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Chapada dos Veadeiros conquista famosos e tem atrações para todo gosto

Eduardo Vessoni

Do UOL, em Alto Paraíso (GO)*

04/06/2015 17h53

Declarada Patrimônio Mundial Natural pela Unesco, a região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é para todos, no sentido mais literal que a expressão possa ter. Místicos e alternativos ainda se encontram na badalada Alto Paraíso, aventureiros se isolam em trilhas selvagens do vilarejo de São Jorge e casais ou famílias com filhos encontram atrativos de acesso fácil, em Cavalcante. Até famosos têm procurado a região.

Para cada estilo de viajante, uma Chapada dos Veadeiros diferente recepciona forasteiros com atrações sob medida. O destino possui pouco mais de 15 mil km² e é formado por oito municípios. Os principais atrativos se encontram em Cavalcante e em Alto Paraíso, o mais famoso portal para aquela área preservada do nordeste do estado de Goiás.

Um dos núcleos da impressionante Reserva da Biosfera Goyaz, a Chapada é daqueles destinos que conseguem reunir, em um mesmo lugar, trilhas para cachoeiras e piscinas naturais, povoados históricos e santuários místicos que atraem gente de todo o mundo. Confira abaixo as atrações da Chapada dos Veadeiros que mais combinam com seu estilo:

Chapada das celebridades
Considerada por alguns “a nova meca dos ricos descolados”, onde raves de música eletrônica costumam destoar do sossego da região, a Chapada dos Veadeiros é destino também de celebridades que passam as férias por ali.

A atriz Thaila Ayala, por exemplo, passou a virada do ano de 2015 na Chapada. No mesmo grupo de amigos célebres, o ator Daniel de Oliveira e a namorada Sophie Charlotte também pegaram carona na viagem da ex-"Malhação".

Outros, no entanto, preferem temporadas mais longas e escolhem a região para fixar endereço. Foi assim com o ex-modelo Sean Gabriel Souza, afilhado do costureiro Valentino. Ele trocou as passarelas para passar um tempo na Chapada dos Veadeiros, à procura de autoconhecimento e para se dedicar a projetos de permacultura, termo usado para se referir à criação de ambientes humanos sustentáveis.

Cachoeira Ave Maria, queda de 125 metros que só pode ser vista do alto de um mirante, já no retorno para Cavalcante. Sua base é quase inexplorada, devido ao difícil acesso - Eduardo Vessoni/UOL - Eduardo Vessoni/UOL
Cachoeira Ave Maria, queda de 125 metros que só pode ser vista do alto de um mirante
Imagem: Eduardo Vessoni/UOL

A baladeira e mística Alto Paraíso 
Localizada a 280 km de Brasília, Alto Paraíso é o lado mais popular da região. Esse destino com quase 7 mil habitantes é o mais baladeiro de todos (ainda que a lei local exija silêncio após a meia-noite) e, como costumam dizer, funciona mais à noite do que de dia.

Mas quem conseguir ficar acordado durante o dia será recepcionado com atrações únicas dessa região, conhecida como o “berço das águas”, por abrigar as nascentes de grandes bacias hidrográficas da América do Sul.

A bem estruturada Cachoeira dos Cristais (www.cachoeiradoscristais.blogspot.com.br) é uma sequência de quedas d'água que podem ser visitadas, de forma independente, por uma trilha de 800 metros - destaque para a Véu da Noiva, a sétima e última cachoeira, que tem acesso difícil. Outro clássico da região são as cachoeiras Almécegas 1 e 2 (www.pousadasaobento.com.br), localizadas na Fazenda São Bento. A primeira tem uma cenográfica queda de 50 metros que deságua na boca de um cânion e a segunda possui diversas quedas que formam piscinas naturais de fácil acesso.

Para subir o nível da adrenalina (o que não é difícil naquelas altas terras do Planalto Central), não deixe de fazer a tirolesa 'Voo do Gavião' (www.travessia.tur.br), uma das maiores do Brasil, com 850 metros de extensão e uma queda de quase um minuto e meio sobre as florestas de cerrado da Chapada dos Veadeiros.

O principal cartão postal de Alto Paraíso, porém, é o seu lado místico e sua ligação com temas relacionados a alienígenas ou outras forças vindas de dimensões desconhecidas. O portal em forma de nave espacial, em plena entrada da cidade, já adianta o que o visitante deve encontrar por ali.

Na lista das atrações cósmicas e alternativas do destino, destaca-se a Gota Sat Som (www.gotasatsom.blogspot.com.br), uma construção em forma de gota que abriga encontros de vivência e meditação com harmonização do som; o herbário Tom das Ervas (tel.: 62 3446-1588), com medicamentos naturais feitos com plantas do cerrado; e o Jardim de Maitreya, uma cenográfica vereda de buritis, às margens da estrada que liga São Jorge e Alto Paraíso, onde acreditavam que Cristo desembarcaria na virada do milênio.

Na hora de comer na hiperinflacionada Alto Paraíso, uma boa alternativa é o buffet doTapindaré (www.hoteltapindare.com), restaurante gerenciado por um grupo de 12 famílias do Amazonas que, há 20 anos, foi atraído pela espiritualidade da região. No cardápio, pratos vegetarianos são maioria nos fogões vintage que servem de apoio, ao lado de outras opções como tilápia a pururuca, tambaqui na brasa e o famoso suco “Segredos da Mata”, feito com limão e sete ervas amazônicas.

Considerada uma das maiores do Brasil, a tirolesa ?Voo do Gavião? tem 850 metros de extensão e passa sobre a Chapada dos Veadeiros  - Ion David/Divulgação - Ion David/Divulgação
A tirolesa "Voo do Gavião" tem 850m de extensão e passa sobre a Chapada dos Veadeiros
Imagem: Ion David/Divulgação

São Jorge pé na areia 
A notícia que corria pelas ruas desse povoado, durante a visita do UOL Viagem, em maio de 2015, é que suas tradicionais vias de areia serão asfaltadas nos próximos meses. Mas seu charme continua sendo o cenário rústico de ruas estreitas e sem iluminação pública.

São Jorge, a 38 km de Alto Paraíso, é a versão mais alternativa de toda a região. Porta de entrada para o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros e com apenas 500 habitantes, é considerada a “Búzios do Cerrado”, sobretudo aquela Búzios dos anos 70 e da Brigitte Bardot.

É desse setor mais selvagem da Chapada que partem alguns dos passeios mais impactantes (e difíceis) da região. Entre eles, as trilhas "da Janela" e "do Abismo", um roteiro de exigentes 8km por íngremes caminhos de pedras que dão acesso ao mirante natural, em forma de janela, com vista para os saltos 1 e 2 do Rio Preto - cachoeiras com 120m e 80m de altura, respectivamente - e a piscina de borda infinita com vista para a Serra de Santana, na “Trilha do Abismo”.

Entre os clássicos de São Jorge, destaque para o Vale da Lua, uma das atrações naturais mais populares da região. Aquele cenário de desenhos lunares pode ser conhecido em uma trilha de 1km de extensão, com rochas esculpidas pela ação das águas do rio São Miguel e que formam piscinas naturais. Cancele o passeio em dias de chuva, quando o terreno fica escorregadio e trombas d'água são comuns.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros abriga uma área de mais de 65 mil hectares de cerrado de altitude e é conhecido por suas diversas cachoeiras e rochas de mais de um bilhão de anos de formação.

O local tem como atrativos as trilhas dos Cânions e Carioquinha, caminhada de 9km com acesso à cachoeira das Cariocas e ao Cânion 2, um poço de águas profundas e transparentes; e a exigente Trilha dos Saltos do Rio Preto, com 9km de caminhada em terreno acidentado e acesso a antigos garimpos de cristal de quartzo, campos rupestres e o Mirante do Salto, com vista para essas quedas d'água de 120m e 80m de altura.

Seja qual for sua pegada na Chapada, a risoteria Santo Cerrado (www.santocerradorisoteria.blogspot.com.br) é parada obrigatória. Aberta em 2012 por um ex-advogado de Brasília, a casa envidraçada é decorada com objetos de demolição e possui cardápio caprichado, com produtos do cerrado como os drinques com mangaba, cagaita e cajuzinho do cerrado, e risotos como o “Goiano do pé rachado”, com frango, pequi e bacon, e o “Sensação do Cerrado”, que leva frango, manga, gengibre, gergelim e chutney de pequi com damasco.

Vista da trilha de acesso à Cachoeira Capivara, em Cavalcante, um dos municípios que fazem parte da região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás - Eduardo Vessoni/UOL - Eduardo Vessoni/UOL
Vista da trilha de acesso à Cachoeira Capivara, em Cavalcante
Imagem: Eduardo Vessoni/UOL

Cavalcante das famílias e casais 
A 90 km de Alto Paraíso, o destino é conhecido pelas atrações voltadas para casais e famílias e vive mais o dia do que a noite. Nada de OVNIs, ETs ou terapias com florais. Cavalcante é pé no chão mesmo, o “alternativo selvagem e o lado mais intocado da Chapada”, como define o guia Rodrigo Neves.

A região, conhecida por abrigar a comunidade quilombola Kalunga e a maior parte do território da Chapada dos Veadeiros - 60% fica ali, tem o maior número de atrativos exclusivos e mais vazios.

Uma das cachoeiras mais impressionantes da Chapada fica por ali: a famosa Santa Bárbara, uma queda d'água de 28m sobre um poço de até 3m de profundidade - e águas de tons exageradamente esverdeados.

Localizada no Engenho 2, onde os guias devem ser contratados, a atração está a 5km desse povoado quilombola. O percurso pode ser feito em carros 4x4 pelos quatro primeiros quilômetros e mais 1km a pé por caminhos que cortam extensas áreas de cerrado do tipo campo sujo, caracterizado pela abundância de arbustos.

A região abriga também a Cachoeira Capivara, quedas d'água que se encontram na boca de um cânion, formando piscinas naturais para banho, a 22 km do centro de Cavalcante; e a Cachoeira Ave Maria, cuja queda de 125m só pode ser vista do alto de um mirante, já no retorno para Cavalcante. Sua base é quase inexplorada, devido ao difícil acesso. Todas essas opções podem ser vistas no mesmo dia e têm acesso com dificuldade moderada.

Antiga comunidade quilombola de negros provenientes do Benim, na África ocidental, o Engenho 2 é ponto de partida para as cachoeiras de Cavalcante, em que a própria comunidade realiza os serviços turísticos, e o autêntico restaurante Nega Kalunga, com sementes endêmicas de arroz e feijão cultivadas no fundo da casa. Peixe, galinha caipira e outros pratos são servidos no buffet simples do estabelecimento.

Embora guarde pouco da época em que negros escravos saíram da Bahia para se refugiar nas terras acidentadas de Goiás, no século 18, os Kalunga são considerados a maior comunidade quilombola do Brasil.

* O jornalista viajou à Chapada dos Veadeiros com o apoio da Goiás Turismo

SERVIÇO

Site oficial do turismo de Goiás
www.goiasturismo.go.gov.br

Site da Chapada dos Veadeiros
www.veadeirosoficial.com.br

ONDE FICAR

Pousada Recanto da Grande Paz (Alto Paraiso)
Os amplos chalés e apartamentos são os destaques dessa pousada bem arborizada e longe do agito do centro da cidade. O jardim central costuma receber a visita de tucanos, pela manhã.
www.recantodagrandepaz.com.br

Casa Rosa (Alto Paraiso)
Localizada em uma chácara de 15 mil m², essa pousada conta com opções de hospedagem para até 5 pessoas por unidade. Destaque para os simpáticos donos de origem oriental que circulam entre as mesas, no café da manhã.
www.pousadacasarosa.com.br

Fazenda São Bento (Alto Paraiso)
Localizada em uma área de mil hectares, essa pousada histórica da primeira metade do século 19 abriga algumas das trilhas mais populares da região e a emocionante tirolesa “Voo do Gavião”. Mas o destaque do hotel-fazenda é a sequência de guloseimas que saem da cozinha e do fogão a lenha, no café da manhã.
Rodovia GO 239, km 8. www.pousadasaobento.com.br

Pousada Aldeia Cayana (Cavalcante)
Na área rural de Cavalcante, essa pousada arborizada tem dez chalés rústicos e bem equipados, cuja principal atração é a trilha curta de acesso à praia de rio, localizada nos fundos da propriedade.
Tel.: (61) 9986-8806

QUEM LEVA

CAT
O Centro de Atendimento ao Turista é o local ideal para fazer a contratação dos guias, em Alto Paraíso.
Av. Ari Ribeiro Valadão Filho (Praça Do Artesão)
Tel.: (62) 3446-1159

Travessia
www.travessia.tur.br

Zaltana
www.zaltanaecotur.com.br