio. Logo após, os funcionários passaram em cada cabine da primeira e segunda classes acordando os passageiros, e pedindo para que colocassem os coletes salva-vidas e se dirigissem até a grande escadaria do navio. Paralelamente, os ocupantes da terceira classe foram reunidos e trancados no grande salão junto à popa.

É aí que os visitantes do museu interativo têm a chance de entrar no deck do navio e reviver aquele momento. É lindo e faz como se todos estivessem realmente tendo a experiência, pois a temperatura do ar - bastante fria - também simula como estava o tempo naquela noite.

Vivo ou morto?

Por fim, como um passageiro "real" do navio, você pode procurar pelo nome que aparece em seu bilhete na lista de passageiros e conferir se "sobreviveu ou não" ao naufrágio - Divulgação - Divulgação
Atividade envolve procurar o seu nome "real" na lista de passageiros
Imagem: Divulgação

O naufrágio, em si, é retratado na sala seguinte. No entanto, não precisa se preocupar, pois ninguém é obrigado a cair na água gelada. A situação é retratada de maneira mais "lúdica": grandes quadros na parede mostram os nomes completos de todos os passageiros que estavam na viagem inaugural do Titanic, destacando o número de sobreviventes e mortos de cada classe do navio. É triste perceber que, enquanto a grande maioria dos passageiros da primeira sobreviveu, o contrário aconteceu com os da terceira.

Após mostrar um pequeno filme com imagens do naufrágio reproduzidas pelo cinema, a guia pede que cada visitante veja o nome que está em seu cartão de embarque - aquele que todos ganharam na entrada e citado no início do texto - e confira se "você" é um dos passageiros que viveu ou morreu após o naufrágio. Apesar de mórbido, acaba sendo divertido.

A viagem termina com réplicas de jornais da época, e do iceberg que causou o acidente. Neste momento, os visitantes tocam a pedra de gelo para entender como estava a temperatura da água do mar na trágica noite: nada menos que 2ºC negativos. Também dá para colocar a mão em um pedaço do casco real do navio. Não deixa de ser emocionante.

Para quem quiser ter uma experiência ainda mais completa, o local promove jantares temáticos onde os visitantes são recebidos como autênticos passageiros da primeira classe. 

Titanic: The Artifact Exhibition
Quando: aberto todos os dias, das 10h às 20h.
Onde: 7324 International Dr, Orlando, FL 32819, Estados Unidos
Quanto: até US$ 21.95
Mais informações: www.tickets.prxi.com

* A jornalista viajou a convite do Visit Orlando.
** Preços consultados em março de 2016, com cotações realizadas em 14/04/16